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Todos nós já assistimos a um filme em que o personagem principal precisa enfrentar conflitos internos para alcançar seus objetivos. Essa narrativa é abordada frequentemente na sétima arte, porque a insegurança comumente acompanha os nossos sonhos. Entretanto, assim como nas tramas, o sentimento representa apenas uma fase que antecede as grandes conquistas.
Encarar os nossos medos pode nos fazer conhecer partes de nossa identidade que permaneciam escondidas. O processo não é algo confortável, entretanto, faz parte de um ciclo de fortalecimento que precisamos passar. Ter consciência dos próprios limites nos faz pensar em estratégias para expandir nossas capacidades, de maneira respeitosa.
Há obras que conseguem retratar este ciclo de autoconhecimento, fortalecendo a ideia de que não somos feitos de coragem, mas também de angústias e falhas. Todos estes elementos nos tornam únicos, e acima de tudo, humanos.
Veja a seguir, cinco filmes ganhadores do Oscar que mostram que todos temos inseguranças:
1. A Forma da Água
Dirigido por Guillermo Del Toro, o filme conta a história de Elisa, uma mulher muda que trabalha como zeladora em um laboratório experimental do governo. Durante o seu expediente, ela conhece uma criatura que está sendo mantida sob cárcere no local, e acaba se apaixonando pela entidade mágica.
Desafiando os padrões de relacionamento entre seres humanos, e confrontando as limitações impostas pela sua deficiência, a personagem constrói um laço inabalável com o ser de outro mundo, mesmo sem ter a possibilidade de se comunicar com ele.
Na obra, todos ao redor de Elisa possuem o poder da fala, entretanto, não conseguem encontrar harmonia no convívio. Os protagonistas são capazes de demonstrar o que sentem um pelo outro apenas por gestos, e apesar de serem de espécies diferentes, cultuam um sentimento de amor mútuo.
A insegurança com a própria identidade é retratada em "A forma da água", mostrando personagens que buscam pelo amor, mas precisam aceitar e compreender a própria forma de existência, ao mesmo tempo em que lidam com as barreiras sociais.
2. Manchester a Beira-Mar
Nem sempre estamos prontos para aceitar o nosso passado. E o filme protagonizado por Casey Affleck reflete sobre o desconforto que podemos sentir em olhar pra trás. Na trama, Lee Chandler precisa cuidar de seu sobrinho, após o pai do adolescente, e seu irmão, falecer precocemente.
Para isso, é necessário que ele retorne a sua cidade natal, local onde vivenciou momentos traumáticos. O personagem sofre com a depressão, e vive os seus dias de maneira apática, tentando se resguardar de quaisquer tipos de emoções.
Entretanto, a barreira emocional construída por Lee não funciona, e as experiências do dia a dia forçam-o a encarar suas angústias. Para aceitar o seu passado, ele precisa fazer as pazes consigo mesmo, e assim, estar pronto para viver o presente.
3. Zootopia
O longa ganhou o prêmio de melhor animação no Oscar de 2017. Na história, somos apresentados a Judy Hopps, uma pequena coelha que vive em uma fazenda isolada. O sonho dela é se mudar para o centro urbano de Zootopia, e tornar-se a primeira coelha policial.
Entretanto, ela precisa enfrentar o preconceito dos outros animais, e manter a fé em si mesma diante de situações desgastantes. A personagem possui grandes talentos, entretanto, o meio em que vive é arisco, e muitos do que estão a sua volta duvidam de sua capacidade.
A narrativa faz um paralelo com a vida, pois inúmeras vezes, as pessoas possuem diversas opiniões sobre quem somos. Ouvir críticas é importante, porém, corremos o risco de esquecermos o que pensamos sobre nós mesmos.
O autorrespeito e autoconhecimento não são ferramentas imediatamente acessíveis para todos nós. Entretanto, a animação mostra que persistir em sonhar pode nos levar a grandes destinos.
4. Whiplash
Dirigido por Damien Chazelle, diretor de La La Land, o filme conta a história de Andrew (Miles Teller), um garoto que aspira em se tornar um dos maiores bateristas da atualidade. Para isso, ele se matricula na melhor escola de música dos Estados Unidos, e começa a ter aulas com Terrence Fletcher, mestre do jazz.
Porém, a postura de Terrence é extremamente abusiva, colocando a saúde física e mental de Andrew em risco. O que antes era um sonho, torna-se uma obsessão. O personagem vive em um constante estado de insegurança frente às próprias competências musicais.
Para quebrar este raciocínio, o baterista precisa aprender a respeitar os próprios limites, tendo consciência de que podemos nos tornar emocionalmente vulneráveis caso esqueçamos de cultivar a nossa autoestima.
5. Moonlight
Vencedor de três Oscars, incluindo melhor filme, "Moonlight" conta a história de Chiron, um jovem negro que precisa lidar com o bulliyng na infância, crises de identidade na adolescência e a tentação de uma vida criminosa na fase adulta.
O bairro em que cresceu é conservador, e acaba consumindo o jovem desce cedo, que é reprimido constantemente por ser homossexual. Muitas vezes, a insegurança pode estar enraizada dentro de nós pelo ambiente em que vivemos.
As tradições que são impostas a nós muitas vezes parecem nos definir. Entretanto, a obra reflete sobre a indefinição do ser humano. Nossas origens não nos determinam por completo. A vida é uma constante transmutação, e em meio a suas inúmeras fases, podemos encontrar a redenção para sermos o que queremos.
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Cobertura Oscar 2019
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