Joji Ueno é ginecologista-obstetra. Dirige a Clínica Gera e o Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de...
iHoje em dia, a reprodução assistida lança mão de várias técnicas eficazes para realizar o sonho de quem deseja ser mãe. Considerada uma das mais simples e menos invasivas, a indução da ovulação é um desses tratamentos. Ele permite estimular os ovários para que produzam um único folículo maduro, induzindo a ovulação, e permitindo que a fertilização ocorra por uma relação sexual natural.
Essa estimulação é fundamental tanto no coito programado quanto na inseminação artificial. E a indicação é clara: apenas mulheres com distúrbios hormonais ou com a síndrome do ovário policístico, ou seja, que ovulam de maneira irregular ou que nem chegam a ovular. Em ambos os casos, a indução da ovulação consiste na aplicação de injeções com o hormônio folículo estimulante (FSH) na mulher. O tratamento pode ser realizado por seis meses, dependendo de como o corpo da mulher irá responder ao estímulo hormonal e de outras possíveis causas da infertilidade do casal.
A indução de ovulação pode ser realizada de maneira simples, com citrato de clomifeno, tomado por via oral do 5º ao 9º dias do ciclo menstrual ou associado com gonadotrofinas. A administração desse último deve ser conduzida por profissional experiente, especialmente em doses altas. Os resultados mostram que quatro de cada cinco mulheres que recebem o indutor ovulam, mas apenas cerca de uma em cada três engravida.
Saiba mais: Inseminação artificial: como funciona a fertilização
No caso da relação sexual programada, o tratamento tem a finalidade de acompanhar o desenvolvimento ovular por meio do exame ultrassom. Após ser diagnosticada a maturidade dos óvulos, o casal será orientado sobre os melhores momentos para manter relações sexuais, a fim de aumentar a possibilidade de gestação. Na inseminação, o sêmen do homem e injetado na cavidade uterina da mulher e recorre-se à estimulação ovariana para aumentar a possibilidade de sucesso.
Riscos dos indutores da ovulação
Apesar de simples, a técnica da indução da ovulação causa alguns efeitos colaterais, assim como em qualquer remédio ligado à fertilidade, como: alterações de humor, inchaço nos ovários, dor abdominal e nos seios, insônia, enjoos e vômitos, visão embaçada, dor de cabeça, cansaço, irritabilidade, depressão, ganho de peso e, em casos mais raros, cistos no ovário.
Embora raros e de curta duração, o clomifeno e as gonadotrofinas também podem causar reações como "secura" na vagina e provocar a síndrome da hiperestimulação ovariana, que é a produção em excesso de folículos, causando risco de vida para a paciente; e a gravidez múltipla.
Em função desses riscos, é importante que a prescrição desse tipo de medicamento seja sempre realizada pelo médico e a mulher deve ser monitorada durante o seu uso, com constantes ultrassonografia (ou ecografia). Esses efeitos são maiores em mulheres com cistos ovarianos, doenças no fígado, problemas tireoidianos não tratados ou tumores na hipófise. No entanto, a paciente tendo ou não qualquer uma dessas patologias, se estiver em uso de um indutor de ovulação, tem que estar atenta aos efeitos secundários ou colaterais. Quando durante a monitorização se detectam indícios que podem levar a estas complicações o ciclo de tratamento é interrompido.