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"Momo" foi o nome dado a uma escultura japonesa de olhos arregalados, sorriso profundo e aparência mórbida. Ela surgiu em meados de 2018, quando a ela foi atribuído um número de celular que supostamente conversava com as crianças pelo Whatsapp. Dessa vez, famílias estão relatando que a personagem assustadora está aparecendo no meio de vídeos infantis e instruindo crianças ao suicídio.
O alerta foi dado por Juliana Tedeschi Hodar, mãe de uma menina de 8 anos. Em seu Facebook, ela contou que o conteúdo apareceu no meio de um vídeo sobre slime (aquela massinha gelatinosa, popular entre as crianças).
No Twitter, Matheus Esperon afirmou que sua namorada encontrou montagens da Momo no meio de um vídeo da música infantil "Baby Shark". "O bicho não só aparece como fica falando umas mensagens pesadíssimas, falando pra criança se cortar, se matar, que "vai doer mas ela precisa ser forte"", conta ele.
Essas mensagens estão escondidas e, por isso, aparecem em vídeos classificados como seguros para crianças, incluídos no YouTube Kids. Em nota, a empresa contou que não encontrou nenhum vídeo que promova um desafio Momo no YouTube Kids. "Qualquer conteúdo que promova atos nocivos ou perigoso é proibido no YouTube. Se encontrar algo parecido, denuncie", declarou.
Outros casos
Em setembro de 2018, uma adolescente cortou os pulsos após receber ameaça de perfil com foto da Momo. Neste caso, a personagem foi usada por uma pessoa que conversou com a menina e fez ameaças.
Na mesma época, Halla Cristina, de Porto Velho (RO), mãe de um menino autista de 8 anos, e fez um vídeo no seu Facebook alertando sobre conteúdos no YouTube que também usam a imagem da Momo e incentivam ao suicídio.
Segundo ela, seu filho estava assistindo a um desenho no celular quando no meio do vídeo começaram a ser reproduzidas imagens que ensinavam a criança a tirar a própria vida e a agredir seus pais.
Como conversar com seus filhos sobre desafios da internet
Para um adulto, é mais fácil entender a diferença entre realidade e imaginação. No entanto, as crianças transitam melhor entre a abstração e o nosso mundo, declara a psicóloga Katyanne Segalla. "Quanto mais nova a criança, mais real a lenda tende a parecer", completa.
A psicóloga Denise Franco defende que os pais sempre monitorem as crianças para saber o uso que fazem da internet. No caso dos adolescentes, a confiança pode ir sendo conquistada aos poucos. "Gradativamente, é possível ir oferecendo momentos mais livres para perceber como reagem diante disso; isso de acordo com o amadurecimento que só pode ser avaliado quando existe diálogo na família e muita conversa de "olho no olho", explica a psicóloga.
Katyanne acredita que esse monitoramento deve ser indispensável até os 13 anos. "Na adolescência, quanto mais diálogo e instrução, menos será preciso a invasão de privacidade". A atenção ao comportamento dos filhos é essencial para identificar se algo está errado. Mesmo nos casos em que os pais sintam a necessidade de entrar nas contas dos filhos e invadir essa privacidade, o diálogo é uma ferramenta para fazer com que o adolescente não perca a confiança e não se sinta injustiçado ou invadido, instrui ela.