Graduada em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP); realizou Extensão em Dentíst...
iBruxismo é uma palavra derivada do grego "brýkhmós" ou briquismo, que significa ranger os dentes. Esse é um hábito parafuncional, isto é, um movimento da mandíbula que não faz parte da função fisiológica (normal). Raramente quem tem bruxismo percebe que range os dentes, a não ser que alguém que dorme ao lado escute e conte. Além gerar desconforto para quem ouve, o bruxismo traz várias consequências como desgastes acentuados nos dentes, dores na musculatura da face, dores de cabeça, pescoço, ombros, ouvidos, distúrbios na ATM (articulação temporomandibular), fraturas de dentes e restaurações.
Chamamos de bruxismo "excêntrico" o ato inconsciente de movimentar a mandíbula e esfregar os dentes, que ocorre geralmente durante o sono. Existe também o bruxismo "cêntrico", que se caracteriza por uma atividade semivonluntária de apertamento constante dos dentes, mais frequente durante o dia.
A doença não tem relação direta com a faixa etária, apesar de ser muito comum em crianças. Estudos mostram que 30% dos pequenos entre três a seis anos de idade apresentam o sintoma.
Está na crendice popular que ranger os dentes é sinal de que a criança tem de vermes. Na verdade, a verminose pode até desencadear, porém, na imensa maioria das vezes, o bruxismo é causado por outros motivos.
Bruxismo em crianças
Até os seis anos, a criança provoca o desgaste das pontas dos caninos através dos movimentos de lateralidade. Essa atividade muscular estimula o crescimento das bases ósseas para receber os dentes permanentes. Esse é o bruxismo "fisiológico".
Já o bruxismo "patológico" provoca um desgaste dental exagerado e a criança pode apresentar dores musculares, dores de cabeça ou dores na ATM (articulação temporomandibular).
Conhecemos algumas causas do bruxismo na infância:
- Fatores oclusais: quando existem pontos nos dentes que impedem a mordida de ter um bom encaixe;
- Fatores de ordem sistêmica: deficiências nutricionais, distúrbios neurológicos (p. ex. autismo);
- Fatores emocionais: estresse pelo excesso de atividades, a chegada de um irmão, divórcio na família, mudança de escola;
- Hábitos alimentares inadequados: crianças que não mastigam alimentos consistentes, duros e não exercitam a mastigação adequada podem suprir esta necessidade rangendo os dentes.
Existem poucos trabalhos científicos falando sobre o bruxismo infantil e não conhecemos todas as causas, por isso cada paciente deve ser cuidadosamente analisado.
Se a causa for uma interferência dental, o ajuste oclusal ou o uso de aparelho será indicado. O uso de placas de mordida para crianças é um muito discutível, pelo fato de interferir no crescimento natural da arcada dentária. Dependendo do caso pode ser necessária a ação de outros profissionais da saúde como pediatras, psicólogos, otorrinolaringologistas e fonoaudiólogas.
Bruxismo em adultos
Nos adultos a situação é semelhante. As causas estão muito associadas ao estresse emocional e físico, ao alinhamento incorreto dos dentes, a oclusão desbalanceada dos dentes (quando alguns dentes tocam mais forte que outros), a dificuldade de fechar e abrir a boca de modo bem centralizado.
Os dentistas são profissionais indicados para fazer o diagnóstico e tratamento do bruxismo. O tratamento pode compreender desde o ajuste oclusal, uso de placas miorrelaxantes e até a reabilitação funcional com próteses. Os fisioterapeutas podem oferecer tratamento de suporte para dor muscular. Outro ponto importante é diminuir a tensão psicológica, usando por exemplo a prática de esportes e exercícios de relaxamento. Depressão e ansiedade devem ser medicados pelo médico e/ou controlados com a psicoterapia.
As pessoas que tem bruxismo dormem mal e muitas vezes não sabem por que acordam cansadas ou ficam com sonolência ao longo dia. O distúrbio torna o sono superficial, ou seja, a pessoa não atinge o sono profundo enquanto range ou aperta os dentes.
Hoje sabemos da importância do sono para a saúde. As consequências de um sono de má qualidade vão desde estresse e ansiedade até complicações cardiovasculares.
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O exame de monitoramento do sono, chamado polissonografia, pode ser necessário para confirmar o diagnóstico de distúrbio do sono.
Atualmente temos descritos 80 diferentes distúrbios do sono, entre eles a apneia e o bruxismo, sendo estes diretamente relacionadas à prática odontológica.
Ao perceber alguns desses sintomas procure ajuda profissional. Além do médico neurologista ou especialista em sono, o dentista também vai auxiliar no diagnóstico e tratamento.