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Brasileiros são grandes consumidores de carne vermelha. O alimento pode marcar um almoço em família, está disponível em self-services e nunca falta em um bom churrasco. A recomendação geral, entretanto, é de que a ingestão de carne seja limitada a duas vezes por semana para não aumentar os níveis de colesterol e gordura no sangue. Parece pouco? "Lembre-se de que o consumo de frango, peixe e ovos também deve fazer parte do cardápio semanal", aponta a nutricionista Cátia Medeiros, da Atual Nutrição, em São Paulo. Mas não é apenas a quantidade que importa. A qualidade do que se come também desempenha papel fundamental na dieta. Por isso, investigamos as principais características da carne vermelha que devem ser levadas em conta nas suas próximas compras. Confira:
Cortes magros x cortes gordos
Segundo a nutricionista Barbara Gerbasi Ortolani, da RG Nutri, em São Paulo, os cortes que apresentam maior quantidade de gordura são a costela, com 28 g de gordura a cada 100 g de carne; a fraldinha, com 26 g de gordura a cada 100 g de carne e a picanha, com 20 g de gordura a cada 100 g de carne. Já os cortes mais magros são o patinho, a maminha e o músculo, com 7 g de gordura a cada 100 g de carne. Vale lembrar que 100 g é o peso de um bife de tamanho médio. Além disso, boa parte das calorias das carnes mais gordurosas pode ser dispensada com a eliminação da gordura aparente. Um pedaço de 100 g picanha pode perder até 80 calorias desprezando-se a gordura aparente. O mesmo peso de contra filé pode perder até 121 calorias com o procedimento.
Textura
"A maciez da carne varia não só conforme o corte, mas também de acordo com a criação e a idade do animal, a quantidade de gordura, entre outros fatores", afirma a nutricionista Barbara. Via de regra, os músculos são os cortes mais rígidos, enquanto que as partes macias coincidem com as que o animal menos exercita. Filé mignon, alcatra e picanha são os que mais se destacam quando o assunto é carne macia. Peito e acém, por outro lado, são carnes mais duras. Uma dica de preparo para tentar amaciar os cortes mais rígidos é deixá-lo descansando com o tempero por cerca de quatro horas. Uma dica é adicionar abacaxi e mamão nessa fase antes de ir à panela. Essas frutas podem ajudar na quebra da proteína, graças às enzimas bromelina e papaína, respectivamente, amaciando a carne.
Nervos
Fraldinha, coxão mole e músculo são peças que costumam apresentar mais nervos, mas, segundo a nutricionista Cátia, geralmente só é possível identificar tais características conforme a peça é cortada. Assim, é preciso ficar atento ao sentido das fibras na hora de cortar os bifes para que os pedaços fiquem macios. O segredo é deslizar a faca na transversal seguindo o desenho das fibras.
Carne fresca
Na hora de comprar uma peça de carne, escolha um estabelecimento confiável, limpo e organizado. Verifique, então, se a carne está sob refrigeração, com exceção das carnes secas e outros embutidos. Cheque também a data de validade do produto. "O excesso de sangue nas bandejas pode indicar refrigeração inadequada", alerta a nutricionista Barbara. Por fim, outros sinais que indicam que a carne está fresca são: gordura branca ou amarela-pálida, coloração vermelho-vivo com brilho e sem manchas escuras, odor característico (que não incomode) e elasticidade. "Ao pressionar o dedo sobre a peça, a carne deve oferecer alguma resistência, mas afundar e logo voltar à posição original", explica a profissional.
Nutrientes
Carnes são ótimas fontes de proteína de alto valor biológico, ferro, zinco e vitamina B12. "Para se ter uma ideia, um pedaço de 100 g de contra-filé grelhado sem gordura contribui com 47% da quantidade proteica recomendada para um dia, 20% de ferro e 109% (mais do que todo o necessário em um dia) de zinco", mostra a nutricionista Barbara. Quem busca aumentar apenas ingestão de ferro, entretanto, deve investir no fígado. Já a picanha e o miolo de alcatra se mostram ricos em ferro e zinco. Patinho e acém são referência quando se fala em zinco.
Carne moída
Pedir para moer na hora ou comprar a carne já moída? Segundo a nutricionista Cátia, o ideal é realizar o processo na hora da compra mesmo. "Solicitando a manipulação no momento em que você adquire o produto, há maior segurança quanto ao corte e à higiene", explica. Assim, o ideal é pedir um corte magro em que a gordura aparente seja retirada. Recomenda-se ainda que o alimento seja consumido em pouco tempo, pois a moagem muda a estrutura original da carne, podendo intensificar a ocorrência de reações químicas que podem reduzir seu prazo de validade.
Modo de preparo
A melhor maneira de consumir as carnes vermelhas é cozido em molho. "Isto porque sempre que tem o tostado há produção de algumas substâncias tóxicas para o corpo. Quando é feita com um molho, a carne termina o cozimento dentro de um líquido e não vai produzir substâncias tão agressivas para o organismo", orienta a nutricionista e chef Carina Boniatti, da Colherada Gourmet.
Opte pelo molho de tomate, que tem poucas calorias e é rico em licopeno, substância com forte ação antioxidante que contribui para a prevenção do câncer de próstata. Também é importante consumir a carne acompanhado de legumes e verduras. "Os crucíferos (brócolis, couve flor, couve manteiga, repolho) são ótimos aliados em pratos carnívoros pois contêm sulforafanos, compostos bioativos com ação anticancerígena", destaca a nutricionista e culinarista funcional Anna Forcelini.
Caso não queira a versão cozida, procure realizar outros preparos que envolvem baixa quantidade de gorduras, como grelhado e assados. As carnes mais macias costumam apresentar bons resultados em qualquer uma das preparações mencionadas, mas as de textura mais rígida podem ficar muito duras quando grelhadas. Outro fator que pode influenciar na maciez é o ponto da carne. Quanto mais bem passada, menos macia ficará.