O que é Adiamento?
O adiamento é uma estratégia de parar de fumar dentro da parada gradual. No lugar de simplesmente reduzir os cigarros diários, a técnica consiste em adiar o primeiro cigarro do dia. Assim, quanto mais tempo o fumante demora para começar a fumar, menos ele fumará durante o dia. O ideal é adiar uma hora por dia, até que não se fume nenhum cigarro.
Como nas técnicas de parada gradual, o indicado pelos especialistas é que o adiamento dure no máximo duas semanas.
Para quem é o adiamento é indicado
O adiamento, assim como a parada gradual comum, é bem indicado para fumantes que se sentem muito ansiosos com a parada e acham que não conseguirão parar abruptamente. Também é bem indicada para quem tem sintomas da síndrome de abstinência muito intensos. No geral, a parada gradual dá mais confiança, pois ao ficar maiores períodos de tempo sem fumar ou diminuir o número de cigarros, o fumante se sente mais certo de que conseguirá.
Vale ressaltar que pessoas que estão altamente motivadas a parar de fumar ou que nunca tentaram deixar o cigarro antes devem tentar diretamente a parada abrupta.
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Considerações
Vantagens e desvantagens do adiamento
As vantagens desse tipo de parada estão na maior motivação que ela traz ao fumante: ele se sente vitorioso a cada cigarro a menos que fuma em seu dia e por ficar maiores períodos sem fumar.
Além disso, o primeiro cigarro do dia muitas vezes é o mais difícil de tirar, pois ao acordar a pessoa já ficou um longo período sem cigarro, o que faz com que sua crise de abstinência seja ainda maior. Quando ele consegue adiar esse cigarro, retirar os outros se torna muito mais fácil e o fumante fica mais confiante em parar. Ao adiar o primeiro cigarro a pessoa já está elaborando estratégias de como lidar com estes sintomas, criando estratégias para ficar sem o cigarro apesar da vontade.
O lado negativo da parada gradual é que o fumante estará ainda em contato com os objetos ligados ao fumo, como os cinzeiros e o isqueiro, além do cheiro do cigarro continuar presente nos ambientes e em suas roupas, o que pode atrapalhar, fazendo com que ele adie a decisão de parar. Além disso, a crise de abstinência fica mais longa, já que ainda haverá exposição diária à nicotina, mesmo que menor. Por fim, por mais que a quantidade de cigarro seja reduzida, ele continuará fazendo mal à saúde, ou seja, o paciente é exposto a esses prejuízos por mais tempo, do que se ele tivesse parado de uma vez.
Resultados esperados
Em geral, a parada abrupta é mais recomendada pelos especialistas do que a parada gradual, mas as evidências científicas se dividem sobre o potencial de cada um deles em ajudar parar de fumar.
Inclusive, uma revisão de estudos realizada pela Biblioteca Cochrane, que reuniu 10 pesquisas com 3760 participantes no total, mostrou que ambos os métodos (parada gradual e gradual) tem resultados parecidos ao ajudar os fumantes a pararem, mesmo quando acompanhados de terapia de reposição de nicotina, suporte comportamental ou suporte de autoajuda.
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No geral, porém, que já tentou essa técnica anteriormente e acabou por adiar a decisão de largar o cigarro, talvez possa tentar a parada abrupta como alternativa.
Tratamentos aliados
Terapia de reposição de nicotina A reposição de nicotina não é indicada enquanto o paciente ainda fuma. Mas pode ser uma aliada depois que o paciente conseguir zerar seus cigarros. O ideal é que o fumante consulte um médico, que orientará se ele precisa desse tipo de método e como ele pode usá-lo com a técnica de parada.
Quem pode orientar
O ideal é sempre tentar parar de fumar sob a orientação de um especialista médico nessa, que certamente irá ajudá-lo a escolher os melhores tratamentos, inclusive realizando uma intervenção medicamentosa se necessário. Além disso, comorbidades clínica ou psiquiátricas podem representar fator de risco para recaída, e com o acompanhamento médico estas serão tratadas imediatamente.
Como funciona o adiamento?
A parada gradual consiste na redução pouco a pouco dos cigarros. Já o adiamento determina que a redução ocorra através do atraso do primeiro cigarro do dia. Ou seja, a cada dia o fumante tentará fumar seu primeiro cigarro cada vez mais tarde. O mais indicado é adiar duas horas ao dia. Por exemplo, se ela fumava o primeiro cigarro às 09h, no primeiro dia irá fumar as 11h, no terceiro às 13h, no quarto as 15h, no quinto as 17h, no sexto às 19h e no sétimo será o primeiro dia sem fumar nenhum cigarro.
Dessa forma, a técnica dura normalmente uma semana, se for seguida à risca. Porém, caso o fumante não consiga, o ideal é que o processo não dure mais de duas semanas, pois um período mais longo do que esse não motiva uma mudança e pode fazer com que o paciente desista ou fique protelando a parada. Então é importante planejar qual será o dia que não fumará mais.
Referências
Psicóloga Ana Carolina Schmidt de Oliveira (CRP 06/99198), especialista em Dependência Química e profissional do Vida Mental Serviços Médicos
Psicóloga Sabrina Presman, especialista em tabagismo da Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas (ABEAD)
Livro "Tabagismo: Doença que tem tratamento" (Editora ArtMed), organizado pelo pneumologista Luiz Carlos Côrrea da Silva