Cirurgião-geral pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pela Universidade de São Paulo (USP). É...
iAs operações bariátricas e metabólicas tem sido cada vez mais indicadas para o tratamento da obesidade e de suas doenças associadas, cujo carro-chefe é o diabetes tipo 2. As suas indicações, constantes de resolução do Conselho Federal de Medicina (RESOLUÇÃO CFM Nº 1.942/2010) são baseadas em evidências científicas frágeis e muito antigas, de 1991.
Isso não é exclusivo do Brasil, já que são quase todos os países que seguem a indicação para cirurgia baseada somente no índice de massa corpórea (IMC) do paciente. As indicações atuais são: pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40 kg/m2 e pacientes com IMC maior que 35 kg/m2 que apresentem comorbidades (doenças agravadas pela obesidade e que melhoram quando a mesma é tratada de forma eficaz) que ameacem a vida, tais como diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronariana, osteo-artrites e outras.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em conjunto com as Sociedades Brasileira de Diabetes e Endocrinologia estão buscando formas de submeter ao CFM novas alternativas para indicação operatória baseadas na gravidade do paciente e não somente no IMC. Isso é baseado em diversos estudos nacionais e internacionais que demonstraram maior benefício das cirurgias bariátricas e metabólicas em relação aos tratamentos clínicos.
Como é o pré-operatório daqueles que serão submetidos a operações bariátricas e metabólicas? A perda de peso antes das cirurgias é assunto controverso. Ainda não se comprovou em estudos comparativos significante benefício se houver qualquer perda ponderal no período que antecede a cirurgia. A alimentação nesse período deve ser balanceada e sem exageros. A maioria das equipes multidisciplinares que cuidam dos pacientes de bariátricas, pede aos pacientes manter dieta líquida 24 horas antes das intervenções.
Idealmente, os fumantes devem parar cerca de 30 dias antes da data da cirurgia para diminuir as chances de complicações pulmonares pós operatórias. Porém, às vezes, isso é difícil de ser conseguido. Solicitamos então aos pacientes ao menos diminuírem o número de cigarros fumados e planejamos intensificar o cuidado com fisioterapia respiratória logo depois da cirurgia.
Um dos grandes progressos em cirurgia do aparelho digestivo, principalmente da cirurgia bariátrica, é o acesso por videolaparoscopia, isto é, por pequenas incisões, o que traz muitas vantagens como menos dor no pós-operatório e menor comprometimento pulmonar.
Antes das operações, o paciente deve ser orientado sobre seu pós-operatório, conversar com a nutricionista e outros profissionais envolvidos no seu cuidado, como endocrinologistas ou outros especialistas, dependendo das doenças associadas à obesidade.
A cirurgia bariátrica e metabólica, quando bem indicada, é a melhor opção para o tratamento das devastadoras doenças associadas à grande epidemia global do século XXI que é a obesidade.