Formado pela Faculdade de Medicina do ABC. Especializou-se em pediatria na Unifesp/EPM, obtendo em seguida título pela S...
iHá muito tempo as opiniões se dividem quando o assunto é permitir ou não o andador para os bebês. Eu sempre desaconselho os pais quanto ao uso dos andadores, pois a criança tem que aprender a andar do modo natural: cair + levantar = conseguir.
Ao contrário do que pensam muitos pais, os andadores têm muitos riscos e atrasam o desenvolvimento motor do bebê. O equilíbrio também precisa ser treinado e, se a criança está "protegida" por um aparelho, isso não vai ocorrer. Da mesma forma a coordenação motora.
Este equipamento é inútil para o desenvolvimento da marcha de bebês e seu uso pode causar acidentes e lesões com gravidades variáveis, traumatismos cranianos (em diversos níveis) e, em alguns casos, pode até levar ao óbito. A euforia das crianças em se locomover "sozinhas" pode levá-las ao encontro de objetos ou obstáculos pela casa, como degraus, sapatos ou brinquedos que fazem com que o andador vire.
Nesta fase, o corpo é bem frágil e o mais leve tombo pode ter grandes consequências. Ao cair, a cabeça do bebê será a primeira parte do corpo a se chocar contra o chão, podendo causar lesões leves ou graves.
Muitos pais ainda preferem o andador pensando que os bebês terão mais independência e liberdade. Na realidade essa é uma situação de comodismo - por parte dos pais -, e perigosa para o bebê, que às vezes fica muito tempo sozinho.
Há que se pensar ainda que o andador causa problemas nas articulações, pois o bebê ainda não possui estrutura e domínio da posição vertical.
Eu sempre digo que as crianças fazem rapidamente o que o primata demorou muito a aprender, que é passar da posição de quatro para a posição ereta, nada mais que a evolução natural do ser humano sem apoios no meio do caminho. Essa "evolução natural" pode ser incentivada pelos pais, por sua vez, através de brinquedos adequados e supervisão.
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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também é contrária ao uso dos andadores infantis. A SBP divulgou, em 2012, que 850 crianças entre 7 e 15 meses tiveram atendimento médico emergencial por acidentes causados em andadores, sendo que 60% tiveram lesões na cabeça.