Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1981), doutorado em Ginecologia, Obstet...
iO ciclo menstrual é complexo, com inúmeras etapas integradas entre o cérebro, ovários e útero. Tudo inicia no cérebro, de onde partem os impulsos que estimulam os ovários a produzirem hormônios. Estes hormônios, de uma forma cíclica, estimularão e farão o endométrio descamar em forma de menstruação. O endométrio é o tecido dentro da cavidade uterina que tem a função de implantar o óvulo fecundado, que se desfaz em forma de menstruações caso não ocorra a gestação.
Esta orquestração cíclica de hormônios mensais que ocorre na mulher é o preparo para a gravidez. Antigamente, a mulher pouco menstruava, por estar grávida ou amamentando na maior parte do tempo. Era uma época de poucas menstruações e muitos filhos.
A partir do final da década de 50, com o conhecimento e desenvolvimento dos hormônios sintéticos, similares e substâncias com efeitos hormonais, a concretização do uso deles como método anticoncepcional foi um marco na humanidade. A partir disso, o ser humano conseguiu dissociar o sexo da procriação, com todo o impacto socioeconômico e cultural dessa mudança, e passou para o tempo de muitas menstruações com poucos filhos, com gestações em idade mais avançada. Mas isso pode predispor a algumas doenças como endometriose e miomas.
Atualmente, existem novos medicamentos e técnicas que objetivam controlar de forma mais eficiente (com menos efeitos colaterais, por exemplo) o ciclo menstrual. Como vimos antes, são três os principais pontos de controle: o cérebro, os ovários e o útero. Conforme a necessidade, podemos atuar em cada um destes níveis. Por exemplo, em casos de uma criança iniciar o desenvolvimento dos caracteres sexuais e menstruação precocemente (abaixo dos oito anos), ela pode usar um medicamento não-hormonal que bloqueia os impulsos no cérebro, e conseguimos assim retardar todo este processo. Há também os conhecidos anticoncepcionais hormonais, que podem ser utilizados para controlar os ciclos menstruais, ou então interromper a menstruação.
A maioria das mulheres menstrua sem grandes dificuldades. Algumas doenças como endometriose, miomas, alterações de coagulação e mulheres com maior sensibilidade às oscilações hormonais podem apresentar inúmeros problemas desde comportamentais (TPM) até comprometer as atividades normais causadas pela dor e/ou intensidade do sangramento. Cabe à paciente e ao médico avaliarem qual é a causa e atuar da melhor maneira, ponderando os efeitos adversos de cada escolha.
Muitas mulheres acreditam que o uso de anticoncepcional contínuo pode retardar a menopausa, uma vez que as menstruações não acontecem. Entretanto, o uso de anticoncepcional e implante não adianta a menopausa, uma vez os irão amadurecer da mesma forma. Em geral, apenas procedimentos cirúrgicos que comprometem os ovários interferem no aparecimento da menopausa, que chega de forma precoce. A retirada do endométrio pode diminuir muito o sangramento, assim como o DIU medicado.
Saiba mais: Conheça os métodos para interromper a menstruação
O que leva a paciente a procurar um tratamento para suspender a menstruação é a qualidade de vida. As mulheres necessitando trabalhar cada vez mais e de forma competitiva. Precisam, conforme o caso, diminuir ou suspender a menstruação, e hoje em dia já podem contar com tratamentos que não causem menopausa precoce ou a infertilidade.