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Emoções fazem parte do comportamento humano e aprender a lidar com essas manifestação da nossa psique é importante para mantermos qualidade de vida, equilíbrio e relacionamentos saudáveis. No entanto, não é sempre que estamos bem e por diferentes fatores é possível que manifestemos distúrbios psicológicos,
Uma condição de saúde que merece atenção e que ainda é vista de maneira estigmatizada é o transtorno de personalidade borderline, que afeta principalmente as relações interpessoais, causando assim um padrão de instabilidade. Uma pessoa que tem borderline pode apresentar uma impulsividade acentuada, indo do céu ao inferno em um curto período de tempo.
Segundo o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Ed. 2013) uma característica que costuma ser muito comum em que tem borderline é o medo do abandono ou um desconforto intenso só de pensar em ficar sozinho. O problema é que a forma como o paciente de borderline manifesta esse seu incômodo de abandono e solidão pode ser agressivo, exageradamente intenso e um pouco atrapalhado.
Como consequência é comum que as pessoas que estão ao redor não se sintam confortáveis em ficar perto da pessoa com borderline e acabem se afastando. Ou seja, acaba acontecendo justamente o que a pessoa com borderline mais teme.
Como forma de reduzir os momentos de crise e ter mais qualidade de vida é necessário que o paciente de borderline realize acompanhamento médico e terapêutico. Além disso, quem convive com uma pessoa com borderline também pode buscar entender um pouco mais sobre como funciona a mente de uma pessoa que sente esses efeitos na pele.
De acordo com o psiquiatra Ivan Mario Braun, Doutor em Medicina pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de São Paulo, em função de toda esta instabilidade e tendências à agressividade para com outros e para consigo mesmo, pode ser difícil lidar com alguém que se ama e tem borderline. "É frequente que os comportamentos desencadeiem sentimentos de frustração, raiva ou tristeza, em quem está próximo", alerta.
A escritora Elise Gordezky é uma pessoa que tem borderline e publicou um texto na plataforma Medium no qual dá exemplos de alguns comportamentos que podem prejudicar a relação com uma pessoa diagnosticada com borderline. É importante dizer que seu relato é particular e não tem o intuito de falar sobre todas as pessoas com borderline. Porém, para quem tem interesse no assunto, esse tipo de informação pode ser bem útil
Ver que os outros recusam seus convites para sair
Se para uma pessoa sem transtorno de personalidade borderline a recusa de um convite para sair significa apenas um acontecimento, uma pessoa que sente na pele o borderline vê aquele fato como um indício de que ele não é amado ou importante. É como se aquela recusa mostre que ninguém faz questão da presença dele. Como se essa rejeição o definisse.
De acordo com Braun, a pessoa com Borderline precisa se sentir amada. Isso não quer dizer que essas pessoas não podem receber um não. Mas caso isso aconteça, Elise explica que é importante ressaltar que aquela pessoa é importante para você, que gostaria de poder estar com ela, mas nesse momento não será possível.
Ver os outros se divertindo e não ter recebido o convite
Da mesma forma, é muito comum vermos pessoas que são do nosso círculo saindo e se divertindo sem a nossa presença. Vida que segue, você pensa. Mas para um paciente com borderline esse tipo de situação também pode ser um gatilho para a tristeza e a sensação de abandono.
Esse tipo de comportamento sempre vai acontecer? Não há como saber. Também não é necessário convidar a pessoa com borderline para todos os eventos. Cuidar de relação e mostrar que você se importa, como dito anteriormente, é uma boa forma de evitar esse tipo de gatilho.
Ter compromissos desmarcados
Imprevistos acontecem e não é sempre que as coisas saem exatamente como planejamos. No caso de uma pessoa com borderline pode ser que ela se sinta deixada de lado ou que não é uma boa companhia quando alguém marca ou desmarca algo. Novamente, isso não quer dizer que eles sejam irredutíveis e vão culpar todos ao redor, mas podem ficar tristes e precisar de um pouco de atenção. Por isso a empatia é importante.
Falta de clareza na comunicação
Braun explica que pode ser mais efetivo comunicar-se a partir de mensagens mais breves, menos carregadas de emoções e objetivas. Da mesma forma, sermões e argumentações, por outro lado, podem aumentar a irritação e levar a discussões infrutíferas ou mesmo a agressões.
Ser ignorado
Em uma pessoa que tem borderline, a experiência de ter uma mensagem ignorada ou com uma grande lacuna de tempo para responder, pode significar que ela não é bem-vinda e que a pessoa a quem a mensagem foi enviada não tem interesse por ela. Não que não seja permitido não responder uma mensagem, mas busque entender, caso ela fique chateada e explique que não foi intencional.
De acordo com Elise, o intuito não é que as pessoas vivam em uma vigília constante a ponto de jamais cometer nenhuma das atitudes citadas. O objetivo é apenas propor uma reflexão e contar um pouco mais sobre como as pessoas com borderline se sentem em relação ao mundo.
Lembre-se: todas as pessoas precisam de validação
Pode ser que você acha que os exemplos citados são muito trabalhosos e não vale a pena. No entanto, Elise ressalta que todas as pessoas precisam de validação, as que têm transtorno de personalidade borderline, necessitam de uma dose extra, porque já experimentaram muita invalidação em suas vidas.