Mestrado em Medicina (Endocrinologia) em 1995 pela UFRJ e Doutorado em Biociências em 2009 pela UERJ . Entre outras atua...
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O uso da reposição de testosterona em homens está associado com um risco aumentado de morte por infarto ou AVC isquêmico, de acordo com os resultados de um estudo feito pela VA Eastern Colorado Health Care System (EUA). O trabalho foi publicado em 06 de novembro no Journal of the American Medical Association.
A pesquisa incluiu 8.709 homens com baixos níveis de testosterona, que foram submetidos à angiografia coronariana entre 2005 e 2011. Dentre os participantes, 20% tinham uma história prévia de infarto do miocárdio, 50% tinham diabetes e mais de 80% possuíam doença arterial coronariana. No decorrer do estudo, 1.223 homens começaram a terapia de reposição de testosterona.
Após um seguimento médio de 27 meses, 748 homens morreram, 443 sofreram um infarto e 519 e tiveram um AVC. Separando a porcentagem de eventos cardiovasculares entre quem fez ou não reposição, ao final de um ano 10,1% daqueles que não receberam testosterona sofreram algum episódio, contra 11,3% que fizeram. Ao fim de dois anos, a taxas absolutas foram para 15,4 % e 18,5 %, respectivamente, e em três anos, as taxas absolutas foram para 19,9% e 25,7 %, respectivamente.
Em geral, a utilização de terapia de testosterona foi associada com um aumento no risco de morte por infarto ou AVC em 29%, e o risco permaneceu inalterado após o ajuste para a presença de doença da artéria coronária e outros fatores. Não houve diferença significativa entre as formulações e vias de administração para a testosterona - embora sejam necessários mais estudos para avaliar esse aspecto.
Segundo os autores, foi descoberta uma associação que não é causal, dada a natureza observacional do estudo. Entretanto, ele fornece algumas evidências de que a terapia com testosterona pode estar associada a algum risco aumentado de eventos cardiovasculares adversos. Para os pacientes que estão iniciando a terapia ou que estão atualmente em tratamento, isso pode justificar uma discussão com seus médicos sobre os potenciais benefícios da terapia versus o risco potencial. Os cientistas afirmam que a decisão deve ser individualizada para cada paciente.
No momento, não se sabe muito sobre o possível mecanismo que possa contribuir para o aumento do risco de eventos cardiovasculares em pacientes tratados com testosterona, mas os estudiosos afirmam que a testosterona pode aumentar os níveis de hematócrito, afetando a agregação plaquetária e piorando a apneia do sono. Mais estudos são necessários para abordar o possível mecanismo.
Nove sinais que indicam baixa testosterona em homens
O efeito dos hormônios na personalidade das mulheres é bem conhecido, principalmente na fase da TPM. Mas, e os homens? Eles também são afetados pela produção hormonal? Sim, a testosterona, principal hormônio presente no organismo masculino, influencia o comportamento, o desempenho sexual e também algumas características físicas.
A endocrinologista Ruth Clapauch, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, explica que os níveis de testosterona no sangue do homem caem naturalmente com o passar da idade, aproximadamente 1% ao ano a partir dos 40. "Dessa forma, é importante incluir a dosagem de testosterona em seus exames de rotina a partir dessa idade, pois uma baixa dosagem nesse período pode ser um sinal de alerta para problemas com a deficiência desse hormônio no futuro", diz.
No geral, os níveis adequados de testosterona variam entre 300 a 900 nanogramas por decilitro de sangue. Entretanto, alguns homens podem sofrer com taxas reduzidas desse hormônio mais cedo do que o esperado, causando uma série de alterações e sintomas pelo corpo todo, sendo necessária a reposição hormonal.
"Obesidade e doenças crônicas, como bronquite e problemas cardíacos, são fatores que podem acarretar na alteração do hormônio", explica a endocrinologista. Entenda como a deficiência de testosterona pode afetar seu organismo e, na dúvida, converse com seu médico:
Baixo interesse sexual
Esse é o sintoma mais específico para desconfiar de baixos níveis de testosterona no organismo. "Inclusive, pode ser possível perceber uma perda da potência sexual, ou mesmo uma disfunção erétil", explica a endocrinologista Ruth Clapauch, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Um sinal mais claro para a deficiência desse hormônio pode ser a falta de ereções matinais - aquelas ereções "involuntárias", que se tem ao acordar.
O endocrinologista Pedro Saddi, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que homens com essa característica também têm maiores chances de sofrer com infertilidade. Entretanto, os baixos níveis de testosterona por si só raramente são a única razão para ereções mais fracas - outros problemas como doenças cardíacas e diabetes, também podem estar associados.
Cansaço excessivo
A fadiga também é um efeito comum de baixos níveis de testosterona. "Isso acontece porque o hormônio também está relacionado com a produção de energia, e taxas reduzidas refletem na forma de cansaço", afirma a endocrinologista Ruth.
Lembrando que o cansaço e a falta de disposição precisam aparecer em conjunto com os outros sintomas associados à testosterona, pois sozinho pode ser um indicativo para vários outros problemas.
Pensamento confuso e problemas de memória
"A testosterona também atua diretamente no sistema nervoso, incluindo áreas responsáveis pela cognição e concentração", afirma a endocrinologista Ruth. Dessa forma, baixos níveis do hormônio também se traduzem como uma dificuldade para manter a concentração em atividades ou mesmo assimilar conceitos.
"Uma consequência dessa falta de atenção pode ser a dificuldade de memorização", completa Ruth.
Mudanças de humor
De acordo com a endocrinologista Vânia dos Santos, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), os baixos níveis desses hormônios estão relacionados com o aumento dos casos de depressão masculina na terceira idade. "Como a testosterona também age no sistema nervoso, uma mudança em sua produção afeta o bem-estar e o humor dos homens", explica. O resultado é um sentimento maior de tristeza, que pode evoluir para uma doença.
Dificuldade para construir músculos
É fácil perceber a influência da testosterona nos músculos dos homens. "Por volta dos 12 anos, quando os testículos começam a produzir a testosterona, os meninos ficam mais fortes", explica Pedro Saddi. De acordo com o especialista, essa diferença aumenta no período entre 20 e 30 anos, quando os homens têm um pico nos níveis de testosterona no sangue.
No entanto, se as taxas estão reduzidas, o homem pode ter dificuldade para criar massa muscular, principalmente na região do abdômen. "Inclusive, em alguns casos, o homem pode até perder massa muscular por conta das taxas alteradas de testosterona", completa a endocrinologista Ruth.
Acúmulo de gordura corporal
O homem não só perde massa muscular quando a testosterona não está adequada, como também ganha gordura na região do abdômen. "Isso porque os músculos que ele perde irão se transformar em gordura, e essa mudança se dá principalmente na cintura", explica a endocrinologista Ruth. Além disso, se você não está em construção muscular adequada, o seu corpo deixa de usar os alimentos que você ingeriu para este fim, transformando tudo em gordura.
Perda de massa óssea
O homem tem uma diminuição também da massa óssea relacionada à testosterona. "Isso inclusive é uma das causas mais importantes de osteoporose masculina", afirma a endocrinologista Ruth.
Uma pesquisa da University of Western Australia, que acompanhou 3.600 homens com mais de 70 anos, mostra que os baixos níveis de testosterona podem estar relacionados a problemas de mobilidade e a fragilidade de ossos em idosos. Isso acontece porque o hormônio atua na densidade óssea, e sua deficiência pode fragilizar o órgão.
Baixo crescimento de pelos
O crescimento de pelos em algumas áreas está diretamente ligado à produção de testosterona, tanto nos homens quanto nas mulheres. É a partir do momento que esse hormônio começa a ser produzido, por volta dos 12 anos de idade, que os pelos no rosto, tronco, nádegas, virilha e região púbica começam a crescer nos homens.
Dessa forma, níveis mais baixos de testosterona podem levar a um crescimento mais baixo de pelos faciais, pubianos e pelos nos braços e pernas. Mas não é a baixa de testosterona a responsável por queda de cabelo ou calvície, por exemplo.
Nesse caso, o endocrinologista Pedro Saddi explica que o hormônio relacionado com a queda de cabelos é a diidrotestosterona, que é uma transformação da testosterona. "As pessoas calvas têm enzimas no couro cabeludo com uma capacidade maior de transformar a testosterona do sangue em diidrotestosterona para agir no folículo capilar", confirma.
Dessa forma, um homem com calvície poderá tê-la por conta de uma alteração nas enzimas do couro cabeludo, e não por conta da testosterona circulante no sangue.
Problemas para dormir
"A deficiência em testosterona pode deixar o sono prejudicado, no sentido de que ele fica menos relaxante, menos restaurador", explica a endocrinologista Ruth. Em alguns casos, a baixa testosterona pode causar agitação durante a noite e até mesmo episódio de insônia.
"Entretanto, é importante lembrar que esses sintomas aparecem em conjunto quando o problema está relacionado com a testosterona - se surgirem separadamente, pode ser sintoma de outro problema", ressalta a especialista.