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A vida às vezes prega peças... Imagine estar de férias em Orlando (Estados Unidos) com a família, e descobrir que você tem um câncer no cérebro? Foi o que aconteceu com Oscar Schmidt no ano de 2011. "Estava em um spa com minha esposa e filhos e desmaiei. Foi uma confusão danada, ligaram para o 911, veio polícia, bombeiro e ambulância me socorrer", ele conta. Ao chegar ao hospital e fazer exames como ressonância magnética e tomografia, descobriu que havia um tumor com mais de sete centímetros em seu cérebro.
De volta ao Brasil, ele tirou o tumor de tipo astrocitoma, que estava no grau 2 da doença, um pouco menos grave. O palestrante e ex-jogador de basquete continuou seguindo a vida, fazendo exames regularmente para prevenir outros problemas. Até que em maio de 2013 um novo tumor apareceu em seu cérebro e ele já começou a tratá-lo. Para ele, o ano de 2013 está sendo bem agitado: além do diagnóstico, ele foi indicado para o Hall da Fama da NBA, um dos maiores títulos que um jogador de basquete pode receber. E também esteve frente a frente com o Papa em sua visita ao Rio de Janeiro.
O esportista esteve conosco para contar sua experiência no evento "Minha Vida ao Vivo", primeiro organizado pelo portal Minha Vida no dia 5 de agosto, em comemoração ao Dia Nacional da Saúde. Conversamos com Oscar para saber como ele está lidando com a doença. Logo de cara ele avisa: "esse tumorzinho pegou o cara errado, viu?". Confira os melhores momentos da entrevista exclusiva!
Como foi sua reação ao descobrir o diagnóstico?
Eu fiquei 15 minutos triste. Falei um palavrão bem alto e pensei: chegou a hora! Achei que demorar mais um pouco, mas chegou... Mas decidi fazer logo o tratamento e continuar, não adianta ficar se iludindo. A vida é muito curta, e você ter dez anos a mais ou a menos não vai mudar o que você viveu. Eu vivi muito bem e agradeço todo dia. Por 32 anos eu fiz o que eu mais gostava de fazer, e ganhava dinheiro para isso!
Como você descobriu que o câncer havia retornado?
Depois da primeira operação, eu estava fazendo ressonâncias a cada três meses. Quando o médico aumentou o intervalo para quatro meses, no exame seguinte ele viu lá um carocinho pequenininho, mas resolveu esperar para ver se crescia. Nesse meio tempo, fiz o outro exame e viajei aos Estados Unidos. Quando retornei, ele me disse que o tumor cresceu e provavelmente já estava em grau 3. Operei um pouco depois disso, e a previsão foi confirmada. Como ainda não havia chegado ao grau 4, de acordo com a biopsia, ele me indicou radioterapia e quimioterapia. Fiz 30 radioterapias e 45 quimioterapias e agora vou continuar fazendo durante um ano, de mês em mês, um esquema de cinco dias de tratamento e 23 de descanso.
Mas você acredita que é possível apostar em outros recursos além do tratamento clínico?
Sim, ao mesmo tempo, eu não estou fazendo só isso! Por que se eu fizer só isso, vou ter apenas o resultado comprovado do que o tratamento faz, e estou dando mais chances para o homem lá de cima [Deus]. Estou fazendo inalações de álcool perílico e fiz até cirurgia espiritual, peguei os liquidozinhos e estou tomando. Ou seja, se eu tiver que ir embora é porque chegou minha hora. Claro, você tem que fazer tudo que os médicos mandam, religiosamente, e, se puder, fazer outras coisas também. Não várias, porque senão fica muito.
Como você usa o seu otimismo para a sua recuperação?
Não posso ficar triste, senão morro mais rápido! Mas se eu ficar de bom-humor, se eu não pensar no negócio e tratar direitinho, eu vou embora só daqui uns 30 anos! Por isso, eu penso no tumor minimamente! Eu faço os tratamentos todos, mas sem pensar nele. Até porque, ele não está mais lá, se voltar, eu abro de novo! Se eu tiver que viver um mês, beleza. Mas se for 30 anos, melhor! Minha vida foi linda, nunca pensei que eu chegasse a fazer metade do que eu cheguei. O problema disso tudo é só para minha família, espero que o dia que eu for embora não seja um baque imediato para eles, como um acidente de carro ou um acidente de avião. Por que, por enquanto, quem trabalha aqui em casa sou eu.
E como você está reagindo ao tratamento?
O tratamento é pesado, hein? Nunca fiquei tão cansado na minha vida, estou começando a melhorar agora. Você tem que tomar um remédio para aumentar a imunidade, que enjoa. Então você toma outro remédio para isso, mas que dá prisão de ventre. Conclusão: preciso tomar laxante todo o dia! (Risos). Fora os outros remédios que você tem que tomar. É uma agressão muito grande ao físico, mas por sorte já acabou! Agora eu vou ficar apenas na manutenção, fazer ressonâncias com mais frequência do que eu fazia, e vam?bora!
Operar o cérebro muitas vezes pode deixar sequelas. Você sentiu alguma?
O tratamento afeta tudo, eu tive uma sequela tremenda: infelizmente eu não gosto mais de refrigerante! (Risos). Que horror, como eu tomava tudo isso? Hoje eu só tomo sucos amarelos ou água. Eu acho que o corpo se defende sozinho, antes tomava essas bebidas todo dia, e muito. Hoje eu não consigo, meu corpo diz para eu não tomar.
E isso mudou algo na forma como você encara a vida hoje em dia?
De dois anos para cá eu comecei a pensar: já que esse tumor era grau 2, pode virar 3, eu vou detonar tudo que eu ganho! Não penso em mais nada de investimentos. Só viajo, compro presentes para a minha esposa, para meus filhos... Eu pensei que não desse tempo para fazer tudo isso, mas hoje em dia eu estou curtindo mais do que antigamente! Antes eu sentia que tinha que investir para o futuro, mas caixão não tem cofre.
Que recado você gostaria de dar a quem está passando por esse tipo de situação?
Eu digo, se você teve uma má notícia, não tem o que fazer, você tem que tratar. Não baixe a cabeça porque é muito pior! Manter o bom-humor e a força positiva o tempo todo ajudam o tratamento. Então vá tratar! Ache o tratamento que você confia e siga. Com otimismo. Porque as suas células parecem que entendem muita coisa, você não precisa dizer muito para elas.