Possui graduação em medicina pela Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (2009). Possui títu...
iA anemia, caracterizada pela baixa dos glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue, é um achado presente na grande maioria dos pacientes oncológicos. Existem diversos mecanismos que justificam sua ocorrência, cabendo ao oncologista/hematologista manter o sinal de alerta caso o quadro se agrave ou evolua de forma desfavorável.
Possíveis causas
Sem dúvida, a causa mais comum de anemia nesse cenário é conhecida como anemia da doença crônica. Nela, substâncias pró-inflamatórias são produzidas pelo tumor e impedem o funcionamento normal da medula óssea, grande produtora de glóbulos vermelhos. O tratamento é direcionado para o tumor, no entanto, às vezes o uso de estimuladores da medula (eritropoietina) auxiliam o manejo.
Um passo sempre importante quando se encontra anemia em um paciente oncológico é descartar que este paciente esteja tendo alguma forma de sangramento oculto, causa bastante comum naqueles pacientes com tumores do aparelho digestivo. Exames de imagem como endoscopia/colonoscopia e exames laboratoriais mostrando estoques de ferro depletados são sinais de que esta seria a causa. Aqui, o tratamento é direcionado para a lesão que está sangrando e transfusões de sangue ajudam naqueles caos mais graves.
Naqueles pacientes que estão recebendo quimioterapia é muito comum o surgimento de anemia como uma forma de toxicidade devida ao tratamento. Os quimioterápicos citotóxicos, por atuarem em células em multiplicação, acabam agindo de forma adversa na produção de hemácias na medula óssea. Nestes casos, quando for possível, a redução da dose do quimioterápico costuma ser a terapia de escolha. Caos não seja possível, eritropoietina e transfusões também são opções.
Uma outra forma mais grave de anemia é aquela pela presença de células tumorais na medula óssea. Essa causa é muito comum em pacientes com leucemia, podendo atingir níveis extraordinariamente baixos, que levariam a morte caso o tratamento específico não seja iniciado. Aqueles tumores ditos "sólidos" também podem emitir células tumorais para dentro da medula óssea, achado mais comum no câncer de próstata e mama, por exemplo. Aqui também merece estaque o pronto início do tratamento como forma de controlar a anemia e o avanço da doença como um todo.
Sendo assim, a anemia no paciente oncológico pode ser secundária a várias causas. Uma alimentação que forneça todos os nutrientes necessários (ferro, ácido fólico, vitamina B12) é importante, no entanto, a suplementação destes deve ser feita de forma orientada. Em sua grande maioria, a anemia apenas reflete o estado inflamatório relacionado ao "estar doente" e seu manejo deve estar integrado ao cuidado da doença de base.