Oncologista do Centro de Oncologia CASSEMS. Atua em marcadores tumorais alterados, tratamento do câncer de mama, câncer...
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Graduada em Medicina pela Universidade de São Paulo – USP em 1978. Possui doutorado em Pneumologia pela Universidad...
iO que é Câncer de pulmão?
O câncer de pulmão é um dos tumores malignos mais comuns no mundo, tanto entre os homens quanto entre as mulheres. É caracterizado pelo crescimento desordenado de células malignas no pulmão, levando à tosse persistente, sendo relacionado ao tabagismo, na maioria dos casos.
De acordo com as estatísticas de 2020, o câncer no pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres no Brasil, sem contar o câncer de pele não melanoma. É o tumor que mais mata homens e o segundo mais fatal em mulheres.
A seguir, entenda com mais detalhes o que é câncer de pulmão, seus principais sintomas, causas, opções de tratamento e se tem chances de cura.
Causas
A principal causa do câncer de pulmão é o tabagismo, responsável por cerca de 85% de todos os casos do tumor. O risco pode variar de acordo com o período em que o paciente foi fumante e a quantidade de cigarros fumados. As chances de desenvolver a doença diminuem nas pessoas que param de fumar, mas seguem sendo maiores entre ex-fumantes. No entanto, cerca de 15% a 20% das pessoas que desenvolvem câncer pulmonar não eram fumantes.
Outros fatores de risco para esse tipo de tumor incluem:
- Mutações genéticas
- Histórico familiar
- Poluição do ar
- Fumo passivo
- Exposição a carcinógenos, como amianto, radiação, radônio, arsênico, níquel, cromatos, gás mostarda, entre outros
- Doenças pulmonares, como tuberculose e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Tipos
O câncer de pulmão pode ser dividido em:
- Câncer de pulmão primário: quando o tumor se origina das células pulmonares
- Câncer de pulmão metastático: quando o câncer chegou ao pulmão a partir de outras partes do corpo (sendo mais comum ter se espalhado de: mamas, cólon, próstata, rins, glândula tireoide, estômago, entre outros).
Os principais tipos de câncer de pulmão primário são:
Câncer de pulmão de células não pequenas
O câncer de pulmão de células não pequenas é o mais comum entre os tipos de câncer de pulmão, respondendo por 85% a 90% dos casos da doença. Geralmente, esse tumor cresce e se espalha mais lentamente do que os demais tipos e pode ser encontrado em qualquer lugar do pulmão, desde a traqueia até a periferia do órgão. Por isso, pode ser mais difícil de tratar.
Câncer de pulmão de células pequenas
O câncer de pulmão de células pequenas é o tumor que se espalha de forma mais rápida em relação aos outros tipos. É a forma mais agressiva, representando cerca de 15% de todos os casos de câncer no pulmão, sendo mais comum em homens. Normalmente, se inicia nos brônquios e possui alto potencial para criar metástases (se espalhar) em outras partes do corpo, como cérebro, fígado e osso.
Saiba mais: Novo medicamento para câncer de pulmão impede de forma irreversível a multiplicação de células cancerígenas
Sintomas
Os sintomas de câncer de pulmão, inicialmente, podem ser confundidos com doenças respiratórias, como gripes e resfriados. Além disso, é comum o paciente não apresentar sintomas nos estágios iniciais da doença. Por isso, o hábito de realizar exames de rotina é muito importante para diagnosticar o tumor precocemente. Os principais sinais são:
- Tosse persistente
- Tosse com sangue
- Falta de ar
- Chiado no pulmão
- Rouquidão
- Dor no peito
- Fadiga
- Perda de peso sem motivo aparente
- Perda de apetite.
Diagnóstico
Dificilmente o câncer pulmonar é diagnosticado em fase inicial, justamente pela ausência de sintomas. Dessa forma, o tumor geralmente é diagnosticado em estágio avançado ou quando já está espalhado para outros lugares.
Exames de imagem periódicos podem auxiliar no diagnóstico precoce, aumentando as chances de cura. Entre os procedimentos mais comuns para detectar câncer de pulmão, estão:
- Raio X: a radiografia do tórax pode auxiliar na avaliação inicial, sendo capaz de detectar a maioria dos tumores pulmonares
- Tomografia computadorizada: caso haja suspeita de alguma anormalidade no exame de raio X, a tomografia do tórax pode ser feita em seguida. O exame fornecerá informações detalhadas sobre os pulmões
- Tomografia por emissão de pósitrons (PET) e PET-TC: a técnica avalia pessoas com suspeita de câncer e serve para identificar se há metástase do câncer
- Broncoscopia: exame para obter uma amostra do tecido (biópsia) diretamente do tumor, para examinar microscópicamente a área possivelmente cancerosa e, assim, confirmar o diagnóstico.
Saiba mais: Como diagnosticar e cuidar do câncer do pulmão?
Buscando ajuda médica
O surgimento dos sintomas de câncer de pulmão deve servir como um alerta para a procura de ajuda médica, principalmente se houver conexão com algum dos fatores de risco para a doença. Mudanças características da tosse, como aumento da frequência e produção de catarro, são indicativas para procurar um médico. As especialidades que podem diagnosticar o tumor são:
- Pneumologista
- Oncologista.
Tratamento
Os médicos podem usar diferentes tratamentos para câncer de pulmão. Os mais comuns incluem:
- Cirurgia
- Radioterapia
- Quimioterapia
- Terapias direcionadas
A cirurgia é considerada o tratamento de maior chance de controle e cura da doença, que pode ser combinada ou não com quimioterapia e radioterapia. A decisão de combinação ou não vai depender do tipo, gravidade e localização do câncer, além da sua extensão e da saúde geral da pessoa.
A radioterapia com intenção curativa, associada ou não à quimioterapia, é uma opção para pacientes que não podem ser operados por questões técnicas, como a localização do tumor, ou questões clínicas, como a saúde do paciente.
O câncer de pulmão de células não pequenas pode ser tratado com cirurgia, ao passo que o câncer de pulmão de células pequenas responde melhor à quimioterapia e à radioterapia. Nos casos em que a doença é metastática, a quimioterapia pode ser realizada para aumentar a média de sobrevida em relação ao tratamento de suporte, assim como a qualidade de vida.
Tem cura?
O câncer de pulmão tem cura, mas as chances são maiores se detectado precocemente, nos estágios iniciais. De acordo com dados do National Cancer Institute: Surveillance, Epidemiology and End Results Program (SEER), de 2022, quando o câncer ainda está localizado, ou seja, não houve metástase, a chance de sobrevida de cinco ou mais anos é de 55,2%. Se o tumor apresentou metástase para outros órgãos, as chances diminuem para 7%.
Prevenção
Evitar os fatores de risco e aumentar os fatores de proteção pode ajudar a prevenir o câncer de pulmão. As principais orientações são:
- Parar de fumar: o tabagismo é o fator de risco mais importante para o câncer de pulmão
- Evitar o fumo passivo: ficar exposto à fumaça do tabaco também é um fator de risco. O fumo passivo acontece quando uma pessoa inala a fumaça de um fumante com frequência, ficando exposta aos mesmos agentes causadores de câncer, embora em quantidade menores
- Uso de suplementos de betacaroteno: essa é uma opção para pessoas que fumam querem reduzir o risco de desenvolver câncer. No entanto, a suplementação não substitui a cessação do tabagismo, devendo ser utilizada somente com acompanhamento médico e associada a outros tratamentos para largar o vício
- Evitar a exposição a agentes químicos ou metais pesados.
Leia mais: Cigarro favorece câncer de pulmão, de mama e outros cinco tipos
Convivendo (Prognóstico)
O prognóstico de câncer no pulmão varia de acordo com o estágio em que ele foi diagnosticado. Os sobreviventes devem fazer exames completos periodicamente, incluindo radiografias e tomografias, para verificar a reincidência do tumor. Doenças complexas como o câncer de pulmão exigem o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Médicos, fisioterapeutas, cirurgiões-dentistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais fazem parte desta equipe.
Seguir suas orientações e utilizar corretamente os tratamentos de suporte prescritos são fundamentais para o êxito na terapêutica oncológica. Além disso, manter uma alimentação equilibrada, ingestão de água adequada e atividade física, assim como uma atitude proativa e otimista ao longo do caminho, são fundamentais durante e após o tratamento.
Complicações possíveis
As complicações do câncer de pulmão decorrem do tamanho, do local da lesão e, eventualmente, de substâncias produzidas pelo tumor e liberadas na corrente sanguínea. O seu crescimento pode causar complicações por invasão, obstrução ou compressão de estruturas respiratórias, vasculares ou nervosas. Há sempre o potencial de hemorragia e sintomas podem ocorrer em decorrência de elementos secretados pelo tumor ou dos locais das metástases.
Se o câncer de pulmão avançar pelo órgão, pode surgir um líquido na cavidade pleural, ocupando o pulmão inteiro e causando uma insuficiência respiratória. Se avançar para cima do coração, pode diminuir a funcionalidade do órgão, bem como causar insuficiência hepática se atacar o fígado. O tumor também pode avançar para o sistema nervoso central ou coluna, podendo causar paralisia, lesões e deficiência de movimento.
Referências
- Junia Thirzah Gehrke, oncologista do Centro de Oncologia CASSEMS, em Dourados, Mato Grosso do Sul (CRM 7986-MS)
- Teresa Yae Takagaki, pneumologista da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (CRM 34214-SP)
- Instituto Nacional do Câncer
- Ministério da Saúde
- Organização Mundial de Saúde
- National Cancer Institute. SEER Stat Fact Sheets: Lung and Bronchus Cancer, disponível em: http://seer.cancer.gov/statfacts/html/lungb.html