Médica formada pela Universidade Federal do Paraná. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital das Clí...
iVocê sabia que a quimioterapia, radioterapia e cirurgias realizadas para o tratamento do câncer podem, muitas vezes, levar à infertilidade? A possibilidade existe devido a destruição de células dos ovários, útero e testículos, por lesões ou pela sua retirada. Por esse motivo, a Oncofertilidade se tornou uma especialidade médica cada vez mais procurada com o objetivo de preservar a fertilidade desses pacientes e aumentar as chances de engravidar futuramente, melhorando também a qualidade de vida pós-câncer.
"Diversas mulheres e homens em idade fértil diagnosticados com câncer se preocupam com o que acontecerá com sua fertilidade. Por isso, indicamos a busca pela Oncofertilidade antes de iniciarem o tratamento oncológico. É fundamental a consulta com um especialista em reprodução humana, assim como conversar com o oncologista sobre o tema", explica Cláudia Gomes Padilla, médica especialista em reprodução assistida na Huntington Medicina Reprodutiva. "Vale lembrar que algumas clínicas" - como as do Grupo Huntington - oferecem condição financeira diferenciada e apoio emocional durante todo o processo para proporcionar o melhor atendimento possível neste momento tão difícil e delicado", completa.
Congelamento de óvulos
A especialista pontua que atualmente existem algumas opções disponíveis para preservar gametas. Dentre as opções para preservação da fertilidade feminina, a técnica de criopreservação de óvulos (ou de oócitos) consiste no congelamento dos óvulos, quando a mulher é submetida a uma estimulação ovariana por meio de medicamentos e depois os óvulos são aspirados por via vaginal. Após a coleta, os óvulos são congelados em temperaturas que chegam a 196º C negativos.
Tratamento medicamentoso
Em casos de pacientes oncológicos que optam pela preservação da fertilidade por meio de medicamentos, a técnica de supressão medicamentosa da função ovariana consiste na paralisação do funcionamento dos ovários durante o período em que ela irá se submeter a quimioterapia. São ministradas injeções, mensalmente ou trimestralmente, com o intuito de preservar os óvulos durante a quimioterapia.
A necessidade de supressão dos ovários acontece porque o tratamento oncológico atinge e danifica células, tanto cancerígenas como saudáveis, com alto nível de replicação celular, como os óvulos. Lembrando que esta opção é a que se mostra menos efetiva na preservação da fertilidade porém deve ser considerada em situações nas quais o congelamento de óvulos não é possível.
Outros procedimentos
Outra alternativa é a de criopreservação de tecido ovariano em que os fragmentos do tecido ovariano serão coletados e criopreservados para um futuro transplante na própria paciente ou para maturação dos óvulos em laboratório. O processo se dá por meio de uma videolaparoscopia (cirurgia minimamente invasiva) ou da própria cirurgia para o tratamento do câncer. Também é possível realizar esta cirurgia para elevação dos ovários, que busca retirar as glândulas genitais da direção dos raios da radioterapia quando este tipo de tratamento oncológico estiver previsto para a região da pelve da paciente.
Para os pacientes masculinos existe a opção da proteção dos testículos por meio de barreiras físicas durante a terapia por radiação. Também há a possibilidade de criopreservação dos espermatozoides, técnica que recolhe o sêmen por meio de ejaculação sem necessidade de estímulo hormonal. É bastante simples e muito eficaz. Pode ser necessária a realização de mais de uma coleta de sêmen com intervalo de 2 a 3 dias. A criopreservação de tecido do testículo também é uma alternativa em casos específicos quando não é possível se obter espermatozóides por meio da ejaculação.
Planejamento familiar
Já em casos de crianças ou adolescentes é necessário que a família junto ao especialista reflita sobre o futuro da fertilidade do paciente, pois muitos quando adultos revelam que gostariam de gerar um filho biológico. Portanto, é preciso entender que hoje em dia existem alternativas disponíveis, como a preservação do tecido ovariano nas meninas ou a criopreservação de tecido testicular nos meninos. A conversa com o médico pode ser a chave para que, futuramente, o paciente tenha sua fertilidade preservada.
Segundo a médica da Huntington Medicina Reprodutiva, cerca de seis meses após o término do tratamento oncológico, o homem deve colher um espermograma que fornecerá as informações necessárias referentes à concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides, esclarecendo se a sua fertilidade foi afetada negativamente pelo tratamento. Se houver alteração no espermograma, um urologista deve ser consultado para aconselhamento sobre a reversão ou não deste quadro. Quando comprovada a morte das células germinativas, a alternativa existente é recorrer aos bancos de sêmen.
Nas mulheres, o retrato da função ovariana após o tratamento oncológico é dado pela avaliação de testes hormonais, como a dosagem do hormônio anti-mulleriano e FSH, além de testes ultrassonográficos, como a mensuração do volume ovariano e a contagem de folículos antrais (AFC). Caso a fertilidade não tenha sido preservada e a mulher tenha entrado em um quadro de insuficiência ovariana pela quimioterapia, pode-se tentar induzir a ovulação e, caso não haja boa resposta, recorrer ao programa de doação de óvulos. No cenário de falência ovariana definitiva (menopausa pelo tratamento) que inclui como sintomas a ausência de menstruação, irritabilidade, insônia, secura vaginal, diminuição da libido e ondas de calor, o tratamento para quem deseja engravidar também é com o recebimento de um óvulo doado.