O Dr. André Guilherme Cavalcanti é o presidente eleito da Sociedade Brasileira de Urologia - Seccional RJ (Biênio 2014-2...
iPequenos desvios do pênis são avaliados como naturais e fazem parte das características pessoais de cada indivíduo. Mas existem doenças que causam o entortamento mesmo do órgão sexual masculino.
Órgão de tecido vascular, o pênis internamente é formado por dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso, e na sua extremidade encontra-se a glande. Essas estruturas são envolvidas por uma membrana elástica, conhecida como túnica albugínea, que durante o processo de ereção, se distende. Entre eles, está a entrada e retenção de sangue nas cavidades dos corpos cavernosos e esponjoso, estruturas parecidas com esponjas que se enchem de sangue para produzir a ereção.
Qualquer fibrose que prejudique a expansão da túnica albugínea vai comprometer a ereção peniana. É o que acontece na doença de Peyronie, associada ao aparecimento de placas fibrosas nos corpos cavernosos do pênis, muitas vezes sentidas e palpadas pelo próprio paciente. Caracteriza-se pela curvatura do pênis e dor durante a ereção. Geralmente, essa curvatura faz com que o pênis se posicione para cima, mas ele pode curvar-se para o lado ou para baixo. A causa é a formação de uma placa de fibrose na túnica albugínea, provocando distorções na forma e inclinação do pênis, o que compromete a função sexual. O diagnóstico é um fator de impacto e ansiedade na vida do paciente.
Essa alteração se manifesta principalmente depois dos 50 anos, mas pode acometer os jovens também, na faixa dos 28 anos. A incidência em homens da mesma família pode acontecer, mas não existem relatos científicos sobre a questão hereditária. Na maioria dos casos, o problema desaparece espontaneamente ou com o uso de medicamentos adequados. Às vezes, o casal se adapta à curvatura porque não interfere na relação sexual. Menos da metade dos pacientes é encaminhada para cirurgia para corrigir o desvio.
O diagnóstico é simples, pois na maioria dos casos, pode-se apalpar o nódulo no paciente, na curvatura do pênis e com o relato de dor durante a ereção. O exame de ressonância magnética permite visualizar a placa, mas a necessidade de pedir esse exame é considerada rara.
O pênis torto congênito é uma situação onde o homem já nasce com a deformidade, que se torna geralmente incômoda com o início da atividade sexual. Estes homens em geral não trazem a queixa de encurtamento peniano (diminuição do tamanho), uma vez que sempre conviveram com o pênis torto. Já na curvatura adquirida, existem casos de homens que tinham um pênis previamente normal e que experimentam uma curvatura progressiva, geralmente associada ao encurtamento de pênis.
Há situações em que o pênis torto-congênito ou adquirido passa a causar desconforto e dificuldade para a penetração, prejudicando tanto ao homem como a sua parceira. A medicina urológica relata casos de tortuosidade congênita, questões associadas principalmente à aparência estética.
Se o entortamento configura um problema para o ato sexual, o homem deve procurar um urologista para que seja avaliado o grau de curvatura e definido junto com o médico o impacto na qualidade da relação sexual e as possibilidades de tratamento. Apesar da existência de possibilidades de tratamento conservador, os tratamentos cirúrgicos são em geral mais efetivos na retificação do pênis. O tipo de tratamento, com cirurgia de correção da curvatura, deve ser definido a partir do grau de curvatura, tamanho do pênis e qualidade da ereção. A cirurgia é feita de forma rápida e segura e tem como finalidade principal tornar o pênis mais retificado possível, para permitir a penetração sem dor, podendo provocar um pequeno encurtamento do pênis. Em alguns procedimentos é realizado o encurtamento do lado contrário à curvatura e em outros casos, com o uso de enxertos, o alongamento do lado curvo. Frequentemente, em diagnósticos de pacientes com grau significativo de impacto na ereção, podemos optar pelo implante de próteses penianas.