Joji Ueno é ginecologista-obstetra. Dirige a Clínica Gera e o Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de...
iAo iniciar um tratamento para engravidar com a reprodução assistida, inicia-se a preocupação pela possibilidade de ocorrer uma gravidez gemelar (múltipla) e seus riscos. A quantidade de óvulos prontos para fecundação durante o processo de fertilização é o elemento prevalecente nessa situação. Durante o método de fertilização in vitro a probabilidade de engravidar de gêmeos é de 20% a 25% e trigêmeos é de 5%, já na inseminação artificial, no qual consiste na introdução de espermatozoides dentro do útero, a perspectiva eleva conforme aumenta o número de óvulos liberados.
Recomenda-se que, ao fazer a fertilização in vitro, seja realizada a transferência de menos embriões, desta forma pode-se evitar uma gestação múltipla, reduzindo as ameaças na saúde dos bebês, quanto das mães. Além da gestação de gêmeos possuírem maiores possibilidades de nascerem prematuros, também há riscos de um feto comprometer o outro. Por exemplo, se uma gestante gerar um bebê com alterações que impossibilitará o nascimento e por ventura vir a abortar, a paciente pode correr o risco de perder o outro filho, aumentando a chance de um possível aborto espontâneo.
Saiba mais: Inseminação artificial: como funciona a fertilização
Diante a este contexto, em 2010, o Conselho Federal de Medicina (CFM) iniciou uma solução para reduzir as possibilidades de gravidez de gêmeos durante a reprodução assistida. O método consiste em um procedimento que se baseia em uma limitação de quantidade de embriões que podem ser inseridos em cada paciente, sendo variante de acordo com a idade. Mulheres com idade até 35 anos podem ser inseminados até dois embriões, já entre a idade de 36 a 39 anos, a limitação passa a serem três embriões em mulheres que possuem idade superior a 40 anos, o limite estabelecido é de até quatro embriões.
A estratégia adotada é alterada de acordo com a idade, justamente porque os problemas relacionados a infertilidade são associados diretamente a faixa etária da mulher. Por exemplo: a implantação de três embriões em uma mulher com idade até 30 anos, as capacidades são maiores de gestar trigêmeos, comparados a uma paciente com 39 anos.
Uma alternativa adotada por em alguns países é a transferência de um único embrião. Assim, coloca-se um único óvulo para ser fertilizado, produzindo um embrião que será transferido. Se decidir-se por colocar mais óvulos para serem fertilizados, pode-se deixa-los na incubadora por mais dias para acompanhar sua evolução. Aqueles que chegarem ao quinto dia dentro do laboratório são transferidos ou congelados através da criopreservação. Como têm grande potencial de gerar uma gravidez, pois resistiram até o quinto dia, pode-se selecionar somente um para a transferência, minimizando os riscos de gravidez múltipla e vitrificar os restantes.