Redatora de conteúdos sobre saúde, alimentação e bem-estar.
A puberdade precoce se caracteriza pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais antes da idade correta. Em geral, ela se caracteriza quando meninas com menos de oito anos começam a apresentar crescimento inicial dos seios e quando meninos com menos de nove anos começam a ter aumento do volume dos testículos.
Pode parecer algo não tão complexo, mas a puberdade precoce envolve o desenvolvimento de um corpo de adolescente em crianças que ainda não estão preparadas para isso, tanto física quanto emocionalmente. O problema não é previnível, mas detectar e buscar tratamento desde cedo é o ideal. "Os riscos são ocasionados pela exposição precoce aos hormônios sexuais e suas alterações, por isso, esses problemas são menores em que recebe o tratamento", explica o endocrinologista pediátrico Felipe Monti Lora, membro do Centro de Excelência em Obesidade Infantil do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.
Veja a seguir quais os principais riscos aos quais as crianças com puberdade precoce estão expostas:
Saiba mais: Puberdade precoce: entenda melhor como é feito o diagnóstico
Impacto no crescimento e estatura
Quando mais cedo o corpo da criança entra na fase de puberdade, mais cedo os hormônios sexuais atuam, fazendo com que as cartilagens dos ossos se fechem, impedindo o crescimento. "Para os ossos crescerem, é preciso haver áreas de cartilagem onde as células se multiplicam para aumentar seu tamanho. Assim, em cada fase da vida, atribuímos uma idade ao osso (que não é nossa idade cronológica) e espera-se um determinado crescimento", explica o endocrinologista pediátrico Felipe Monti Lora. O resultado é crianças com puberdade precoce atingem alturas menores do que poderiam.
Questões psicológicas
A puberdade é um momento de transformações físicas, mas também de mudanças comportamentais e psicológicas. "É nesta fase que os banhos em família são suspensos e as portas passam a ser trancadas. Imagine estas mudanças em crianças, que ainda não estão preparadas para isso e não vêm as mesmas modificações físicas em seus amiguinhos?", comenta a hebiatra Andrea Hercowitz, pediatra especializada em adolescentes, do Hospital Israelita Albert Einstein. Lidar com a diferença entre si mesma e os amigos é um ponto sensível também para a criança com puberdade precoce, e ela pode acabar sofrendo com isolamento social, agressividade ou mesmo comportamento depressivo.
Transtornos de humor
Um estudo publicado no jornal científico The Obstetrician & Gynaecologist Journal em 2012 mostrou que meninas com puberdade precoce tinham mais chances de desenvolver transtornos de humor. Não se sabe ao certo a causa disso, mas provavelmente há relação com a diferença entre a idade física e cronológica. "O aparecimento dos caracteres sexuais secundários em meninas jovens pode desencadear problemas psicológicos e sociais, o que está diretamente relacionado com a forma com que os adultos ao seu redor agem, no que diz respeito ao acolhimento, orientação e exigências", explica a hebiatra Andrea.
Além disso, existem evidências de que os hormônios da puberdade não atuam só nos órgãos sexuais, mas também no cérebro. "Talvez a exposição precoce ao aumento de quantidade desses hormônios torne maior a incidência de transtornos em um cérebro mais suscetível e imaturo", argumenta o endocrinologista Lora.
Gravidez na adolescência
A discrepância entre corpo e mente também tornam essas meninas mais propensas a começarem a vida sexual mais cedo, e sem prevenção, tornando-as suscetíveis à gravidez na adolescência. "Corpos maduros e férteis em indivíduos imaturos e pouco informados passam a ser um risco quando se fala de prevenção, tanto de gravidez quanto de doenças sexualmente transmissíveis", considera Andrea.
Problemas de fertilidade
Por ser um quadro que afeta os hormônios sexuais, há chances de a puberdade precoce afetar a fertilidade de quem a apresenta. Principalmente se for um quadro secundário, ou seja, em que o problema está nas glândulas sexuais. "As meninas com puberdade precoce causada por hiperplasia de suprarrenal, por exemplo, apresentam altos níveis de androgênios, o que podem levar à infertilidade", considera a hebiatra.
Cânceres do aparelho reprodutor
Alguns tipos de câncer que ocorrem no aparelho reprodutor são estimulados pela presença de hormônios sexuais no corpo, e o estrógeno (hormônio sexual feminino) é um dos mais relacionados a esse problema. Como a criança está exposta a sua ação desde cedo, isso representa um perigo! "Quanto maior a presença do estrogênio, maior o estímulo para o aparecimento desses cânceres e, portanto, maior o risco", considera o endocrinologista pediátrico Lora.