Graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Possui especialização em Pediatria e Pneumologia...
iConjuntivite alérgica é um processo inflamatório da conjuntiva (cobertura delicada e sensível que recobre a córnea e parte interna da pálpebra) mediado por um mecanismo imunológico. Pode haver a participação de um anticorpo denominado IgE-Imunoglobulina E, que caracteriza a chamada resposta do tipo I. Nos indivíduos predispostos os alérgenos se ligam a IgE, esta se prende às células chamadas de mastócitos e basófilos, acontece uma reação e a degranulação destas células determina a liberação de mediadores químicos que são responsáveis pelos sintomas. Esta é uma reação rápida e imediata.
A conjuntivite alérgica caracteriza-se por apresentar coceira nos olhos, vermelhidão, lacrimejamento, edema (inchaço) conjuntival e palpebral (às vezes a pessoa não consegue abrir os olhos), pode haver a presença de secreção que geralmente é serosa, fotofobia, sensação de corpo estranho (impressão de haver areia nos olhos), ardência e pode haver borramento da visão. Os sintomas são geralmente bilaterais, ou seja, ocorrem nos dois olhos e pioram com o clima quente e seco. A associação da conjuntivite alérgica com a rinite alérgica é muito comum chamando-se de rinoconjuntivite alérgica.
Quais as opções de tratamento?
O tratamento pode ser realizado pelo alergologista e/ou oftalmologista. A higiene ambiental é recomendada caso haja envolvimento de alérgenos comprovados pelo teste alérgico, com atenção especial à colocação de capa de colchão e travesseiro especiais para os indivíduos sensíveis à poeira doméstica, assim como exclusão de animais domésticos àqueles alérgicos a epitélios de animais.
Ambientes com ar condicionado, cigarro, poluentes também podem estar envolvidos nas causas da conjuntivite alérgica, portanto o ideal seria evitá-los.
A imunoterapia, tratamento com vacinas tanto subcutâneas como sublinguais, é eficaz e pode ser considerada como uma opção terapêutica. É um tratamento longo com duração mínima de três anos, baseado no resultado positivo do teste alérgico de leitura imediata para inalantes.
Colírios para conjuntivite alérgica
Compressas frias e geladas com agua filtrada ou soro fisiológico podem aliviar o sintoma da coceira.
O tratamento farmacológico pode ser realizado com colírios e se necessário com anti-histamínicos via oral (cuidado pois podem provocar ressecamento nos olhos). Veja os principais tipos de colírios usados:
- Colírios estabilizadores de mastócitos: Utilizados na prevenção das crises (de coceira, vermelhidão, lacrimejamento, secreção) inibindo a degranulação das células chamadas de mastócitos e a liberação das interleucinas prevenindo os sintomas. O início do efeito é de duas semanas. O inconveniente de alguns destes medicamentos é que devem ser utilizados quatro vezes por dia
- Colírios anti-histamínicos: Inibem o efeito da histamina liberada após a degranulação dos mastócitos, entre outros. Apresentam um efeito mais rápido e podem ser utilizados uma a duas vezes por dia. Podem ser utilizados em crises de alergia ou como medicação preventiva por meses
- Colírios com corticoesteróides: Inibem a biossíntese dos mediadores (que são responsáveis pelos sintomas da conjuntivite alérgica) interrompendo a comunicação intracelular e impedindo a liberação de interleucinas. São as medicações mais eficazes, com efeito mais rápido, porém podem provocar efeitos colaterais se utilizados por longo período sem a monitorização da pressão intra-ocular pelo oftalmologista ou sem a orientação adequada. Em geral são recomendados por períodos curtos em casos de agudização.
Qualquer um destes medicamentos requer prescrição médica de preferência do especialista alergologista ou oftalmologista.
Caso haja envolvimento da córnea com ceratocone pode ser necessária cirurgia com transplante de córnea. Ceratocone é uma doença degenerativa do olho na qual a córnea se torna mais fina e tem seu formato modificado, assumindo um aspecto cônico, em lugar da forma esférica normal, causando distorção das imagens percebidas, podendo levar a perda da visão.
No caso de conjuntivite papilar gigante recomenda-se a suspensão do uso de lentes de contato por tempo variável ou definitivo e controle do processo inflamatório.
Na ceratoconjuntivite tóxica as drogas que mais causam reação de contato são cloranfenicol e outros antibióticos. Entre os conservantes: cloreto de benzalcônio. Deve se afastar o agente causal e realizar o tratamento local.