A execução de procedimentos estéticos em odontologia requer, na grande maioria dos casos, o encaixe correto e o alinhamento adequado dos dentes. Isso porque a estética só pode ser executada e mantida quando existe saúde dos tecidos dentais e periodontais, além de função mastigatória equilibrada. Nesse contexto, é comum indicarmos, previamente ao tratamento reabilitador estético, os pacientes para os ortodontistas - que são os profissionais especializados em correção da posição dentária através do aparelho ortodôntico.
Assim como em qualquer área profissional, os ortodontistas seguem linhas de tratamento distintas, embora a grande maioria delas alcance resultados satisfatórios e duradouros. A demanda do paciente e as características do seu caso clínico devem determinar o tipo de aparelho e mecânica a ser empregada, sempre respeitando o comportamento biológico dos tecidos envolvidos na movimentação dentária.
Classicamente, os braquetes metálicos são os mais comumente utilizados pelos ortodontistas, com a obtenção de resultados favoráveis, embora sejam considerados antiestéticos. Por esse motivo, muitos pacientes (principalmente os adultos) não se animam com o tratamento ortodôntico ou desistem do tratamento após curtos períodos.
Nesse cenário, surgiram os alinhadores invisíveis (similares a placas de clareamento), que utilizam métodos sofisticados para produzir os alinhadores individualizados, com softwares tridimensionais que permitem visualizar os planejamentos e resultados almejados. Estes ?aparelhos? são substituídos a cada 15 dias de uso, aproximadamente.
Após o ortodontista fazer uma moldagem individualizada da boca do paciente, esta será enviada para os Estados Unidos, onde passará por uma tomografia computadorizada obtendo um modelo digital tridimensional dos seus dentes com precisão extrema. Por meio de um software CAD (desenho assistido por computador), obtém-se a simulação da movimentação dentária. O especialista verá, modificará e aprovará o tratamento antes dos alinhadores serem fabricados. Se aprovado o planejamento, é feita uma estereolitografia para construir os modelos dos dentes para cada etapa do tratamento. Os alinhadores são fabricados sobre estes modelos e enviados ao ortodontista aqui no Brasil.
Esse sistema tem indicação para quase todos os tipos de maloclusões, mas tudo vai depender da habilidade do ortodontista em planejar o caso e a sua experiência com a técnica. Os casos mais comuns são os de apinhamentos dentários, tanto na arcada superior quanto na arcada inferior. Com suficiente conhecimento da técnica e eventualmente alguns aparatos auxiliares no tratamento, boa parte das mordidas erradas podem ser corrigidas com este sistema.
O tempo de tratamento varia tanto quanto um tratamento convencional, diretamente proporcional à gravidade do problema. O tempo mínimo tem sido cinco meses, e pode se alongar até quatro anos. Para um tratamento sem que o paciente desanime, um período de até 18 meses é o mais indicado.
Algumas das vantagens desta técnica são a parte estética (praticamente invisível) e o conforto do paciente ao poder remover o aparelho. Além, do fundamental que é a higiene.
As desvantagens começam pelos valores. É um tratamento bem mais caro do que o convencional, devido à alta tecnologia utilizada na sua fabricação. A média de preço pode variar muito de profissional para profissional. Os valores podem ser cobrados da maneira mais tradicional, que consiste no pagamento do aparelho, e as manutenções mensais; ou como os americanos e já uma parte dos dentistas daqui do Brasil cobram, como um pacote fechado de tratamento.
Adicionalmente, a efetividade deste tratamento é diretamente ligada ao comprometimento do paciente, que deve usar cada alinhador por volta de 20 horas por dia.
Existem alternativas mais acessíveis no mercado, em termos de preço, e similares à técnica norte-americana, mas nenhuma com a mesma tecnologia empregada. Os resultados produzidos, por motivos óbvios, não alcançam a mesma previsibilidade. O sucesso vai depender da habilidade do ortodontista em utilizar todos os recursos que a técnica oferece, e poder planejar o caso da melhor forma possível.
Este artigo foi escrito em parceria com a ortodontista Juliana Romanelli Abi Faraj, especialista também em ortopedia facial.