Possui graduação em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (1987), mestrado em Medicina (Dermatologia) pela Uni...
iA celulite infecciosa é uma infecção cutânea frequente, que não deve ser confundida com a celulite comum (lipodistrofia ginóide). O último quadro consiste nas depressões da pele nas áreas corporais com gordura que é chamado também de "celulite" de forma errônea, mas que é essencialmente uma queixa estética. Já a celilite infecciosa, muitas vezes também diagnosticada como erisipela ou fogo de Santo Antônio, tem uma abordagem completamente diferente.
A celulite infecciosa é causada geralmente pela bactéria Streptococcus B, hemolítico do grupo A (mais raramente por outras bactérias), pode ocorrer em ambos os sexos e é mais frequentemente está presente entre a quinta e sexta década de vida. Sua incidência é de 10 a 100 casos a cada 100.000 habitantes por ano e nessa incidência é também computada a erisipela, pois são semelhantes. Os membros inferiores e o rosto são as áreas mais acometidas.
Doenças de pele preexistentes (como micose nos pés e unhas, assaduras, úlcera, etc), traumas, feridas operatórias e alterações vasculares (como insuficiência venosa), poliomielite, infecção nos ossos (osteomielite), inchaço por retenção de linfa (linfedema) e fatores de risco como o diabetes mellitus, o etilismo, a corticoterapia (tratamento com corticóide), a quimioterapia e câncer são fatores que podem aumentar a freqüência da doença.
A celulite infecciosa se apresenta como uma área dolorida, avermelhada, com calor local e inchaço, com possível porta de entrada (ou seja, ferida de pele). O quadro, quando piora, provoca febre, calafrios, mal estar, enjoo, vômitos e se ocorrer no rosto pode piorar em poucas horas, especialmente quando ocorre nas crianças.
O tratamento deve ser instituído imediatamente com o uso de antibióticos apropriados, na grande maioria das vezes, doses sistêmicas (intramuscular ou endovenosa), pelo menos no início do tratamento, seguindo para o antibiótico via oral se o processo melhorar com as medidas iniciais. Boa parte dos pacientes, portanto, são internados para observação e tratamento.
Sem tratamento e diagnóstico há progressão da doença resultando numa infecção grave, podendo evoluir para um abscesso, destruição da região acometida, associar-se à trombose venosa profunda, seguido da disseminação bacteriana e óbito numa frequência que varia de 0,5 a 20% dos casos. Até 12% dos casos podem ter novas crises em até seis meses após o primeiro quadro, principalmente se houver fatores predisponentes citados anteriormente.
Deve-se procurar assistência médica o mais rápido possível, e há óbito justamente pela desvalorização do processo e desinformação dos pacientes, com atraso no tratamento, que por si só já é complicado pela possibilidade de falta de resposta ao antibiótico ou o quadro já estar numa fase de infecção generalizada.