Graduação em medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Residência médica em Clínic...
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O diabetes é uma condição crônica caracterizada pelo aumento do açúcar no sangue devido à falta ou a má absorção de insulina. No Brasil, existem mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população. Mesmo assim, ainda há dúvidas sobre as diferenças entre diabetes tipo 1 e 2.
Isso acontece porque existem alguns pontos em comum entre os dois tipos de diabetes. Normalmente o corpo metaboliza os açúcares e os carboidratos ingeridos por meio de um açúcar especial chamado glicose, responsável por alimentar as células do organismo. Mas as células precisam de insulina (hormônio produzido pelo pâncreas) na corrente sanguínea para absorver a glicose e usá-la como energia.
Em condições normais, quando o nível de glicose no sangue sobe (por conta da alimentação, por exemplo), as células pancreáticas, chamadas de células beta, produzem a insulina para regular o açúcar que circula pela corrente sanguínea. Com o diabetes, o pâncreas não produz insulina suficiente, fazendo com que a glicemia aumente.
Mas, afinal, quais são as diferenças entre diabetes tipo 1 e 2? O MinhaVida, com a ajuda do endocrinologista Pedro Saddi, do Fleury Medicina e Saúde, te ajuda a entender a diferenciar as duas condições. Confira!
Diabetes tipo 1 e tipo 2 têm características e causas divergentes
A principal forma de diferenciar o diabetes tipo 1 e tipo 2 é pela causa e pelas características de cada doença. O primeiro tipo, também chamado de “diabetes dependente de insulina”, geralmente começa na infância. É uma condição autoimune, ou seja, que é causada pela destruição das células beta-pancreáticas pelos próprios anticorpos do organismo.
“Desse modo, ocorre a redução da capacidade secretora de insulina e a deficiência intensa desse hormônio”, explica Pedro. A condição está relacionada ao funcionamento inadequado do sistema imunológico, em que as células de defesa do organismo atacam as células produtoras de insulina.
Já o diabetes tipo 2 é bem mais comum - corresponde a, aproximadamente, 90% dos casos no Brasil e no mundo. Está associado, na maioria das vezes, a outras condições como hipertensão arterial, dislipidemia, sobrepeso e obesidade.
“O diagnóstico é mais comum após os 40 anos de idade, contudo, devido à piora dos hábitos alimentares nas últimas duas décadas, pessoas mais jovens, incluindo crianças e adolescentes, estão desenvolvendo a doença”, ressalta o endocrinologista.
Nesse caso, devido a maus hábitos alimentares, sedentarismo ou histórico familiar de diabetes, o pâncreas passa a produzir insulina em quantidade insuficiente para as necessidades do corpo. Também pode ocorrer a resistência à insulina, ou falta de sensibilidade à ela, principalmente nas células adiposas, hepáticas e musculares.
Os sintomas iniciais de cada um também são distintos
A diferença entre diabetes tipo 1 e 2 também está presente na manifestação dos sintomas. No tipo 1, a condição se manifesta de maneira abrupta, através da hiperglicemia intensa. Já o diabetes tipo 2 costuma ser assintomático em seu estágio inicial.
“Trata-se de uma doença silenciosa, podendo não apresentar sintomas por longos períodos”, afirma Pedro. No entanto, quando a glicemia está muito elevada, os sintomas de ambos os tipos podem coincidir: sede intensa, micção frequente, alteração do apetite e perda de peso sem causa aparente.
“O diabetes tipo 2 também costuma vir acompanhado de outras condições de saúde, como hipertensão, obesidade, alterações do colesterol e triglicérides”, completa o endocrinologista.
O diabetes tipo 2 é, muitas vezes, uma forma mais branda do que o tipo 1. No entanto, essa enfermidade crônica e progressiva também pode causar complicações graves à saúde, como doença da retina, nervos e rins. O diabetes tipo 2 é causa importante de diálise, transplante renal, cegueira e amputações de membros. Além disso, aumenta o risco de doenças cardíacas e derrame.
O tratamento é diferente entre diabetes tipo 1 e 2
Também existem diferenças entre o tratamento do diabetes tipo 1 e tipo 2. No primeiro tipo, o tratamento envolve a aplicação de insulina diária para controlar a glicose no sangue. “O diabetes tipo 1 exige reposição de insulina uma vez que ocorre a diminuição da produção deste hormônio”, explica Pedro.
Além disso, também são necessárias algumas mudanças significativas no estilo de vida, como:
- Testes frequentes de seus níveis de açúcar no sangue
- Planejamento cuidadoso das refeições
- Exercícios físicos diários
No entanto, vale ressaltar que pessoas com diabetes tipo 1 podem levar vidas longas e ativas, se monitorarem cuidadosamente sua glicose, fizerem as mudanças necessárias no estilo de vida e aderirem ao plano de tratamento.
Já o diabetes tipo 2 pode ser tratado, inicialmente, com remédios para diabetes associadas às mudanças no estilo de vida também. “Essas medicações podem estimular a produção de insulina ou melhorar a eficiência como o corpo utiliza esse hormônio. Existem também medicações injetáveis que aumentam a produção de insulina e a própria insulina também é uma opção”, completa o especialista.