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A gordura trans é um tipo de gordura (ácido graxo) que difere em sua ligação química de outros ácidos graxos insaturados. Ela contém ácidos graxos na configuração trans, por um tipo de processo de hidrogenação, que ocorre naturalmente, produzidos a partir da fermentação de bactérias em animais ruminantes, ou artificialmente, pela indústria alimentícia.
Os alimentos de origem animal, derivados de animais ruminantes, como o leite e a carne, possuem gorduras trans, mas em quantidades insignificantes. Hoje, o maior consumo está relacionado aos alimentos industrializados, onde a gordura trans também pode ser reconhecida como gordura hidrogenada.
Um óleo encontrado na natureza, por exemplo, possui os átomos distribuídos em posição paralela. No entanto, quando é submetido ao tratamento industrial de hidrogenação, a estrutura química do óleo é modificada, fazendo com que os ácidos graxos fiquem com os átomos em alinhamento transversal - que constituem parte da confecção da gordura trans.
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Malefícios da gordura trans
A gordura trans não é essencial para o organismo, e não oferece nenhum tipo de benefício à saúde. Por isso, não há recomendação de consumo ou valor máximo tolerado. Ao contrário, esse tipo de gordura tem como principal efeito metabólico alterações que prejudicam a saúde. São elas:
Reduz o colesterol bom e aumenta o ruim: A gordura trans aumenta o LDL-c, colesterol ruim, devido à supressão das atividades de seu receptor no fígado. Isto faz com que o LDL-c continue circulando no organismo, acumulando no plasma e elevando o risco de doença arterial coronariana pelo depósito do colesterol na parede do vaso sanguíneo. Estudos científicos citam que após os 20 anos de idade, o receptor de LDL-c já diminui sua eficiência, assim como em mulheres no período pós-menopausa.
O colesterol HDL, conhecido como o bom colesterol porque auxilia na remoção das moléculas de colesterol dos vasos sanguíneos, o que evita seu acúmulo progressivo e consequente processo de aterogênese (formação de placa de ateroma), é reduzido com a ingestão da gordura trans.
Maior risco de AVC e infarto: As chances da pessoa sofrer um acidente vascular cerebral aumentam com maior ingestão de gorduras trans. Isto ocorre devido ao acúmulo de colesterol nos vasos sanguíneos, que culmina com todo um processo inflamatório, a aterogênese, que forma a placa de ateroma.
A presença da placa de ateroma aumenta o risco de infarto e AVC, pois pode se deslocar nos vasos sanguíneos, diminuindo ou bloqueando o fluxo sanguíneo para importantes órgãos do corpo, como o coração, ocasionando o infarto, ou cérebro, causando o AVC.
Prejudicial para gestantes e lactantes: Alguns estudos científicos sugerem que a gordura trans é transportada através da placenta, sendo transferida da mãe para o feto. E o efeito é dose-resposta, ou seja, quanto maior o consumo de alimentos ricos em gorduras trans na gestação, maior o risco de transferir a gordura trans ao bebê.
A literatura científica também sugere que a gordura trans pode afetar o crescimento intrauterino do bebê, por inibição da biossíntese dos ácidos graxos poli-insaturados araquidônico e docohexaenóico, essenciais no processo de crescimento fetal.
Mães que amamentam também tem esse risco aumentado, visto que há alguns estudos que relatam a transferência da gordura trans pelo leite materno. Por isso, é muito importante um acompanhamento nutricional e uma alimentação totalmente equilibrada e saudável ao longo da gestação e período de amamentação.
Alimentos ricos em gorduras trans
As gorduras trans podem ser encontradas em diversos alimentos. Elas são adicionadas com o intuito de prolongar a duração (vida útil) dos produtos e melhorar a consistência e a aparência.
Alguns exemplos de alimentos que possuem a gordura trans são: margarinas sólidas ou cremosas, recheios de biscoitos, salgadinhos de pacote e congelados, como salgadinhos de festa, ou pizza congelada, pastéis, macarrão instantâneo, sopas e cremes em pó, coberturas, sorvetes, pães, alimentos pré-assados ou fritos, bolos, tortas, pipoca de micro-ondas, glacê pronto para consumo, dentre outros alimentos industrializados.
Como evitar a gordura trans
Uma dica para evitar as gorduras trans é comprar os produtos frescos e realizar a preparação e o processo de congelamento, se necessário, em casa.
A verificação do rótulo do produto é fundamental para escolher aqueles com menor conteúdo de gordura trans. O consumidor deve estar atento à lista de ingredientes, a nomes como "gordura hidrogenada" e "gordura parcialmente hidrogenada". Também, atenção ao produto cujo fabricante admite no rótulo que "não contém gordura trans". Como forma de compensar, alguns produtos não possuem a gordura trans, mas possuem a gordura saturada em maior quantidade. Apesar dessa ser melhor assimilada pelo organismo, deve-se optar pelos alimentos fonte de gorduras insaturadas, com benefícios à saúde já comprovados cientificamente, como o azeite de oliva extra virgem e óleo de canola, por exemplo.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina listou 23 ingredientes que podem conter a gordura trans. Confira:
Saiba mais: Consumo de gordura trans pode trazer problemas de memória, mostra estudo
- Gordura de soja parcialmente hidrogenada
- Gordura hidrogenada
- Gordura hidrogenada de soja
- Gordura parcialmente hidrogenada
- Gordura parcialmente hidrogenada e/ou interesterificada
- Gordura vegetal hidrogenada
- Gordura vegetal parcialmente hidrogenada
- Hidrogenada
- Margarina vegetal hidrogenada
- Óleo de milho hidrogenado
- Óleo vegetal de algodão, soja e palma hidrogenado
- Óleo vegetal hidrogenado
- Óleo vegetal líquido e hidrogenado
- Óleo vegetal parcialmente hidrogenado
- Creme vegetal
- Composto lácteo com gordura vegetal (2º ingrediente gordura vegetal)
- Gordura
- Gordura vegetal
- Gordura vegetal de girassol
- Gordura vegetal de soja
- Margarina
- Margarina vegetal
- Mistura láctea para bebidas (3º ingrediente gordura vegetal).
Quantidade recomendada
Não há recomendação de ingestão diária de gordura trans. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que o consumo máximo desse tipo de gordura deve ser menor do que 2 gramas por dia. Segundo a OMS, um consumo de 5 gramas de gordura trans por dia aumenta em 23% o risco de doenças coronarianas.
Seu corpo pode dar sinais de que você está abusando das gorduras trans. Seus marcadores bioquímicos cardiovasculares podem estar alterados, como o perfil lipídico. Por isso, é primordial um acompanhamento regular e realização de exames periódicos. E claro, evitar ao máximo a ingestão de alimentos que contam com a gordura trans.
Fontes consultadas:
Nutrólogo Durval Ribas, presidentes da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Nutricionista Patrícia Carvalho de Jesus, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense.