Cirurgião-geral pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pela Universidade de São Paulo (USP). É...
iApesar de atualmente mais estabilizado, o número de crianças e adolescentes obesos em nosso país cresceu em progressão geométrica, chegando a triplicar sua incidência na faixa etária dos 9 aos 19 anos, segundo dados do IBGE pesquisados entre 1989 e 2009. As complicações da obesidade nos adolescentes são parecidas com as dos adultos e vem também aumentando seus números, não sendo mais tão raro encontrar nesta faixa etária diabetes tipo 2 (DT2), hipertensão arterial e doenças do colesterol e triglicérides.
Um estudo realizado no departamento de Pediatria da Universidade de Cincinatti nos EUA, mostrou num seguimento de 7 anos de adolescentes com o IMC superior a 50 kg/m2, mesmo em acompanhamento médico, comportamental e nutricional que a maioria deles aumentou seu IMC para 57 kg/m2. Algumas importantes publicações internacionais demonstraram que um adolescente obeso pode aumentar a chance de ser adulto com 3 vezes mais chances de diabetes tipo 2, cinco vezes de doença coronariana, 3,5 vezes de doença renal terminal e 4,4 vezes de ter alguma limitação futura de deambulação. Assustador.
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A cirurgia bariátrica é uma boa solução em qualquer idade, também para os adolescentes se o tratamento clinico com mudança de estilo de vida falhar. O número de intervenções cirúrgicas dentre os adolescentes tem aumentado. O Ministério da Saúde em sua última portaria que trata da indicação cirúrgica na obesidade abaixou a idade mínima para 16 anos. Porém, abaixo dessa idade, se houver indicação, deve ser amplamente discutido pela equipe multidisciplinar que atende o paciente e deve contar com pediatra, endocrinologista, psiquiatra e psicólogo(a) e cirurgião. Deve existir ampla integração desta equipe com o adolescente e sua família, além da total compreensão destes sobre os benefícios da cirurgia e o comprometimento com a mudança de estilo de vida. Esse comprometimento de ambos ?lados" é determinante para o sucesso do tratamento.
Existem publicações nacionais e internacionais que mostram que não há interferência das operações sobre o crescimento ou qualquer outra para os adolescentes. Estudos comprovaram controle das doenças associadas e inclusive reinclusão social após o emagrecimento e melhora cognitiva dos pacientes operados.
Finalmente, há dados suficientes para uma forte opinião em um editorial publicado há alguns anos em uma importante revista médica norte americana em Pediatria: Quando indicada, se a cirurgia bariátrica em adolescentes for retardada ou não realizada abre portas para consequências graves e irreparáveis.
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