Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1979) e Doutorado em Ciências Médi...
iO suor é um liquido produzido pelas glândulas sudoríparas da pele para manter a temperatura do corpo, pois como animais de sangue quente, nossa temperatura deve ficar entre 36 e 42 graus Celsius.
A hiperidrose é a produção excessiva do suor que atrapalha a autoestima e até diminui a vida social da pessoa. A sudorese excessiva pode ocorrer nas axilas, deixando a roupa manchada e com cheiro mais forte, ou pode acontecer nos pés ou nas mãos. Neste último caso, as mãos ficam constantemente molhadas, dificultando a realização de determinados tipos de trabalho, como escrever, digitar etc.
A hiperidrose pode ocorrer como consequência do hipertireoidismo, de distúrbios psiquiátricos, de menopausa ou da obesidade. O inicio dos sintomas pode ocorrer na infância, na adolescência ou somente na idade adulta, por razões desconhecidas. Eventualmente, podemos encontrar histórico familiar. Mas em geral, não há doenças associadas à hiperidrose, e ela está ligada a uma tendência pessoal ou a uma situação de estresse com muita ansiedade.
Pacientes com hiperidrose devem ser sempre investigados quanto as suas causas. Ocasionalmente, uma doença sistêmica pode ser a responsável pelo surgimento desta afecção, e por meio de exames cuidadosos, a causa poderá ser conhecida, facilitando assim o tratamento. Uma vez descobertas às causas da hiperidrose, sejam elas sistêmicas ou locais, as opções de tratamento dependerão da severidade e do local do problema, bem como de seu impacto nas atividades diárias do paciente.
Desodorantes e antiperspirantes
O tratamento da hiperidrose passa pela utilização de desodorantes e antiperspirantes. Desodorante é o nome genérico do produto utilizado para evitar o cheiro forte do suor. O desodorante especificamente não interfere na quantidade de suor, mas sim no odor. Eles são formulados a base de agentes bactericidas ou bacteriostáticos, que impedem o crescimento das bactérias e, portanto, diminui e o cheiro do suor. Desodorantes antiperspirantes ou antitranspirantes são formulações utilizadas no local (pele) para diminuir a produção de suor. Por definição um produto antiperspirante é designado como um produto que inibe a produção da glândula sudorípara no local. Diminuindo o suor no local, o antiperspirante também inibe o mau odor, pois havendo menos suor também haverá menos odor. Para um produto ser chamado de antiperspirante ele precisa diminuir mais que 20% da produção de suor da glândula sudorípara.
Os desodorantes são considerados cosméticos porque diminuem o odor, mas não interferem na fisiologia da pele, enquanto os antiperspirantes, nos Estados Unidos, são considerados remédios, pois interferem numa qualidade funcional da pele. Exemplos de substâncias usadas nos desodorantes: triclosan, sais de zinco, inibidores enzimáticos, chitosan, entre outros.
O uso regular de sabonetes desodorantes ajuda a reduzir a contagem bacteriana e a diminuir, também, o odor fétido, Para a maioria das pessoas essas ações higiênicas são suficientes.
A hiperidrose axilar pode responder a antiperspirantes potentes, como os sais de alumínio ou zinco, por oclusão dos dutos sudoríparos. Já os desodorantes contêm perfumes e agentes antibacterianos no intuito de mascarar odores considerados desagradáveis.
O cloreto de alumínio a 20% é ainda o agente mais efetivo e amplamente utilizado para o controle da forma localizada da hiperidrose. Embora seu mecanismo de ação não esteja bem esclarecido, o cloreto de alumínio pode diminuir a sudorese por obstrução mecânica dos poros das glândulas sudoríparas écrinas. É observada também uma atrofia das células secretórias nas glândulas sudoríparas écrinas, contribuindo para a diminuição da sudorese.
O cloreto de alumínio a 20% em álcool absoluto é mais efetivo que os desodorantes comerciais, mas pode ser muito irritantes para a região axilar. Tal propriedade irritativa pode ser minimizada com a ajuda de um secador de cabelos, utilizando-o antes e imediatamente após a aplicação do produto na região axilar. Se a simples aplicação de cloreto de alumino a 20% for insuficiente, a oclusão com plástico durante duas ou três noites por semana é aconselhável. Outra opção eficaz e segura para o tratamento da hiperidrose axilar é a iontoforese.
Outras formas de tratamento
Um tratamento chamado iontoforese também pode ser usado para tratamento da hiperidrose. Ele consiste na passagem de corrente galvânica através da pele. O potencial de um tratamento sistêmico por esta técnica está sendo redescoberto e mostrando-se cada vez mais eficiente com o uso de drogas iônicas. A técnica consiste em gerar um gradiente elétrico potente que facilite o movimento de íons solúveis através da membrana.
Outra opção de tratamento para hiperidrose é o uso da toxina botulínica que é uma substância derivada de uma bactéria, que é utilizada como medicação em vários tipos de doenças e até para fins estéticos. Essa toxina bloqueia a ação da acetilcolina, que é necessária para a sudorese. Ela é aplicada com agulha ponto a ponto, em toda região das mãos e dos pés, e se for o caso, nas axilas. Com o bloqueio da acetilcolina há uma suspensão de cerca de 80% da sudorese nos locais onde a toxina é aplicada, sem causar nenhum efeito colateral, uma vez que a pessoa continua suando no restante do corpo. Na realidade, o tratamento inibe o excesso de suor que prejudica a pessoa e tem duração de em média de oito meses.
A hiperidrose axilar pode ser tratada por cirurgia, onde as glândulas sudoríparas locais são retiradas por curetagem. Também há técnicas de radiofrequência que preconizam destruir a glândula pelo calor local. São feitas de 4 a 6 sessões semanais ou quinzenais. As sessões duram cerca de 15 minutos e liberam muito calor no local.