Por Lílian Cristina Moreira, pediatra e homeopata*
A pandemia pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 mudou os rumos de 2020. Uma doença infecciosa nova, cuja evolução e formas de acometimento ainda não são bem conhecidas, altamente contagiosa, que atinge todas as faixas etárias e potencialmente mortal. A pandemia tornou prioridade número um em termos de saúde pública, e sobram dúvidas sobre sua transmissão. É possível amamentar com COVID-19?
Afinal, como exatamente essa doença é transmitida? Pode haver transmissão vertical, isto é, ela pode passar da mãe para o bebê durante a gestação ou pelo leite materno?
Posso amamentar com COVID-19?
Bem, até a presente data, se sabe que a transmissão se dá através do contato de gotículas de saliva e secreção nasal de uma pessoa doente com a mucosa nasal e/ou oral de uma pessoa saudável.
Nada comprova que a COVID-19 possa ser transmitida através do leite materno. Por isso, há consenso na comunidade médica no que diz respeito à manutenção da amamentação por todas as mães, quer sejam elas assintomáticas, sintomáticas ou com confirmação diagnóstica de COVID-19.
Essa decisão leva em conta que os benefícios do aleitamento materno superam em muito os riscos da COVID-19.
A manutenção da amamentação é recomendada e deve ser orientada, pois o aleitamento materno exclusivo e em livre-demanda até o sexto mês de vida do bebê, complementado com alimentação saudável até 2 anos ou mais, é fator determinante para o ótimo crescimento e desenvolvimento de uma criança.
Repetindo: Nos casos confirmados de infecção pela SARS-CoV-2 em lactantes, a amamentação DEVE ser mantida, desde que a mãe deseje amamentar e esteja em condições clínicas adequadas para fazê-lo.
Cuidados para amamentar na pandemia
É necessário um cuidado diferenciado na higienização das mamas e mamilos? A resposta é não. A mãe deve lavar as mamas normalmente durante o banho e manipulá-las com as mãos lavadas.
Porém, como a disseminação do vírus ocorre através das gotículas respiratórias, é importante observar alguns cuidados especiais a serem tomados pela mãe que amamenta:
- Lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos antes e depois de tocar no bebê.
- Durante a amamentação a mãe deve usar máscara facial de tecido (cobrindo completamente nariz e boca), evitando falar, tossir ou espirrar.
- A máscara deve ser imediatamente trocada em caso de tosse ou espirro ou a cada nova mamada.
- Evitar que o bebê toque na face da mãe, especialmente na boca, nariz, olhos e cabelos.
- Após a mamada, especificamente no caso de mães suspeitas ou confirmadas de COVID-19, todos os outros cuidados com o bebê como dar banhos, colocar para dormir, arrotar, etc, devem ser realizados por outra pessoa na casa que não tenha sintomas ou que não seja também confirmado para COVID-19.
Alternativas à amamentação
E em relação à mãe que esteja com a COVID-19 e que não se sinta confortável em amamentar?
Nesse caso é possível optar por extrair o leite para que ele seja oferecido ao bebê por outra pessoa da casa. Importante frisar que a bomba para extração de leite deve ser higienizada adequadamente após o uso e que o leite materno seja oferecido ao bebê em copinho, xícara ou colher.
Não é recomendado utilizar bicos ou mamadeiras pois isso pode gerar a chamada "confusão de bicos" e dificultar que o bebê volte a sugar ao seio após a mãe se recuperar da doença.
Procure sempre orientação de seu pediatra. Ter informação e apoio é fundamental para sucesso na amamentação e no enfrentamento dessa doença. E lembre: ser alimentado com leite materno é o melhor começo de vida para toda criança!
*Lílian Cristina Moreira é graduada em Medicina em 1989, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, FCM UERJ, com Residência Médica em Pediatria 1990-1992 pelo HGJ - Hospital Geral de Jacarepaguá /INAMPS, Pós-graduação em Homeopatia pelo Instituto Hahnemanniano do Brasil - IHB- 1992- 1995, recebendo título de especialista pela instituição, Título de especialista em pediatria em 1995 - TEP - recebido após aprovação na respectiva prova ministrada pela SBP - Sociedade Brasileira de Pediatria e Aprovada no curso PALS- Pediatric Advanced Life Support- 2012- da Academia Americana de Pediatria - AAP- ministrado pela SBP em conjunto com a SOPERJ.