Cirurgião-geral pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pela Universidade de São Paulo (USP). É...
iQualquer intervenção cirúrgica tem seus riscos de complicações e até mortalidade. Esses riscos dependem de alguns fatores como a experiência da equipe cirúrgica e da gravidade das doenças associadas à obesidade.
A chance de sucesso de uma operação bariátrica hoje em dia, sem óbito, é de 99,85% em Centros de Excelência.
O índice de complicações severas, que defino como aquelas que requerem alguma intervenção, seja por meio de tratamento clínico ou mesmo reoperações, é pequeno, por volta de 1 a 2%. Com o acesso laparoscópico, aperfeiçoamento dos materiais e treinamento das equipes cirúrgicas, esse número é pequeno.
Via de regra, as complicações são relacionadas à quantidade e gravidade das doenças associadas. Vale a pena salientar que as enfermidades que acompanham a obesidade, como o diabetes tipo 2, apneia do sono dentre outras, reforçam a indicação operatória e compensá-las antes das cirurgias é importante para menores índices de complicações.
As complicações mais comuns nos procedimentos bariátricos e metabólicos são os vazamentos de costuras (chamadas fistulas) e a embolia pulmonar (que é comum a muitas cirurgias e mais frequente em cirurgias ortopédicas, por exemplo, do que as bariátricas). Esta última é prevenida com o uso de meias elásticas, compressores mecânicos dos membros inferiores e uso de anticoagulantes (medicações para "afinar o sangue"). Já as fístulas de maneira geral requerem reintervenção, seja por laparoscopia ou cirurgias abertas convencionais e recentemente até mesmo por endoscopia em casos selecionados. Outras complicações como sangramentos digestivos, intra-abdominais e até mesmo obstruções intestinais são menos frequentes ainda.
A principal complicação que é a fístula ocorre geralmente precocemente, nos primeiros dias e normalmente os pacientes ainda estão internados. Os sinais mais comuns são agitação, dor abdominal ou no ombro esquerdo e aumento da frequência cardíaca. Esses sinais precoces servem de alerta para a equipe médica para a investigação da causa, já que eles são comuns às fistulas e embolias pulmonares. A opção de tratamento clínico, cirúrgico ou endoscópico vai depender das condições do paciente, se está com repercussões sistêmicas, como hipotensão e outros sinais de infecção.
Os sangramentos de dentro da cavidade abdominal também ocorrem ainda durante a internação e os sinais de dor abdominal e taquicardia estão presentes, além de palidez das mucosas e pele se o sangramento for de alto volume. Já os digestivos, aqueles que aparecem de dentro do tubo digestivo, podem ser mais tardios (7 a 10 dias) e se exteriorizam através de vômitos ou fezes com sangue. Esses sinais devem ser imediatamente reportados ao médico assistente ou requerem a ida ao Pronto-Socorro.
Reforço que quando realizadas por equipes experientes, as complicações e mortalidade em cirurgia bariátrica atualmente são em número pequeno e se ocorrerem devem ser prontamente reconhecidas e tratadas pela equipe médica.
As vantagens de perda ponderal, remissão de doenças graves e finalmente aumento da sobrevida a longo prazo quando a cirurgia é indicada corretamente, são incomparavelmente maiores que os pequenos índices de complicações e baixo índice de mortalidade, menor que muitas operações de grande porte.