Há bem pouco tempo, para muitos falar sobre infertilidade, principalmente masculina, ainda era um tabu. Mas, os avanços...
iA mudança social e comportamental está fazendo com que a mulher engravide mais tarde; como conseqüência, maior é a dificuldade de obter a gestação. Cada vez mais cresce o número de casais que buscam o auxílio das técnicas de reprodução, cujo principal efeito colateral negativo é a multipariedade.
Nós, especialista da reprodução assistida, devemos evitar a gestação múltipla não só como indicação médica, mas, principalmente, como obrigação ética e moral perante os casais que tratamos. Pensando em oferecer os melhores resultados àqueles que necessitam das técnicas da medicina reprodutiva, além de segurança, saúde e qualidade de vida para a mulher e o bebê, desenvolvi um método de classificação mais minucioso para selecionar o embrião o score embrionário, uma técnica que possibilita o implante de no máximo dois embriões na maioria dos casos. Depois de conseguir aprimorar o método, viabilizando a transferência de um único embrião, com os mesmos resultados de gravidez, mas sem a ocorrência de gêmeos, o procedimento foi aplicado em 60 casais. As mulheres voluntárias ao estudo tinham menos de 35 anos e, mesmo recebendo uma menor dose de medicamentos, produziram uma
quantidade adequada de óvulos para a fertilização. No período de um ano, 19 desses casais conceberam a gravidez logo na primeira tentativa de uma fertilização in vitro. Cerca de 15% dos casais ainda obtiveram embriões para o congelamento.
O primeiro país a adotar a transferência de um único embrião foi a Finlândia. Porém, foi a Bélgica que através de um projeto governamental regulamentado no início de 2003, referendou a transferência de um único embrião nos dois primeiros ciclos de fertilização, especialmente às mulheres com menos de 35 anos. Garantindo também a cobertura para seis tratamentos, contanto que algumas regras fossem adotadas. No Brasil, lamentavelmente não existem medidas semelhantes.
Os recém nascidos de gestações múltiplas podem apresentar nota de avaliação mais baixa nos primeiros cinco minutos de vida, são mais propensos a ter desconforto respiratório, infecções intestinais, hemorragia intracraniana, entre outras. Em longo prazo, a criança pode apresentar falha de desenvolvimento neurológico, incoordenação motora e cognitiva, atraso na fala e até mesmo paralisia cerebral.
Com a redução do número de embriões transferidos para o útero também se elimina a possibilita do vanish twim ou gêmeo desaparecido, ou seja, crianças que nasceram como filho único, mas que em algum momento da gestação dividiram o útero com outro bebê. Calcula-se que 15% das crianças nascidas como únicas provenientes das técnicas de reprodução
assistida participaram desta situação. Para que isto ocorresse, um dos fetos não foi viável e desapareceu em algum momento de seu desenvolvimento. Quanto mais tardio é este desaparecimento, piores são as conseqüências para o feto que continuou se desenvolvendo. A principal complicação pode ser a paralisia cerebral.
Sabemos que há um aumento de 40 vezes no risco de paralisia cerebral para o bebê remanescente, quando o outro feto desaparece no terceiro trimestre de gestação. Nos casos de fertilização in vitro, o desaparecimento ocorre nas fases iniciais de gestação, levando a um aumento de 80% para a ocorrência de paralisia cerebral ao feto remanescente. Ao exercermos nossa atividade é muito importante ressaltar que ter sucesso não é conseguir a gravidez do casal, mas sim fazer com que este casal consiga ter um bebê sadio, após os nove meses de gestação.
Apesar das tentativas você ainda não conseguiu engravidar? Conte para gente como pretende realizar o sonho da maternidade.