Médica dermatologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Integra o corpo clínico d...
iA queda de cabelo é uma queixa bastante frequente entre as mulheres. Como já discutimos em outro artigo, muitas vezes essa queixa é mais uma impressão que o paciente tem do que realmente uma queda aumentada que signifique uma doença ou outra condição preocupante.
No entanto, existem situações em que a perda de cabelos realmente se encontra elevada, uma condição denominada eflúvio. Conforme o tipo de cabelo perdido durante essa queda elevada, isso pode significar um tipo de quadro ou outro. Por exemplo, durante a quimioterapia, temos uma queda dos cabelos que estão em fase de crescimento. Já durante a amamentação e distúrbios da tireoide, temos uma queda dos cabelos que estão prontos para serem substituídos. É por isso que na primeira situação os pacientes chegam a ficar com falhas no couro cabeludo e na segunda isso não ocorre.
Outra situação que deve ser distinguida são doenças que cursam com diminuição dos fios, não necessariamente queda. Nesses casos, ocorre uma miniaturização do fios, ou seja, ele não cai, apenas se torna imperceptível.
É o caso da alopecia areata ou em clareira que ocorre com buracos sem cabelos na cabeça. Já a alopecia androgenética ou calvície tem um padrão de perda de cabelos com entradas ou com diminuição no topo da cabeça. É mais frequente em homens, mas algumas mulheres podem ter e apresentam cabelos muito finos e visualização do couro cabeludo.
Uso de shampoos no tratamento desses problemas
Em todas essas situações, o tratamento deve ser focado na doença de base, no caso dos eflúvios e medicações específicas por via oral e tópicas na calvície. É válido o uso dos shampoos com ativos que auxiliam no tratamento dessas doenças.
A maior parte dos shampoos anti-quedas existentes no mercado têm em sua formulação fitoterápicos que agem impedindo a ligação da forma ativa da testosterona nos fios, ou seja, de forma a impedir a miniaturização dos mesmos, o que pode ser útil na calvície. Além disso, muitos contêm antioxidantes, como a vitamina E, vitamina C, zinco e L-carnitina e vitaminas do complexo B, em geral.
Há shampoos que contêm substâncias como o aminexil, um derivado do minoxidil, utilizado para o tratamento da alopecia androgenética e também da alopecia areata. Esses shampoos podem ser usados para estimular o crescimento de novos fios em outras formas de quedas de cabelos também, como os eflúvios.
A serenoa repens é um fitoterápico que inibe a conversão da testosterona existente em uma forma hormonal que está relacionada à queda de cabelo. Seria uma versão ?natural? da finasterida, mas usada de forma tópica em shampoos e loções. Existem produtos industrializados com essa substância e ainda não se sabe realmente qual o impacto do uso deste produto no desenvolvimento desta doença, pois mais estudos se fazem necessários. O fabricante recomenda o uso também para os eflúvios. Uma planta chamada ruscus está presente em algumas formulações e age de forma semelhante à descrita.
Outro tipo de substância que pode ser utilizada em shampoos para queda de cabelos é a L-carnitina, porém seu mecanismo de ação ainda requer muitos estudos que comprovem a sua eficácia verdadeira. Trata-se de um antioxidante proteico, derivado de aminoácidos, que tem uma função fundamental para garantir energia para as células. Existe uma tentativa de utilizá-la em formulações com shampoos no eflúvio telógeno. A vitamina E ou tocoferol consta na bula de alguns shampoos e também atua como antioxidante, de forma muito parecida com a ação da L-carnitina.
Concluímos que os shampoos podem sim ajudar no tratamento de uma doença dos cabelos, mas existem muitas opções no mercado e é interessante que um dermatologista esteja acompanhando você para orientar o melhor tratamento para aquele problema, que muitas vezes pode ser mais sério e precisar de uma investigação clínica ou um tratamento com medicação oral. Afinal, como não há uma só causa para os cabelos caírem, também existem inúmeros tratamentos para isso!