Joji Ueno é ginecologista-obstetra. Dirige a Clínica Gera e o Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de...
iQuando um casal decide ter um bebê e, de forma natural, este desejo não se realiza, é natural buscar orientação médica para investigar os fatores que estão interferindo na fertilidade do casal. Neste momento, eles não costumam buscar uma técnica específica, mas uma solução para o problema. Cabe ao especialista realizar um diagnóstico preciso e indicar o procedimento mais adequado, afinal o tratamento deve ser personalizado, pois cada casal tem um histórico próprio.
Embora sejam procedimentos bem distintos, nos consultórios, ainda é muito comum os pacientes confundirem fertilização in vitro (FIV) e inseminação artificial. É importante destacar que as duas são formas de fecundação com acompanhamento médico. No entanto, a FIV é uma técnica realizada em laboratório, por isso costuma ser mais indicada para os diagnósticos complexos de infertilidade. O procedimento exige indução de ovulação por meio de injeções hormonais, sendo que os óvulos são aspirados por uma agulha e colocados em uma substância cheia de nutrientes, para mantê-los vivos.
É essencial conseguir uma produção de óvulos saudáveis para a fecundação. Depois, óvulos e espermatozoides são colocados em um recipiente para que ocorra a fecundação. Assim que isso acontece, o óvulo deve ser mantido em uma estufa para aguardar a divisão celular. Em média, 72 horas depois, se formam oito células, e dois embriões são inseridos no útero da paciente, com acompanhamento contínuo. Este é um procedimento mais elaborado, portanto com um custo mais elevado. Suas taxas de sucesso giram em torno de 40%, dependendo da faixa etária da paciente.
Saiba mais: Inseminação artificial: como funciona a fertilização
Já a inseminação artificial é uma técnica mais simples que pode facilitar a fecundação. Existem situações em que a paciente tem, no colo do útero, anticorpos que matam os espermatozoides antes que eles consigam atingir o óvulo, impedindo a fecundação. Neste caso, o sêmen do parceiro pode ser coletado e introduzido diretamente na cavidade uterina para facilitar essa corrida. O procedimento também pode ser indicado quando o homem produz poucos espermatozoides, assim o sêmen é coletado e tratado para que sua concentração seja mais elevada.
Por isso, o método costuma ser indicado para casais em que o homem é diagnosticado com alguma alteração nos espermatozoides (gametas lentos ou com dificuldades de movimentação), ou para mulheres que sofrem algum tipo de alteração uterina ou a endometriose leve. Por meio de inseminação artificial, a taxa de sucesso na fertilização fica em torno de 20% e, mais uma vez, a faixa etária da mulher pode interferir no resultado final. É muito importante o controle da estimulação ovariana com a ultrassonografia transvaginal, pois não se deve fazer a inseminação se a paciente tiver uma resposta exacerbada aos indutores de ovulação (mais que 3 folículos), devido ao risco aumentado de gravidez múltipla.
Vale ressaltar que, as duas técnicas são seguras, mas devem ser realizadas em clínica especializada e por um profissional habilitado.