Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Marcus Borba é especialista em Cirurgia de cabeça e...
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O que é Traqueostomia?
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que consiste em fazer uma abertura na parede da traqueia a fim de facilitar a entrada de oxigênio quando o ar está obstruído. Nessa abertura, é inserido um tubo de metal ou de plástico, chamado cânula de traqueostomia, que pode ou não estar ligado a uma máquina de oxigênio.
O procedimento pode ser necessário em casos de pacientes com tumor na garganta, que causa dificuldade para respirar, em alguns tipos de cirurgias de cabeça e pescoço e em situações de emergência. Entenda mais, a seguir, sobre o que é traqueostomia, quando é indicada, se é reversível ou definitiva e os principais cuidados.
Para que serve a traqueostomia?
A traqueostomia serve para desobstruir as vias aéreas em pacientes com dificuldade para respirar. Normalmente, o procedimento é indicado nos seguintes casos:
- Tumor na laringe
- Cirurgias extensas na boca e garganta
- Após muitos dias com um tubo na traqueia na unidade de terapia intensiva (UTI)
- Após traumas na face muito violentos com fraturas múltiplas
- Após parada respiratória ou cardíaca
- Insuficiência respiratória grave
- Infecção grave por COVID-19 (utilização de ventilação mecânica)
- Reações anafiláticas
A traqueostomia serve, também, para contribuir na retirada de secreções que se alojam no pulmão, mantendo a ventilação mecânica por um longo período e substituindo a utilização de tubos que seriam inseridos dentro da traqueia. Dessa forma, o procedimento possibilita maior segurança aos pacientes, protegendo-os de aspirações e engasgos.
Considerações
Traqueostomia é reversível?
Em alguns casos, a traqueostomia é reversível, ou seja, é temporária. No entanto, em outras situações, quando o paciente necessita de ventilação permanente, pode ser definitiva. Tudo depende da durabilidade, das condições da pele que está em torno da incisão (corte) e das condições físicas da pessoa. Assim que o paciente retorna a respirar normalmente e saudavelmente, a cânula é retirada.
Quando a traqueostomia não é mais necessária, é feita a decanulação, que consiste em trocar as cânulas por uma menor, sucessivas vezes, até que o paciente consiga ficar sem nenhum tubo e o orifício onde foi feito o corte feche normalmente. O tempo de recuperação desta retirada pode levar de 5 a 30 dias e a fala se normaliza dias após a retirada da cânula.
Caso haja alguma dificuldade ao se retirar a cânula, como, por exemplo, obstrução da via respiratória acima da traqueia, deslocamento da parede da traqueia, edema na mucosa, intolerância ao aumento do ar, entre outras complicações, a traqueostomia deve ser mantida até que o problema se solucione. Em alguns casos raros, pode se tornar uma traqueostomia definitiva.
Leia mais: Qual o tempo de recuperação após a realização de uma traqueostomia?
Traqueostomia de emergência
A traqueostomia de emergência, também chamada de cricotireoidostomia, é um procedimento feito de maneira rápida para abrir as vias aéreas e facilitar a oxigenação em uma situação específica de obstrução na passagem entre a boca, o nariz, as vias aéreas e o pulmão. É bastante comum em casos de traumas e acidentes.
Traqueostomia é perigosa? Saiba quais são os riscos
De modo geral, a traqueostomia não é perigosa, mas como qualquer cirurgia, tem riscos. Algumas vezes, em pacientes cuja saúde está muito debilitada ou em casos que é necessário que o procedimento seja feito com urgência, podem ocorrer alguns incidentes como, por exemplo, sangramentos, obstrução da cânula por alguma secreção, infecção, lesão do esôfago, fístulas, edema na região, problemas ao deglutir alimentos ou na cicatrização.
Além disso, as complicações da traqueostomia estão relacionadas a infecção pulmonar e asfixia, que podem acontecer caso a rotina de cuidados pós-procedimento não seja seguida de maneira rigorosa. Por isso, é importante manter uma rotina de cuidados com a traqueostomia.
Cuidados após a traqueostomia
Como todo procedimento cirúrgico, a traqueostomia exige alguns cuidados especiais, que podem ser realizados pelo paciente ou por seu cuidador. Dentre eles, está a aspiração do tubo para que ele fique livre de secreções, afastando possíveis infecções. Por isso, ao pensar em traqueostomia, cuidados de enfermagem são necessários, como:
- Lavar sempre as mãos e embaixo das unhas antes e depois de realizar a manutenção da traqueostomia;
- Secar as mãos com um pano limpo ou papel-toalha, ou ainda usando álcool e deixar secá-las naturalmente;
- Aplicar corretamente o soro dentro da cânula ou nebulizações, para, assim, o paciente expulsar as secreções, evitando que se bloqueie a passagem de ar;
- Após remover o cateter da cânula, sempre lavá-lo com água limpa para retirar secreções que podem estar acumuladas;
- Trocar os curativos que ficam ao redor da traqueostomia pelo menos 2 vezes por dia;
- No caso de o paciente necessitar passar muito tempo fora de casa, tampar o tubo para evitar que sujeiras ou secreções obstruem-no;
- Evitar nadar durante a traqueostomia, pois, caso entre água no tubo, pode provocar engasgos, infecções bacterianas ou morte por engasgamento. O mesmo serve para quando for tomar banho.
Saiba mais: Quais os cuidados necessários após a traqueostomia?
Como é feita a traqueostomia?
A traqueostomia é um procedimento feito, geralmente, em um centro cirúrgico, sob anestesia geral, mas, em algumas situações, pode ser realizado sob anestesia local.
- O cirurgião limpa a região onde será realizado o procedimento
- Faz um corte na traqueia para expor os anéis de cartilagem presentes nesta região
- Depois corta entre dois desses anéis e insere a cânula, de forma que a traqueia e o meio externo se comuniquem
- Feito isso, são conectados os aparelhos de respiração artificial na ponta da cânula, que possui uma borda para evitar que ocorram vazamentos
Referências
A.C. Camargo Cancer Center - Traqueostomia: orientação para pacientes
Instituto Nacional de Câncer - Traqueostomias: orientações aos pacientes