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Existe uma tendência atual a partir das diretrizes nacionais e internacionais em substituir o termo clássico sinusite por rinossinusite em virtude da dificuldade de se estabelecer limites precisos para os processos inflamatórios que acometem a mucosa do nariz e dos seios paranasais. Os seios da face ou paranasais são cavidades aeradas localizadas na região anterior do cranio que se comunicam com a cavidade nasal através de óstios (orifícios) de ventilação e drenagem. Os seios paranasais recebem o nome de acordo com o osso em que se encontram: seios frontais (na testa), maxilares (região das bochechas), etmoidais (próximo aos olhos) e esfenoidais (só é visualizado internamente).
A rinossinusite é definida como um processo inflamatório da mucosa do nariz e dos seios paranasais em que ocorre a presença de entupimento nasal, secreção nasal anterior (é aquela que vai sair pelo nariz) ou posterior (aquela que se aloja na faringe posterior), dor ou pressão facial e ou redução ou perda do olfato. Podem ocorrer sintomas gerais como mal estar e febre (nem sempre está presente), irritação na faringe, laringe e traqueia, dor de garganta, disfonia e tosse. Há achados na endoscopia nasal: pólipos (são pequenos crescimentos benignos de tecido inflamado na camada mucosa do nariz ou dos seios paranasais, que fazem saliências para dentro deles), secreção mucopurulenta (amarelo esverdeada) e edema. Na tomografia computadorizada pode haver alterações da mucosa do complexo ostiomeatal (via final comum de drenagem dos seios frontal, etmoidal anterior e maxilar) ou dos seios paranasais.
A rinossinusite pode estar relacionada com alergia, pólipos e com processos infeciosos virais, bacterianos e fúngicos. O tipo viral é o mais comum. Acredita-se que um adulto possa apresentar 2 a 5 resfriados por ano e uma criança 6 a 10 episódios por ano. Destes episódios virais 0,5 a 10% evoluem para infeção bacteriana.
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Tratamento
O objetivo do tratamento da rinossinusite é erradicar a bactéria do local da infecção, diminuir a duração dos sintomas, prevenir complicações e evitar a cronificação. O tratamento da rinossinusite bacteriana deve ser realizado com antibióticos, baseando-se na frequência da presença de bactérias que podem ser diferentes na rinossinusite aguda e crônica. O período de tratamento na rinossinusite aguda é de 10 a 14 dias. Os pacientes que não fizeram uso de antibióticos nas últimas quatro a seis semanas utilizarão antibióticos de espectro habitual. Para aqueles que utilizaram antibióticos nas últimas quatro a seis semanas ou apresentam doença moderada a grave deve-se orientar antibióticos de maior largo espectro.
Na rinossinusite crônica o tratamento com antibióticos deve seguir por um período de três a seis semanas baseando-se nos agentes mais prevalentes. Uso de baixas doses de antibióticos específicos por longos períodos pode ser considerado. Tratamento cirúrgico para esses casos pode ser indicado. Corticoesteroides por curtos períodos são utilizados tanto na rinossinusite aguda como na crônica. Corticoesteroides tópicos podem ser indicados como tratamento coadjuvante na rinossinusite crônica. Lavagem nasal com soluções de soro fisiológico sem conservante é importante para os dois tipos de quadro. Podem ser utilizados em curto prazo descongestionantes tópicos ou sistêmicos para os casos agudos. Na rinossinusite crônica deve ser orientado o controle ambiental, a diminuição a exposição a fumaça de cigarro e cessação do tabagismo.
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Caso o antibiótico seja receitado sem necessidade, se houver orientação de uma proteção gástrica, não acontecerá nenhum prejuízo para o paciente. Porém se isso ocorrer várias vezes o paciente pode se tornar resistente a essas bactérias. O mais importante é estar acompanhando talvez neste caso com um médico especialista que possa distinguir bem entre processo viral e bacteriano e no caso de rinossinusite crônica ou recorrente investigar causas diversas para estabelecer um diagnóstico preciso.
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Como se suspeita que um quadro é viral ou bacteriano?
Classicamente coriza clara e aquosa acontece em processos virais ou alérgicos e a medida que a coriza vai se tornando mucopurulenta ou purulenta (amarelo esverdeada) pensa-se em processo bacteriano. Na prática isso nem sempre é verdadeiro pois a secreção purulenta também ocorre em infeções virais. Não existe qualquer sintoma específico e exclusivo para o diagnóstico diferencial entre as infecções virais e bacterianas dos seios paranasais.
A suspeita de uma rinossinusite bacteriana após um quadro viral deve ser considerada quando as manifestações permanecem após 10 dias ou pioram após 5 dias.
A obstrução nasal e congestão nasal são sintomas mais comuns na rinossinusite aguda, nos quadros crônicos não aparecem tanto e quando isso ocorre estão relacionados com rinite alérgica e desvio do septo nasal. Aparecem nas infeções virais e bacterianas.
A dor facial pode estar presente nas rinossinusites virais ou bacterianas, nos quadros virais a cefaleia é difusa e intensa, na bacteriana é "em peso" e piora com a inclinação da cabeça para frente. Pode haver dor dentária na mastigação. Dor facial é incomum na rinossinusite crônica, pode sugerir reagudização. Alterações olfatórias podem aparecer nos casos virais ou bacterianas.
Sintomas que apontam para rinossinusite bacteriana de forma contundente: drenagem de secreção mucopurulenta posterior, edema envolta dos olhos, halitose, hiperemia (vermelhidão) da região posterior da orofaringe, dor à palpação facial.
Diagnóstico
A história clínica e o exame otorrinolaringológico geralmente é suficiente para estabelecer o diagnóstico. O estudo radiológico convencional dos seios paranasais e rinofaringe é uma técnica cada vez menos utilizada, pois não avalia com exatidão a extensão da inflamação. O exame de imagem de escolha para confirmar o diagnóstico e verificar a extensão da doença é a tomografia computadorizada. Deve ser utilizada para casos crônicos e de difícil resposta ao tratamento clínico. Ressonância magnética deve ser utilizada quando há suspeita de neoplasia ou para sinusite fúngica. A endoscopia nasal é muito útil para identificação de desvio de septo, pólipos, visualização da mucosa nasal e do aspecto da secreção, podendo se retirar material para bacteriologia. A punção do seio maxilar com retirada de material para identificação da bactéria não é um método rotineiro, pois é muito invasivo. A solicitação de um perfil para avaliação de deficiências imunológicas para pacientes com rinossinusite crônica e recorrente é fundamental. Há exames que podem ser realizados quando existe suspeita de alteração do transporte mucociliar.