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Oncologista do Centro de Oncologia CASSEMS. Atua em marcadores tumorais alterados, tratamento do câncer de mama, câncer...
iO que é Câncer de pulmão metastático?
O câncer de pulmão metastático é um tumor que surge como uma metástase de outro câncer. As células cancerosas se destacam do tumor original e viajam através da circulação sanguínea ou linfática, formando novos tumores. Esse processo é conhecido como metástase.
Causas
O câncer de pulmão metastático ocorre quando um câncer inicial, em outra parte do corpo, dissemina suas células para a corrente sanguínea e essas chegam ao pulmão. Segundo Lívia Bissoli, pneumologista e membro da Comissão de Câncer de Pulmão da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), as células cancerígenas podem se espalhar pelas seguintes vias:
- Via hematogênica: nesse caso, as células cancerígenas alcançam a corrente sanguínea e se instalam nos pulmões
- Via corrente linfática: a metástase ocorre nos linfonodos regionais, ou seja, nos locais próximos ao tumor primário
- Por invasão direta: o tumor primário invade um órgão vizinho pelo seu próprio crescimento.
A especialista ainda acrescenta as principais neoplasias que provocam metástases pulmonares, sendo elas:
- Câncer de mama
- Câncer primário de pulmão
- Câncer colorretal
- Câncer de cabeça e pescoço
- Câncer de rim
- Câncer testicular
- Câncer de útero
- Linfomas.
No entanto, quase qualquer câncer tem a capacidade de se disseminar pelos pulmões.
Sintomas
A maioria dos sintomas de câncer de pulmão metastático demora para se manifestar. Quando o paciente nota algum desconforto, em muitos casos o tumor já se disseminou e pode ter metástase. Os principais sintomas são:
- Tosse
- Dor no peito
- Rouquidão
- Perda de apetite
- Falta de ar
- Perda de peso não-intencional
- Fadiga
- Tosse com expectoração de mucosa
- Tosse com sangue
- Infecções recorrentes.
Diagnóstico
Em alguns pacientes que não apresentam sinais e sintomas, o câncer de pulmão metastático pode ser detectado por meio de radiografia de tórax ou tomografia computadorizada. No entanto, a maioria das pessoas com câncer de pulmão é diagnosticado quando o tumor cresce ou começa a interferir em outros órgãos e/ou tecidos.
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Há diversos exames importantes a serem avaliados para o câncer de pulmão com metástase, tanto no momento do diagnóstico quanto no acompanhamento, os principais são:
- Broncoscopia
- Cintilografia óssea
- Tomografia computadorizada do tórax
- Radiografia torácica
- Estudos citológicos de fluido pleural ou saliva
- Biópsia pulmonar com agulha
- Biópsia pulmonar cirúrgica.
Entre esses exames, destacam-se a tomografia computadorizada e a cintilografia óssea. Recentemente está sendo utilizada uma ferramenta importante em alguns casos, que é o exame chamado de tomografia por emissão de pósitrons (PET-TC). Este é um equipamento que une os recursos diagnósticos da Medicina Nuclear (PET) e da Radiologia (CT).
O equipamento sobrepõe as imagens metabólicas (PET) às imagens anatômicas (CT), produzindo assim um terceiro tipo de imagem. Pode auxiliar no diagnóstico precoce, avaliar a extensão da doença, a eficácia de um tratamento, assim como no planejamento da radioterapia. Em alguns casos, pode-se até evitar procedimentos invasivos.
Fatores de risco
Segundo Bissoli, o principal fator de risco para desenvolver uma metástase é ter um câncer que se originou em outro órgão. “O estágio do tumor primário e seu tratamento é que estabelecem a possibilidade da ocorrência de metástases”, explica a pneumologista.
Tumores encontrados em estágios iniciais são altamente curáveis e tratáveis.
Tratamento
As principais formas disponíveis de tratamento incluem cirurgia, radioterapia, quimioterapia e outros métodos paliativos. Elas podem ser utilizadas de forma individual ou de forma combinada, dependendo do tipo de tumor e nível de evolução. As opções de tratamento devem ser discutidas com a equipe médica que irá definir a melhor opção para cada organismo.
Nos casos em que a doença é metastática, a quimioterapia pode ser realizada para aumentar a média de sobrevida em relação ao tratamento de suporte, assim como a qualidade de vida.
Prevenção
A realização de exames primários possibilita um diagnóstico precoce de um câncer primário, de modo que, quanto mais cedo ele for identificado, menores são as chances de metástase no pulmão.
“Após o diagnóstico do tumor primário, a prevenção das metástases acontece baseada no tratamento oncológico, reduzindo as chances do câncer se espalhar”, finaliza Bissoli.
Complicações possíveis
As complicações possíveis decorrem do tamanho, local da lesão e eventualmente de substâncias produzidas pelo tumor e liberadas na corrente sanguínea. O seu crescimento pode ser afetado por invasão, obstrução ou compressão de estruturas respiratórias, vasculares ou nervosas. Há sempre o potencial de hemorragia e sintomas podem ocorrer em decorrência de elementos secretados pelo tumor ou dos locais das metástases.
Se o câncer de pulmão metastático, pode surgir um líquido na cavidade pleural, ocupando o pulmão inteiro e causando uma insuficiência respiratória. Se avançar para cima do coração, pode diminuir a funcionalidade deste, bem como causar insuficiência hepática se pegar o fígado. O câncer de pulmão também pode avançar para o sistema nervoso central ou coluna, podendo causar paralisia, lesões e deficiência de movimento.
De acordo com Lívia Bissoli, se não tratada, a metástase pode destruir os órgãos vizinhos. No caso das metástases pulmonares, é possível a ocorrência de:
- Pneumonia, especialmente quando as lesões são próximas das vias
- Obstrução das vias aéreas
- Sangramento das vias aéreas
- Derrame pleural maligno.
Cuidados durante o tratamento
Os cuidados dependem do tratamento proposto. De forma geral, Bissoli esclarece que os mais importantes são:
- Repousar e manter uma dieta equilibrada
- Evitar aglomerações e contato com pessoas doentes
- Não compartilhar objetos de uso pessoal
- Higienizar as mão frequentemente
- Cuidados com objetos cortantes
- Lavar bem os alimentos e não ingerir alimentos crus
- Manter exames atualizados, assim como o acompanhamento médico.
Referências
Artur Katz, oncologista e coordenador de oncologia clínica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês
Junia Thirzah Gehrke, oncologista do Instituto de Câncer de Brasília (CRM DF 20039)
USA National Cancer Institute
Organização Mundial de Saúde.
American Cancer Society
Lívia Bissoli, pneumologista e membro da Comissão de Câncer de Pulmão da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).