Psicóloga clínica e hospitalar. Especialista em Sexualidade Humana e em Terapia Cognitivo Comportamental. Colaboradora...
iO orgasmo feminino é o prazer sexual intenso alcançado pelas mulheres através da relação sexual, masturbação ou outros meios. Ele pode ocorrer de forma única ou múltipla e ainda hoje é um tema cercado de mitos, crenças e falta de informação.
Do ponto de vista fisiológico, a mulher possui inúmeras zonas sensíveis e o orgasmo feminino pode mesmo ter diferentes origens: clitoridiano e vaginal. Porém ele não se limita aos órgãos genitais. É uma sensação que toma o corpo todo e começa no cérebro através do desejo, que é estimulado pelos órgãos dos sentidos e pela imaginação. É no cérebro que a pessoa se libera para o ato sexual.
As primeiras descobertas sexuais acontecem através da masturbação, mas essa prática é muito mais aceita entre os meninos. De certa forma, é também menos misteriosa entre os homens, já que a anatomia sexual masculina é externa e por isso eles tem mais contato com seus genitais e mais facilidade de estimulá-los. Para que a mulher conheça seus genitais, ela precisa explorá-los e algumas mulheres se deparam com tabus, não sendo incomum o total desconhecimento de sua anatomia sexual.
O ciclo de resposta sexual tem quatro etapas. Começa pelo desejo, passa para a excitação que vai crescendo, chega ao orgasmo e termina num período refratário chamado resolução. O desejo no homem é precoce e tende a acontecer de forma mais espontânea, o que o leva a atingir o pico de excitação em pouco tempo, enquanto a mulher precisa ser mais estimulada para passar do desejo para excitação. A mulher pode iniciar a relação sexual sem desejo espontâneo, mas motivada pela aproximação física, carinho ou intimidade pelo parceiro e dessa forma também vivenciar todas as fases do ciclo de resposta sexual.
Prazeroso, mas incomum...
De acordo com uma pesquisa realizada no Brasil, um terço das mulheres brasileiras nunca atingiu o orgasmo por penetração nem por autoestimulação. Importante pensarmos que nem todas mulheres valorizam esse prazer e para algumas nem mesmo o sexo é prioritário em suas vidas. Ainda que o orgasmo feminino seja um momento de intenso prazer, é possível que a mulher se sinta satisfeita também na sua ausência.
Associa-se muito a satisfação sexual ao resultado e não à entrega. A pressão em atingir o orgasmo só dificulta ainda mais a experiência já que a pessoa deixa de se conectar ao momento presente e as sensações envolvidas e busca muitas vezes o orgasmo como um objetivo da relação sexual. Assim sendo, começam a surgir dificuldades relacionadas com a intimidade sexual e até o sexo passa a ser menos espontâneo e satisfatório. Desta forma, o orgasmo ganha mais atenção do que a experiência sexual completa.
Muitas mulheres não comunicam ao parceiro como se sentem, como gostariam de ser estimuladas ou fingem atingir o orgasmo por vergonha, medo de perder o interesse da outra pessoa ou do rompimento da relação. Esses comportamentos de nada ajudam na melhora da vida sexual já que não incluem a indispensável participação do parceiro. De nada adianta ter um parceiro carinhoso, atencioso e sexualmente atraente, se a mente estiver repleta de pensamentos sabotadores, tabus ou preocupada com outras questões.
Para que a vida sexual seja plena e prazerosa é importante que haja companheirismo e parceria durante todo o ato sexual e que tanto a mulher quanto o parceiro estejam interessados na própria satisfação e na do outro. Sendo assim, se o casal tiver uma boa comunicação ambos podem dizer como gostariam de ser estimulados e poderiam propor mudanças e novidades para a relação tornando-a muito mais satisfatória.