Marcelo Otsuka é Mestre em Pediatria pela Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Vice Presidente do Departamento de Infectol...
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Apesar de raro, o vírus do herpes em bebês pode causar sintomas graves, levantando à discussão antiga, mas muito importante, sobre os perigos de beijar bebês e crianças. A doença, que atinge cerca de 70% da população mundial, pode causar infecções sérias, como a meningoencefalite, um tipo grave de meningite.
A transmissão do vírus do herpes simples para bebês pode acontecer de duas formas: através do parto, se a mãe estiver com a lesão de herpes genital ativa, ou através do beijo.
“O herpes simplex tem a capacidade de ficar no organismo e não ser eliminado, o que possibilita a sua reativação, quer seja por uma queda na imunidade, quer seja por situações específicas. No momento dessa reativação pode haver a contaminação do bebê”, afirma Marcelo Otsuka, infectologista pediatra do Hospital Infantil Darcy Vargas (HIDV).
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Herpes é uma infecção viral contagiosa que causa, geralmente, lesões na região da boca, no caso do herpes labial, ou na região íntima, no caso do herpes genital. Existem dois tipos do vírus do herpes: o simples tipo 1, transmitido por contato oral, e o simples tipo 2, transmitido através da relação sexual desprotegida. Após a infecção, o vírus pode ficar um tempo inativo no organismo, sem apresentar sintomas, mas, ainda assim, podendo ser contagioso.
Como identificar herpes em bebê?
O herpes em bebê pode ser, em alguns casos, assintomático, sendo difícil de identificar até que haja uma reativação do vírus com lesões aparentes. Em outros casos, os sintomas de herpes no bebê podem variar entre manifestações leves até quadros mais preocupantes. De forma geral, os sintomas são:
- Lesões na língua, bochechas, gengiva e lábios
- Gengivas inflamadas
- Babar com frequência
- Dificuldade de engolir
- Febre alta
- Irritabilidade
Em casos mais graves, o bebê pode desenvolver meningoencefalite, uma inflamação no cérebro e das meninges causada por bactérias, fungos ou vírus, incluindo o do herpes simples. Esse quadro, que acomete o sistema nervoso, pode levar a sintomas como:
“Todas as crianças cujas mães têm uma lesão ativa do herpes precisam ser acompanhadas com pediatra. Eventualmente, quando há a manifestação de sintomas da infecção nelas também, as crianças devem fazer o tratamento conforme cada caso clínico”, explica Marcelo.
Como tratar o herpes em bebês?
Segundo o infectologista e pediatra, o tratamento de herpes em bebês depende do quadro da infecção em cada criança. “Quando nós temos quadros graves, como as meningoencefalites, basicamente o tratamento precisa ser realizado com um antiviral endovenoso, ou seja, aplicado na veia. Na grande maioria das vezes, a indicação é o uso do Aciclovir”, explica Marcelo.
O Aciclovir é um antiviral que age combatendo a ação do Herpes simplex, bloqueando seus mecanismos de multiplicação nas células, reduzindo seu poder de infecção. Além da versão endovenosa, existe a pomada para herpes feita com Aciclovir, que é indicada para o tratamento tópico das lesões labiais e genitais em adultos.
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Também tem como tratar herpes em bebês com pomadas, caso haja lesões ativas na boca ou no rosto da criança. “Mas essa não é a principal forma de apresentação do herpes nas crianças pequenas. Eventualmente, pode não ter sintoma nenhum e não precisa sequer de tratamento”, afirma o infectologista.
Cuidados essenciais para evitar transmitir herpes para bebês
A principal forma de prevenir herpes no bebê é evitar o contato com as lesões ativas. “Uma pessoa que tiver um herpes labial não deve ficar beijando a criança”, reforça Marcelo. Mesmo que a infecção não esteja ativa, pode haver a contaminação e, por isso, é importante que visitas e parentes evitem beijar as mãos, já que elas podem ser levadas à boca.
Já em relação à contaminação no momento do parto, no caso de herpes genital, a solução é conversar com o médico ginecologista e obstetra para entender qual a melhor saída. “Na hora do parto, o herpes genital deve ser abordado pelo ginecologista para que ele indique algumas condutas que podem ajudar a não ter a infecção para o feto”, diz o infectologista.