Danilo Höfling é endocrinologista e doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É Membro...
iA testosterona, produzida principalmente pelos testículos, é o principal hormônio masculino. No homem adulto suas ações mais importantes estão associadas às funções sexuais, como libido, ereção peniana, produção do esperma e manutenção das características masculinas adquiridas na puberdade - distribuição de pelos, desenvolvimento muscular e ósseo, distribuição de gordura etc. Tem influência, também sobre as emoções, humor, sensação de bem estar, tônus muscular, entre outros.
Desejo sexual e ereção são funções sexuais masculinas que dependem da produção suficiente de testosterona para permanecerem normais. Obviamente, trata-se de um hormônio com ações de extrema importância. Geralmente, a partir dos 30 anos pode haver uma redução da quantidade de testosterona produzida pelos testículos. Tal redução varia de um homem para outro, em velocidade e intensidade.
Aproximadamente, 15% dos homens com idade entre 50 e 60 anos exibem carência de testosterona. Aos 80 anos, cerca de 50% deles mostram falta desse hormônio. A presença de sintomas típicos de carência hormonal, associada a níveis séricos de testosterona abaixo dos limites de referência (em geral, entre 300 a 1000 nanogramas por decilitro), aponta para necessidade de sua reposição.
Nesses casos, a prescrição da testosterona está indicada para preservar, entre outros, as funções sexuais, a massa muscular, a massa óssea e o bem estar físico e mental dos homens, já que se trata de uma alteração que reduz significativamente a qualidade de vida.
Os produtos disponíveis para realizar terapias de reposição hormonal variam segundo cada país. São exemplos: comprimidos usados por via oral, implantes subcutâneos, sistemas transdérmicos, injeções e géis tópicos. No Brasil, a testosterona é empregada na forma injetável intramuscular, assim como por meio de géis e adesivos cutâneos. As injeções intramusculares disponíveis no país podem ser aplicadas com intervalos de três semanas ou três meses, enquanto as aplicações em géis ou adesivos devem ser usadas diariamente.
A novidade é que está sendo lançada uma nova opção para quem precisa repor a testosterona. Esse produto foi aprovado pelo Food and Drug Administration dos EUA (FDA), em 2010, país onde ele já está disponível. Trata-se de uma solução tópica, que estará em nossas farmácias em breve. A aplicação é simples, indolor e de fácil introdução no hábito diário, já que basta espalhar solução sobre a pele das axilas, como se fosse um desodorante.
Esse medicamento tem como princípio ativo a testosterona bioidêntica, ou seja, ela é igual à fabricada pelos testículos humanos. A vantagem é que a testosterona bioidêntica pode ser dosada no sangue, o que facilita bastante o ajuste da dose ideal. O frasco contém um dispositivo que, ao ser acionado, libera uma quantidade da solução que corresponde a 30mg do hormônio. A dose inicial é de 60mg por dia, 30mg em cada axila. O ajuste posterior é feito com base nos níveis sanguíneos de testosterona. Cabe ressaltar que esse medicamento não deve ser usado por mulheres, homens com menos de 18 anos de idade e homens sem deficiência do hormônio.
Apesar dos progressos, deve-se salientar que a reposição hormonal masculina não é isenta de riscos. Quando bem indicada, isto é, se houver carência de fato, a testosterona pode restabelecer a libido, a ereção, a massa muscular, a massa óssea, os pelos corporais e etc.
Por outro lado, o uso excessivo como anabolizante é sempre uma grande preocupação, visto que há estudos sugerindo que altas doses do hormônio podem estar associadas a vários problemas, tais como, o aumento do LDL colesterol (colesterol ruim), redução do HDL colesterol (bom colesterol), intolerância à glicose, aumento do risco de doenças cardiovasculares, tumores de fígado, convulsões, ginecomastia (aumento das mamas), acne, calvície, aumento de pelos, diminuição da fertilidade, etc.
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A terapia de reposição com testosterona é contraindicada na presença de um câncer de mama masculino. O mesmo ocorre quando o homem já possui um câncer de próstata diagnosticado, uma vez que o hormônio poderá acelerar o crescimento desses dois tipos de tumores malignos. Por esses motivos, o acompanhamento médico rigoroso é fundamental durante toda a sua utilização. Deve-se realizar avaliação da próstata (dosagem sérica do PSA e toque retal) tanto antes do início, quanto durante a reposição desse hormônio. Além disso, outros exames laboratoriais são periodicamente necessários, entre eles a avaliação da série vermelha do sangue, a determinação sérica de glicose, colesterol e suas frações, triglicérides e testosterona.
Dessa forma, a reposição hormonal masculina é importante por trazer melhora significativa da qualidade de vida e da saúde dos homens que sofrem desse problema, mas é evidente que o acompanhamento médico é essencial, a fim de garantir tanto o sucesso, quanto a segurança do tratamento.