Redatora de conteúdos sobre saúde, alimentação e bem-estar.
A puberdade precoce ocorre quando o corpo da criança começa a desenvolver sinais típicos da puberdade, porém antes da idade considerada normal. Na maioria dos casos, isso ocorre quando as meninas começam a apresentar crescimento dos seios antes dos oito anos de idade ou quando os meninos começam a apresentar aumento dos testículos antes dos nove anos.
Outra condição associada à puberdade precoce é que, nessa fase, também ocorre aumento da velocidade de crescimento e, quando a puberdade começa muito cedo, a estatura final da criança pode ser prejudicada. Além disso, há questões psicológicas envolvidas. "Uma garota de oito ou nove anos que apresente corpo de mulher se sente completamente diferente de suas amigas. O mesmo acontece com os meninos, que começam a engrossar a voz antes de todos os outros e a apresentar pelos no corpo", pondera a hebiatra e pediatra Andrea Hercowitz, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Todos esses fatores acabam interferindo na autoestima da criança, que, normalmente, já é mais instável nessa fase.
Algumas dúvidas são comuns após o diagnóstico dapuberdade precoce:
Como o tratamento da puberdade é definido?
O tratamento da puberdade precoce depende da sua causa. Quando ela é GnRH-dependente (chamada de central por ser ocasionada por alterações no sistema nervoso central), o tratamento se dá pelo uso de hormônios para bloquear o eixo hormonal que provoca sua antecipação. A ativação desse eixo ocorre quando a hipófise, glândula localizada no cérebro, começa a liberar hormônios que estimulam as gônadas (ovários e testículos) a trabalharem, liberando os hormônios sexuais (estrógeno e testosterona), que começarão a agir no organismo provocando as alterações da puberdade.
Atualmente, o tratamento da puberdade precoce central é realizado com análogos de GnRH, um hormônio sintético que bloqueia o trabalho da hipófise, deixando o eixo inativo. Entretanto, ele não é recomendado para todas as faixas etárias e quem deve determinar seu uso é o médico que acompanha o caso. "O medicamento é indicado até uma certa idade e determinado pela avaliação clínica completa, previsão da estatura final, idade óssea e pelo momento puberal da criança ao iniciar o tratamento", aponta o endocrinologista e pediatra Felipe Monti Lora, membro do Centro de Excelência em Obesidade Infantil do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.
Quando a puberdade precoce não é dependente do GnRH, suas causas podem ser orgânicas e o tratamento pode ser cirúrgico ou radio/quimioterápico.
No entanto, quando a puberdade precoce é causada por algum outro fator, como tumores na hipófise ou alguma modificação nas gônadas, esse problema deve ter a prioridade de tratamento, antes de se iniciar a terapia para bloquear a puberdade.
Além disso, mesmo que a puberdade precoce não tenha causa aparente, o diagnóstico tardio pode fazer com que o tratamento não seja efetivo. "Depois da menstruação em meninas, por exemplo, é mais difícil bloquear o eixo e será avaliada pelo médico a efetividade de iniciar o tratamento ou não", afirma Lora. A decisão é feita pelo especialista conforme as características de cada paciente.
Como é o acompanhamento?
Na maioria dos casos, a puberdade precoce ocorre por algum problema desconhecido na hipófise e o acompanhamento varia conforme o tratamento definido pelo especialista - que pode adotar ou não o uso de medicamentos para bloquear a puberdade.
Ao se optar pelo tratamento medicamentoso, consultas de controle são necessárias. "Com tratamento, o ideal é que o médico veja o paciente a cada seis meses para observar a resposta ao medicamento", explica a hebiatra e pediatra Andrea Hercowitz.
Agora, quando o médico responsável acredita que não é mais possível bloquear o avanço da puberdade, é preciso um acompanhamento ainda mais próximo. "É necessário fazer consultas a cada quatro meses, para avaliação da progressão desta puberdade e do crescimento", considera a especialista.
Como saber que o tratamento está fazendo efeito?
Quando a criança é tratada, os resultados aparecem por meio da desaceleração dos sintomas de puberdade, ou seja, diminui o ritmo de crescimento e não ocorre mais o aparecimento de novos pelos pubianos ou no resto do corpo. "Além disso, é normal que as meninas apresentem um pequeno sangramento vaginal logo que começam a realizar o tratamento", explica o endocrinologista pediátrico Felipe Monti Lora.
Muitas vezes, alguns exames de acompanhamento são necessários para detectar como está a recuperação, principalmente se houve uma desaceleração no desenvolvimento da idade óssea da criança. Isso é avaliado por meio de um raio X das mãos e dos punhos. Nele, o tamanho dos ossos é mensurado conforme alguns padrões médicos, para determinar como está a evolução do crescimento ósseo.