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Para alguns um alívio, para outros uma saga dolorosa. Seja uma hora fácil ou difícil, é certo que nem todos gostam de ficar encarando as próprias fezes no vaso sanitário. Entretanto, respirar fundo e encarar o bolo fecal pode dizer muito sobre a sua saúde - afinal, ele é o resultado de tudo o que você come. Essa necessidade básica indica como vai a saúde de todo o sistema digestivo e ainda dá pistas sobre a qualidade da sua alimentação. Já que prevenir é o melhor remédio, confira os tópicos que merecem atenção sobre suas fezes e o que significa cada alteração:
Cor
As fezes normalmente tem cor marrom de diferentes tonalidades. "As variações de cores ocorrem conforme o tipo dos alimentos, a quantidade de bile, produzida pelo fígado e que irá digerir as gorduras, e eventualmente alguma doença", diz o cirurgião gástrico e proctologista Sidney Klajner, do Hospital Albert Einstein. O gastroenterologista Guilherme Andrade, do Centro de Gastroenterologia e Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital 9 de Julho, afirma que as fezes enegrecidas - chamadas "borra de café" - sinalizam sangramento do aparelho digestivo, em geral do estômago e as fezes avermelhadas acusam um sangramento do intestino grosso ou mesmo região em torno do ânus. "Fezes amareladas e brilhantes podem indicar problemas do pâncreas que determinam dificuldade em se absorver gorduras, enquanto as fezes esbranquiçadas podem indicar problemas do fígado, como hepatite", afirma Guilherme. Por fim, as fezes esverdeadas podem tanto indicar a ingestão de alguns vegetais verdes escuros em excesso ou alimentos com corantes azuis.
Fezes com sangue
Não é normal apresentar sangue nas fezes - é um cenário que deve sempre ser investigado por um médico. "Pode ser um problema simples, como um sangramento de hemorroidas internas, mas também pode representar alguma inflamação com erosões ou úlceras, como no caso da retocolite e doença de Crohn", explica o proctologista Sidney. Além disso, sangue nas fezes pode indicar a presença de algo mais sério, como algum tumor. O gastroenterologista Guilherme reforça que o sangue é vivo geralmente é sinal de sangramento mais baixo, como do cólon ou ânus.
Consistência
A consistência das fezes sugere o quanto elas demoraram a ser evacuadas. "Fezes que demoraram dias passam a ter seu componente de água reabsorvido pelo organismo e, portanto, ressecam mais, ficando bastante endurecidas", explica o proctologista Sidney. No caso das infecções intestinais, a passagem das fezes é bem mais rápida e não há a correta absorção de água, gerando as diarreias. "A consistência ideal é de pastosa a moldável, devendo se adaptar ao canal do ânus sem machucar", completa Guilherme Andrade.
Odor
É certo que o cheiro das fezes não é dos mais agradáveis, uma vez que as bactérias do intestino geram compostos sulfurosos após digerir os alimentos. Entretanto, a intensidade do odor pode variar muito conforme aquilo que comemos. No geral, o consumo de carne vermelha ou alimentos condimentados pode gerar fezes com um odor mais acentuado. As fezes de uma alimentação saudável e equilibrada devem apresentar um cheiro característico, mas nada que deixe o banheiro interditado! "O odor fétido pode indicar infecções ou inflamações, já que não há a completa digestão dos alimentos", afirma o proctologista Sidney. Há também as fezes que ocorrem após um sangramento no estômago, que tem um mau cheiro fortíssimo.
Formato
Os vários formatos das fezes não indicam, na imensa maioria, algum tipo de doença, a depender também da cor e consistência. "Entretanto, as fezes saudáveis no geral são cilíndricas a alongadas", ressalta o gastroenterologista Guilherme. Fezes cortadas, em "bolinhas", acontecem nas constipações crônicas, podendo ser sintoma de diverticulites, colites ou até mesmo um tumor. Além disso, as fezes disformes e liquefeitas acontecem nas diarreias, e as fezes muito finas podem indicar que você está fazendo força demais para evacuar, contraindo o esfíncter mais do que deveria.
Boia ou afunda?
Fezes saudáveis no geral devem afundar. "A maior parte da massa fecal é constituída de bactérias da flora, fibras e água, e essas afundam", explica o gastroenterologista Guilherme. "O que determina se boia ou não é o teor de gordura: quando em excesso, as fezes tendem a boiar." A concentração de gases nas fezes também pode fazê-las boiar, e isso é resultado da ingestão de alguns alimentos, como brócolis, feijão e repolho.
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Frequência
Tudo depende da quantidade de fibras que comemos e dos próprios movimentos intestinais. "A prisão de ventre é a situação na qual o paciente não consegue evacuar um mínimo de duas a três vezes por semana", afirma o proctologista Sidney. A constipação pode estar relacionada à dieta, doenças do assoalho pélvico, falta de relaxamento muscular, obstrução do aparelho intestinal ou mesmo adiar a ida ao banheiro. Uma frequência considerada dentro do ideal fica entre três vezes ao dia até uma vez a cada três dias. "Essa porém não é uma definição rígida, havendo pessoas normais que fogem do padrão", lembra o gastroenterologista Guilherme.