Joji Ueno é ginecologista-obstetra. Dirige a Clínica Gera e o Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de...
iUm novo remédio para estimular a ovulação promete inovar os processos de reprodução assistida. Para todos os tratamentos de fertilidade é necessário passar pela indução de ovulação, processo em que os folículos são estimulados para a produção de mais de um óvulo neste ciclo menstrual. Isso pode ser feito em menor escala no coito programado e na inseminação artificial e com maiores doses para a fertilização in vitro.
Para tanto, os remédios podem ser tomados via oral, mas são mais comumente aplicados por injeções diárias, o que consiste em um dos piores estágios do tratamento para as mulheres. Mas o recente medicamento, chamado alfacorifolitropina é aplicado apenas uma vez, o que concede maior comodidade para o processo de fertilização. Além disso, ele induz o ovário a produzir maior número de óvulos maduros por mês, não sendo apenas um ou dois como acontece com as tradicionais injeções, consistindo em uma maior possibilidade de um tratamento bem sucedido.
A medicação da alfacorifolitropina tem ação inovadora e moderna, uma de suas maiores vantagens é que uma única aplicação da substância equivale a sete injeções primárias sobre o recurso para produção de óvulos, além de evitar possíveis falhas no ato da aplicação da medicação para introdução da substância produtora de óvulos.
Contudo, a substância é administrada somente para pacientes com baixo risco clínico de síndrome hiperestimulação ovariana. Avalia-se a paciente com critérios clínicos, como ausência de síndrome dos ovários policísticos e laboratoriais, hormônio anti-mulleriano normal ou baixo.
O principal ponto positivo é a praticidade e eficiência da medicação, que atua durante sete dias e no oitavo dia é realizada uma reavaliação para analisar se há ou não necessidade de integrar com outras injeções. Entretanto, a contra indicação é direcionada a mulheres que possuem a síndrome do ovário policístico, que não devem usufruir do remédio.
Já disponível no Brasil, o recente medicamento apresentou estabilidade e eficiência comprovadas nos estudos clínicos apresentados internacionalmente. O tratamento com alfacorifolitropina foi demonstrado com 38,9% de eficácia na gravidez, aproximando aos resultados de pacientes que receberam as sete dosagens do tratamento tradicional que chegaram a 38,1%.
Mas a desvantagem é que com apenas uma administração pode-se estimular menos os ovários e assim obter menos óvulos. Porém, esta é a tendência atual, a melhoria dos resultados da fertilização in vitro possibilita conseguir a gravidez com menos embriões transferidos. Outra desvantagem desse novo medicamento seria que mesmo com uma dose, tem-se ainda o risco de ter estimulação excessiva dos ovários nas pacientes sensíveis ao medicamento.