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Encontre seu pulso no pescoço ou no punho e conte o número de vezes que seu coração bate em um minuto. O número resultante é sua frequência cardíaca, que recebe a sigla bpm (batimentos por minuto). Para um órgão jovem e saudável, o número de batimentos considerado normal é entre 60 e 90, mas a tendência é que esse número diminua com a idade por conta da degeneração natural que o corpo sofre.
A solução? O marca-passo, dispositivo que acompanha o papa Bento 16 há anos e pode estar ligado a sua renúncia.
De acordo com o cardiologista Antônio Vitor Moraes, diretor científico do Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (DECA) da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, muitas pessoas se mostram resistentes à colocação do marca-passo, mas é possível levar uma vida completamente normal com ele.
"Além disso, estudos mostram que quem usa o dispositivo vive mais e melhor do que os que ignoram a recomendação médica", afirma o médico. Tire suas dúvidas sobre o aparelho e derrube mitos que limitam a vida de quem tem o implante.
1. O que é o marca-passo?
"O marca-passo é um dispositivo implantável que emite estímulos elétricos até o coração para garantir uma frequência cardíaca mínima do órgão", explica o cardiologista Bruno Valdigem, especialista em arritmias cardíacas do Instituto Dante Pazzanese e marca-passista do Hospital Israelita Albert Einstein.
2. Quem precisa usar o marca-passo?
O marca-passo é recomendado para pacientes com bradicardia (frequência cardíaca lenta) causada pelo desgaste do sistema elétrico do coração que pode acontecer pelo envelhecimento ou por alguma doença cardíaca, afirma o cardiologista Márcio Figueiredo, da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas e professor de cardiologia da UNICAMP.
3. Quais sintomas podem levar à descoberta da bradicardia?
Segundo o cardiologista Antônio, os principais sintomas da bradicardia são tontura, fraqueza, indisposição e até desmaios, devido ao menor fluxo sanguíneo cerebral.
"Isso leva a crer que o problema é neurológico, mas, se que o paciente buscar ajuda, será encaminhado a um cardiologista que fará o diagnóstico correto", aponta. Se o marca-passo não for colocado, é possível haver parada cardíaca seguida de morte.
4. Como é implantado o marca-passo?
O paciente pode receber anestesia local - mais comum - ou geral. Em seguida, é feito um pequeno corte embaixo da clavícula e, usando uma veia como caminho, são conectados dois eletrodos ao coração. Os eletrodos, por sua vez, estão ligados a um gerador implantado sob a pele.
Dessa maneira, o dispositivo consegue interpretar a frequência cardíaca do coração do paciente e emitir estímulos elétricos para acelerá-lo.
5. Quanto tempo dura a cirurgia?
"O tempo da cirurgia varia de acordo com o paciente e a equipe média, mas em geral é de uma hora", afirma o cardiologista Márcio.
6. Como é o pós-operatório?
"O paciente costuma ser liberado no dia da cirurgia ou na manhã seguinte", explica o cardiologista Antônio. Na primeira semana, recomenda-se não mexer o braço próximo ao local em que o marca-passo foi implantado e, no mês seguinte, evitar grandes movimentações com o membro. Depois, todas as atividades estão liberadas, desde que não ofereçam risco de impacto com o gerador.
7. Quais cuidados o paciente com marca-passo precisa tomar?
O paciente com marca-passo pode ter uma vida completamente normal, mas precisa tomar alguns cuidados com campos elétricos que possam afetar o dispositivo.
"Ele não precisa parar de usar celular, por exemplo, mas recomendamos que não guarde no bolso próximo ao gerador e use o aparelho na orelha do lado oposto ao dispositivo", explica o cardiologista Márcio.
8. Após a colocação do marca-passo, é necessário fazer visitas periódicas ao cardiologista?
Sim, o cardiologista precisa programar o funcionamento do marca-passo e verificar se ele está funcionando corretamente. As visitas costumam ser semanais logo após a cirurgia e, mais para frente, mensais e semestrais.
9. O marca-passo precisa ser trocado em algum momento?
"Como os problemas que levam à recomendação da implantação do marca-passo costumam ser irreversíveis, o paciente precisa usar o dispositivo para o resto da vida", aponta o cardiologista Bruno. Com o tempo, entretanto, a bateria desgasta, tornando necessária uma nova cirurgia para a sua troca. "Essa segunda intervenção é muito mais simples e precisa ser feita a cada seis anos, aproximadamente", explica o médico.
10. Existe a possibilidade de rejeição?
"O risco de rejeição é quase nulo", afirma o cardiologista Antônio.