Alfredo Canalini graduou-se em Medicina em 1979 pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com residência em Uro...
iHá alguns anos, a finasterida foi lançada como substância que inibiria o processo de crescimento da próstata (hiperplasia benigna da próstata - HBP). É bom lembrar que a HBP ocorre ao longo do envelhecimento do homem, sendo que na faixa etária de 80 a 90 anos, 90% dos homens têm o problema, mas somente 40% apresentam algum tipo de dificuldade para urinar devido a isto, vindo a necessitar de algum tipo de tratamento para aliviar os problemas miccionais.
A finasterida age inibindo uma enzima, a 5-a-redutase, que transforma a testosterona em di-hidrotestosterona, esta última envolvida no processo de estímulo do aparecimento da hiperplasia prostática benigna. Como a finasterida inibe apenas o sub tipo 2 desta enzima, sua ação não era considerada tão boa quanto se esperava. Nesse cenário, uma outra medicação foi desenvolvida, a dutasterida, que tem como vantagem atuar inibindo as duas iso enzimas, tipo 1 e tipo 2. Nesse cenário, a finasterida passou a ser indicada como medicamento para o tratamento da calvície, já que o excesso de di-hidrotestosterona pode ocasionar o problema.
Durante o processo de observação do efeito dessas medicações em um grande número de pacientes, pensou-se na possibilidade delas, e principalmente da dutasterida, serem eficazes na prevenção do câncer de próstata. O estudo que avaliou o aspecto específico da prevenção do câncer de próstata com essa medicação teve o nome de REDUCE.
Inicialmente o laboratório divulgou que a dutasterida poderia ser usada para a prevenção do câncer de próstata - isso em 2010. Porém logo após, devido às fracas evidências nesse sentido, o Food and Drug Administration determinou que na bula dessa medicação fosse incluída a informação de que a dutasterida não estaria indicada para a prevenção do câncer de próstata.
Atualmente o próprio laboratório reconhece este fato, e inclusive estabeleceu diretrizes para acompanhamento de homens que usam regularmente a medicação para tratamento de hiperplasia prostática benigna, pois como a dutasterida provoca a diminuição dos níveis sanguíneos do PSA (que é um marcador para diagnóstico precoce do câncer de próstata), a análise da dosagem deste marcador para rastreamento e diagnóstico precoce do câncer deve ser interpretada de forma diferente daquela que normalmente se usa em homens que não tomam a medicação.
Os estudos realizados com os inibidores da 5-a-redutase, tanto finasterida quanto duasterisa, mostraram que este grupo de fármacos não é eficaz para a prevenção do câncer de próstata. Por outro lado, a diminuição do PSA nos homens que fazem uso deste tipo de medicação pode camuflar o aparecimento deste câncer. Portanto, a interpretação dos níveis de PSA nos pacientes que usam finasterida ou dutasterida deve ser feita com especial atenção pelo urologista, seguindo critérios diferentes aos aplicados naqueles que não usam este tipo de remédio.
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Em relação aos riscos do uso desses remédios, é bom lembrar que qualquer medicação pode ter efeitos colaterais e riscos, de maior ou menor gravidade, e que seu uso deve ser feito única e exclusivamente com a orientação e o acompanhamento de um médico.