Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) com residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo H...
iÉ cada vez mais comum encontrarmos mulheres que adiaram o sonho de ser mãe por razões financeiras, profissionais ou sociais. Toda mulher tem o direito de escolher a melhor idade para ter um filho, mas é importante levar algumas questões em consideração.
Muitas pessoas desconhecem esse fato, mas vale lembrar que a mulher já nasce com todos os óvulos, entre um e dois milhões, que ficam dentro dos folículos nos ovários. Quando ocorre a primeira menstruação, esse número é cerca de 400 mil. Ou seja, a mulher perde mais da metade dos óvulos antes mesmo de começar a ovular, uma vez que o consumo ocorre dentro dos próprios ovários. Calcula-se que a mulher perde cerca de 1000 óvulos por mês. Porém, não é apenas uma questão de quantidade, mas também de qualidade, já que conforme maior a idade da mulher, maior a chance de o óvulo carregar alguma alteração genética. Esse é um dos motivos da maior dificuldade de engravidar após os 40 anos.
Após a menopausa, a última menstruação na vida da mulher, os óvulos e folículos são bastante escassos, sendo incapazes de manter um ciclo menstrual devido à produção inadequada de hormônios. Assim, esta fase marca o fim do período reprodutivo feminino, sendo extremamente rara a gestação com óvulos próprios.
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Opções após menopausa
Para as mulheres que desejam engravidar nesta época, existem algumas opções de tratamentos, já que as chances de gravidez natural, se não forem nulas, são muito restritas. Os principais tratamentos indicados para esta faixa etária são a fertilização in vitro (FIV) com óvulos doados e transferência de embrião doado.
Há também a opção de FIV com óvulos próprios, mas a taxa de gestação geralmente é muito baixa. Neste caso, para iniciar a estimulação ovariana basta realizar uma ultrassonografia transvaginal: se os folículos estiverem pequenos e o endométrio fino, pode-se iniciar o processo. Caso contrário, pode-se utilizar pílula anticoncepcional ou outros hormônios para programar a estimulação.
Independente do método que for realizado para o tratamento, é importante consultar um especialista, pois há certas limitações que podem prejudicar este processo e até mesmo comprometer a vida da mulher.
Como a qualidade dos óvulos não é mais a mesma e a resposta ovariana muitas vezes é menor, o tratamento para mulheres nesta fase é mais difícil. Mas no caso de utilização de óvulos doados, a taxa de gestação depende essencialmente da presença de alteração no sêmen do marido e do endométrio da mulher receptora.
É importante levar em consideração a saúde da mulher, já que em alguns casos a maternidade pode representar um risco. O tratamento da infertilidade não é indicado para casos em que a mulher apresenta doenças graves ou com grande potencial de complicações durante a gestação, como diabetes e hipertensão arterial mal controlados, doenças cardíacas graves e alterações renais importantes.
Além disso, de acordo com as novas regras do Conselho Federal de Medicina, qualquer tratamento em reprodução humana só é permitido para mulheres com até 50 anos de idade. Quando a mulher tiver passado desta idade, deve ser solicitada autorização ao Conselho Regional de Medicina para a realização do procedimento.