Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF//MG) em 2002. Residência Médica em Neurologia pela...
iAs lesões traumáticas da coluna cervical podem levar a diversos problemas neurológicos. Um caso recente de lesão da coluna foi o da ex-ginasta Lais Souza, que sofreu um acidente durante seus treinamentos para os jogos de inverno. As complicações neurológicas decorrentes do trauma dependem de diversos fatores: mecanismo de lesão, extensão e nível da lesão na coluna cervical. As piores consequências seriam a tetraplegia, ou seja, paralisia da motricidade voluntária de braços e pernas, assim como a incapacidade de respirar por conta própria.
Isso muda conforme a vértebra que foi lesionada, pois, quanto mais alta a lesão, pior. Ou seja, lesões completas nas primeiras vértebras cervicais são piores que nas últimas.
Uma vértebra pode sofrer diversos tipos de lesões traumáticas. O mais comum é sua fratura, com ou sem esmagamento, mas o pior é a transfixação da medular cervical pela vértebra luxada (deslocada). Esta luxação (deslocamento horizontal da vértebra), por sua vez, pode ser total ou parcial.
O processo de reabilitação é lento e depende muito do tipo de lesão, idade e comorbidades do paciente. O principal objetivo da reabilitação, após uma lesão grave de medula cervical, é tentar recuperar o máximo possível das funções neurológicas necessárias a uma rotina de atividades de vida diária, com o menor grau de dependência possível.
A recuperação consiste na prevenção e correção de espasticidade, alongamento e melhora da mobilidade, prevenção de úlceras de decúbito, cuidado com dieta e hidratação e suporte ventilatório ou não. Em geral, espera-se que isto seja feito com equipe multidisciplinar, em ambiente próprio, com toda infraestrutura que envolve piscinas, equipamentos de musculação, laboratório de marcha, serviço de órteses/próteses, entre outras ferramentas que serão fundamentais no auxílio da reabilitação.
Finalmente, mais importante que o tratamento seria a prevenção. Assim, todo o cuidado é pouco e devemos ficar atentos com situações rotineiras, como pular de cabeça em piscinas, dirigir carro sem o cinto de segurança, andar de moto sem capacete, praticar esportes com maior risco de queda sem um profissional habilitado por perto e sem o material e segurança necessário. Embora seja sabido que existem acidentes que ocorrem independentemente de nosso cuidado, atitudes preventivas sempre minimizarão estes riscos.