Nutricionista especialista em nutrição clínica e bariátrica da Clínica Gastro ABC.
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O que é Cogumelo juba de leão?
O cogumelo juba de leão, chamado cientificamente de Hericium erinaceus, é um cogumelo conhecido pela aparência distinta, com aspecto branco e desgrenhado, semelhante à juba de um leão. Ele é bastante usado na medicina tradicional oriental, com benefícios especialmente ao cérebro.
"Tradicionalmente, ele tem sido usado para o tratamento de problemas de memória, doenças gastrointestinais e melhora no desempenho cognitivo. Possui também grande potencial neuroprotetor e adaptogênico, além de antioxidante", explica Amanda Santos Lima, nutricionista especialista em nutrição clínica e bariátrica da Clínica Gastro ABC.
No entanto, a maioria dos estudos com o cogumelo juba de leão foi conduzida em animais ou em tubos de ensaio, então as evidências científicas para a saúde humana ainda são insuficientes. Por isso, ele não substitui o tratamento médico convencional e deve ser usado apenas com orientação de um médico.
Benefícios
De acordo com estudos, o cogumelo juba de leão contém substâncias que apresentam efeitos positivos especialmente no cérebro, contribuindo para a melhora da função cognitiva, da memória e do aprendizado.
Um artigo publicado em fevereiro de 2023, no The Journal of Neurochemistry, apontou que o composto ativo do cogumelo, chamado de hericerina, pode ajudar no crescimento de células cerebrais e no aumento da memória. Isso contribui para a prevenção de distúrbios cognitivos neurodegenerativos, como Alzheimer.
Ainda no campo cerebral, estudos feitos em animais mostraram que o cogumelo contribui para regenerar células cerebrais e melhorar o funcionamento do hipocampo, estrutura responsável pela regulação de emoções e processamento de memórias. Isso poderia ajudar a amenizar quadros leves de depressão e ansiedade, além de melhorar o humor.
Outra pesquisa recente, publicada no Journal of Fungi, explica que "alguns dos compostos ativos extraídos da H. erinaceus demonstraram recuperar ou pelo menos melhorar uma ampla gama de condições cerebrais patológicas, como doença de Alzheimer, depressão, doença de Parkinson e lesão medular". No entanto, os estudos são pré-clínicos em sua maioria, feitos em laboratório.
Onde encontrar ?
O cogumelo juba de leão pode ser encontrado em mercados e farmácias, para ser utilizado na preparação de chás, em formato de cápsulas, tintura ou na alimentação, no preparo de sopas, risotos ou massas. No entanto, como ele não possui autorização como novo alimento ou ingrediente pela Anvisa, não deve ser utilizado sem orientação de um especialista.
O que diz a Anvisa?
Apesar das pesquisas promissoras, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) destacou à CNN, em 2023, que o “cogumelo juba de leão não possui autorização como novo alimento e nem novo ingrediente na categoria de suplemento alimentar”.
A agência também esclareceu que são excluídos da categoria de alimentos os “produtos com finalidade medicamentosa ou terapêutica”, de acordo com a legislação em vigor (Decreto Lei nº 986/1969).
A Anvisa é responsável pela aprovação de novos alimentos ou ingredientes no Brasil, a partir da qualidade dos estudos, eficácia e segurança do produto, além do processo de fabricação.
Contraindicações
Com base em estudos e artigos científicos, Amanda destaca que não existem contraindicações ao uso do cogumelo juba de leão. "Porém, em caso de reações adversas ou hipersensibilidade às substâncias contidas na formulação, o correto é interromper o uso e procurar um profissional habilitado para condução da reação alérgica”, acrescenta.
Mulheres grávidas e em período de amamentação não devem consumir o cogumelo juba de leão sem orientação de um médico.
Referências
Ramón Martínez-Mármol, YeJin Chai, Jacinta N. Conroy, Zahra Khan, Seong-Min Hong, Seon Beom Kim, Rachel S. Gormal, Dae Hee Lee, Jae Kang Lee, Elizabeth J. Coulson, Mi Kyeong Lee, Sun Yeou Kim, Frédéric A. Meunier. Hericerin derivatives activates a pan-neurotrophic pathway in central hippocampal neurons converging to ERK1/2 signaling enhancing spatial memory. The Journal of Neurochemistry, february. Disponível em <https://doi.org/10.1111/jnc.15767> Acesso em 18 de abril, 2024.
Brandalise, F.; Roda, E.; Ratto, D.; Goppa, L.; Gargano, M.L.; Cirlincione, F.; Priori, E.C.; Venuti, M.T.; Pastorelli, E.; Savino, E.; et al. Hericium erinaceus in Neurodegenerative Diseases: From Bench to Bedside and Beyond, How Far from the Shoreline? J. Fungi 2023, 9, 551. Disponível em <https://doi.org/10.3390/jof9050551> Acesso em 18 de abril, 2024.