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Antes de ir a fundo e investigar o que está acontecendo, é preciso entender o que é libido. Curiosamente, essa foi a pergunta mais buscada pelos brasileiros no Google em 2019 - e mostra que a falta de vontade de fazer sexo é mais comum do que se imagina.
O que é libido
A libido nada mais é do que o desejo sexual de uma pessoa, ou seja, a vontade de transar que sentimos. Naturalmente, ela varia ao longo da vida e pode ter picos ou quedas consideráveis, que podem ser explicadas por algumas razões.
Apesar de a rotina cansativa impactar diretamente em nossa disposição para transar, a redução da libido é uma das maiores queixas entre homens e mulheres. E dos diversos fatores que podem influenciar nisso, o desequilíbrio hormonal é o principal deles.
Portanto, é preciso avaliar com cuidado as possíveis causas orgânicas, psicológicas ou decorrentes do uso de algum medicamento, que, como efeito colateral, pode provocar a falta de libido.
Falta de libido: causas
O desejo sexual feminino é influenciado por problemas multifatoriais. Nas mulheres jovens, uma das principais causas da falta de libido são problemas de ordem emocional, como baixa autoestima e depressão.
Já em mulheres na terceira etapa da vida, a perda da libido pode estar associada a uma progressiva diminuição da produção dos androgênios. Isso ocorre até a fase de transição para a menopausa. Depois disso, a curva de diminuição se estabiliza.
Veja as causas mais comuns para a falta de libido em homens e mulheres, de acordo com o o ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Jr:
- Pílulas antiandrogênicas que reduzem a testosterona
- Pílula anticoncepcional
- Problemas como ansiedade e estresse
- Crises na família
- Histórico de depressão
- Tireoide desregulada
- Menopausa
- Pós-gravidez
- Disfunção hormonal
- Uso de medicamentos, como antidepressivos e alguns tipos de antibióticos
Como aumentar a libido?
Para alguns dos casos citados acima, existem tratamentos específicos que podem "ajustar" o nível de libido e reduzir a falta de desejo na cama. Basta procurar um médico especialista ou consultar um psicólogo para trabalhar certas questões pessoais.
Mas se você quer dar uma turbinada na libido de maneira simples, respeitando suas vontades e intimidade, confira algumas dicas a seguir que podem te ajudar a entrar no clima durante o sexo:
Questione-se e não se obrigue
Antes de tudo, vale se perguntar: "por que eu não ando com vontade de fazer sexo?". As respostas podem ser variadas e até mesmo incluir alguma insatisfação pessoal com o relacionamento. "O primeiro quesito para se ter uma relação sexual de qualidade é um parceiro interessante e interessado. A relação é como um negócio, mas extremamente subjetivo, por ser baseado no que eu acredito que o meu parceiro pensa de mim", descreve o médico Amaury Mendes Jr.
Uma forma de perceber se falta química entre o casal é através das reações do(a) parceiro(a). "A paciente que não tem vontade de transar por problemas no relacionamento não percebe as mudanças físicas das preliminares - que devem ser sensações agradáveis - e, não raramente, encontra mil desculpas para que o clima não aconteça", afirma a ginecologista Flávia Fairbanks. Nesses casos, vale conversar com seu parceiro, procurar uma terapia de casais ou mesmo repensar seu relacionamento.
Preste atenção ao seu corpo
Muitas vezes, o que pode estar atrapalhando a libido pode ser algum desconforto em nosso próprio corpo. "Qualquer problema, até mesmo uma unha encravada ou uma verruga, pode atrapalhar o desempenho da mulher e do homen", explica Mendes Jr. E entram nessa lista desde muito frio ou muito calor na hora da transa até mesmo alguma dor mais séria.
Esses mesmos fatores também podem tirar a pessoa do clima. Por isso mesmo, vale a pena analisar o que incomoda e tentar resolver, seja colocando uma meia nos pés gelados ou mesmo consultando um médico sobre alguma dor, tanto nas partes íntimas como em outros lugares no corpo, como coluna, braços e pernas.
Pratique exercícios
Os exercícios são poderosos aliados de uma libido saudável, inclusive quando o problema é entrar no clima. "Todas as atividades que ajudam a manter uma vida mais saudável favorecem a sexualidade, tanto por deixarem a sensação de bem-estar (pela liberação de endorfinas) quanto pela melhora circulatória e da autoimagem corporal", aponta Flávia Fairbanks.
Ao haver uma melhora na circulação, o sangue flui melhor até mesmo pelos tecidos dos órgãos genitais, tornando-os mais sensíveis ao toque e, portanto, trazendo mais prazer. Já os hormônios do bem-estar, como as endorfinas, ajudam a mulher e o homem a relaxarem, facilitando a "entrada" no clima. Nesses quesitos, qualquer atividade aeróbica vale a pena.
"O autoconhecimento é fundamental para que se possa entender e explicar ao parceiro pontos mais sensíveis e eventuais zonas que trazem sensações desagradáveis, que devem ser evitadas", explica Flávia. A médica exemplifica: muitas mulheres gostam da sensação da língua na orelha, por exemplo, e outras detestam. Portanto, vale avisar seu companheiro.
Saber do que se gosta é o primeiro passo para viver situações prazerosas. E pode ter certeza: se os estímulos físicos são um dos fatores da equação do prazer, a fantasia é outro e que precisa estar elevado ao quadrado. "Imaginar antes como será a relação sexual e até planejá-la é muito bom e altamente recomendado, fazendo, inclusive, parte ativa das terapias sexuais", assinala Flávia.
Dessa forma, é possível criar novas situações para seu parceiro e apimentar a relação. "Quebrar a rotina é bom e tudo que você investe na relação é interessante para o casal", acredita Mendes Jr. Porém, ele alerta para o perigo de pensar em tudo sozinha(o). "A fantasia tem que ser compartilhada, uma conversa entre os dois".
Planejar o sexo a dois pode ajudar e muito a apimentar a relação. "É interessante que um instigue o outro, entregue novidades para não cair na monotonia. Isso faz com que eles tenham percepção de que é algo que os dois desejam", considera Mendes Jr. Isso pode, inclusive, aproximar você mais do seu parceiro ou parceira.
Nesse sentido, já ouviu falar em dirty talk, a arte de excitar o parceiro com palavras? Vale descrever o que você pretende fazer com ele(a) ou o que gostaria que ele(a) fizesse com você. E não é porque se chama "dirty" (sujo, em inglês) que precisa necessariamente ter palavrões.
Saiba mais: Ménage: 11 dicas que você precisa saber antes de viver essa experiência
A prática é até mesmo gabaritada por pesquisadores: um estudo publicado no Journal of Social and Personal Relationships, em 2012, mostrou que pessoas que falam sobre sexo têm uma vida sexual melhor. Porém, a ginecologista Flávia aponta uma ressalva: "todas essas armas são potentes auxiliares na prática erótica do casal e funcionam bem, mas requerem um bom entrosamento entre ambos".