Médico neurologista graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com mestrado em Neurologia p...
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O que é Morte cerebral?
A morte cerebral, também chamada de morte encefálica, ocorre quando não há mais nenhum tipo de atividade cerebral. Isso acontece quando as funções exercidas pelo cérebro, como o fluxo de pensamentos, são interrompidas de maneira irreversível.
No ponto de vista legal, esta é a principal definição de morte, pois classifica o fim da vida mesmo que o coração ou pulmões consigam ser mantidos funcionando por aparelhos ou medicamentos.
No entanto, mesmo com o cérebro não mais funcionando, a medula pode ainda executar algumas funções, operando o chamado sistema nervoso autônomo, que funciona de forma inconsciente. Então, o corpo ainda pode ter alguns poucos reflexos e o funcionamento de alguns órgãos.
Causas
Normalmente, as mortes cerebrais evoluem de estados de coma profundo, causados por condições agudas como:
- Acidentes vasculares cerebrais (AVC)
- Traumatismos cranianos (que podem ser decorrentes de acidentes)
- Tumores cerebrais
- Infecções, como a meningoencefalite
- Coma alcoólico
- Infarto
- Hemorragia cerebral
Diagnóstico
Como a morte cerebral é determinada?
A suspeita de morte cerebral ocorre quando o paciente entra em um estado de coma, não conseguindo reagir de forma alguma a estímulos externos e nem aparenta percebê-los.
O diagnóstico da morte cerebral deve ser feito seguindo uma lista de critérios determinado pela Academia Brasileira de Neurologia e baseada em protocolos internacionais.
Primeiramente, é preciso que o médico exclua fatores que podem estar tornando a atividade cerebral imperceptível. São eles:
- Hipotermia: quando a temperatura corporal está abaixo de 34 ºC, o corpo reduz a atividade cerebral como forma de proteção
- Presença de distúrbios metabólicos: existem doenças que também podem reduzir a atividade do cérebro quando não revertidas
- Uso de drogas sedativas: anestésicos e alguns tipos de medicamentos como os barbitúricos também podem levar à queda da atividade cerebral.
Eliminadas estas hipóteses, o médico faz um exame clínico que inclui os seguintes testes:
- Reflexo da pupila: com auxílio de uma lanterna, o médico percebe se o paciente reage à luz
- Reflexo da córnea: ao encostar um tecido na córnea do paciente, o especialista repara se ele reage ou pisca
- Teste oculomotor: mantendo os olhos do paciente abertos, ele movimenta sua cabeça observando se há algum movimento dos olhos
- Teste calórico: injeta-se uma pequena quantidade de soro fisiológico gelado no ouvido do paciente, para ver se ele tem algum movimento ocular na direção deste estímulo
- Estímulo doloroso: o médico bate na testa, na articulação da mandíbula ou nas unhas do paciente, esperando alguma reação de dor
- Reflexo de tosse: a traqueia é aspirada, percebendo se o paciente tosse involuntariamente com esta ação
- Teste de apneia: o ventilador que mantém o paciente respirando é desligado por 10 minutos e os especialistas medem alguns parâmetros, como a taxa de gás carbônico no sangue, que indicam se ele está respirando sozinho
Caso o paciente não reaja a nenhum destes testes, ainda é preciso comprovar a inatividade cerebral com ao menos um destes exames:
- Eletroencefalograma: que avalia os impulsos elétricos do cérebro
- Doppler transcraniano: capaz de observar a pulsão de sangue pelas artérias
- Arteriografia digital: em que mostra as artérias do cérebro.
O diagnóstico precisa ser feito por dois médicos diferentes, que não precisam ser necessariamente neurologistas, em um intervalo de tempo que varia de seis a 24 horas, ou até 48 horas no caso de crianças.
Qual a diferença entre morte cerebral e coma?
O coma pode evoluir para uma morte cerebral, mas eles são quadros totalmente diferentes. Um coma é qualquer quadro em que há rebaixamento da consciência, mesmo que ela seja intercalada com períodos de despertar do paciente (o chamado coma superficial).
Já no coma profundo, o paciente fica por mais longos períodos em rebaixamento da consciência, mas ainda há atividade cerebral e ele pode até mesmo perceber estímulos ao seu redor.
Na morte encefálica o cérebro já não tem mais nenhuma atividade.
Perguntas frequentes
O que acontece quando a morte cerebral é oficializada?
A morte cerebral é considerada um quadro oficial de morte, em que não há mais chances do cérebro retomar suas atividades e a pessoa voltar à vida. Portanto, depois que o fato é comunicado à família, os parentes sinalizam se a pessoa quer ser ou não doadora de órgãos e as máquinas são desligadas.
Quando as máquinas são desligadas?
O desligamento das máquinas é feito depois de a família ser comunicada. Caso o paciente seja doador de órgãos, as máquinas são ainda mantidas ligadas o tempo o suficiente para remoção dos órgãos doados.