Redatora especializada em saúde, bem-estar, alimentação e família.
A ultrassonografia morfológica fetal de terceiro trimestre é aquela feita entre o início da 28ª semana até o final da 32ª semana de gravidez. É um exame que consiste em fazer uma avaliação das estruturas de cada segmento do feto (cabeça, pescoço, coluna vertebral, tórax, abdômen, genitália externa e extremidades) e do liquido amniótico, cordão umbilical e placenta, com auxilio do Doppler colorido. Associado à avaliação bidimensional realiza-se a avaliação tridimensional do feto, com ênfase nos detalhes da face fetal.
O Doppler colorido é um recurso utilizado para medir o fluxo sanguíneo em determinados vasos maternos e/ou fetais. Na ultrassonografia de terceiro trimestre, é feita a análise das artérias uterinas, da artéria umbilical e da artéria cerebral média.
O principal objetivo da ultrassonografia morfológica do terceiro trimestre é investigar a presença de malformações fetais, reavaliando os órgãos e sistemas que foram observados no morfológico do segundo trimestre, com ênfase na avaliação do desenvolvimento musculoesquelético, cardíaco e da face fetal.
Indicações
A ultrassonografia morfológica de terceiro trimestre não é um exame pré-natal obrigatório. Entretanto, a maioria das gestantes realiza o teste conforme orientação médica.
No terceiro trimestre de gravidez, a ultrassonografia pode ser feita para:
- Monitorar o crescimento e posição do feto
- Avaliar a concordância de peso entre os fetos de gravidez múltipla (gêmeos)
- Olhar a placenta para verificar problemas, tais como placenta prévia, maturidade e possibilidade de descolamento da placenta
- Revisar as estruturas fetais, em especial aquelas que têm maior predisposição ao aparecimento de malformações de início tardio, como cérebro, trato digestivo, trato urinário e posicionamento dos pés
- Monitorar os níveis de líquido amniótico
- Determinar se o feto está recebendo oxigênio suficiente
- Diagnosticar problemas com os ovários ou útero, tais como tumores da gravidez
- Medir o comprimento do colo do útero
- Confirmar um possível sofrimento fetal e risco de morte intrauterina.
Mulheres com histórico de patologias prévias, como feto que apresentou alguma alteração em gravidez anterior, tem maior indicação para o USG de terceiro trimestre.
Saiba mais: Diabetes tipo 1 na gravidez pede cuidados redobrados
Contraindicações
A realização do USG morfológico com Doppler não possui qualquer contraindicação. A ultrassonografia é um exame não invasivo que faz parte da rotina do pré-natal, não oferecendo qualquer risco para a paciente e para o bebê.
Preparo para o exame
Não há nenhum cuidado especial para a realização do exame. Há uma proteção das vestimentas da paciente para não sujar com o gel de contato, e o ideal é que ela esteja alimentada para apresentar maior movimentação fetal.
Como é feito
Inicialmente, ele é bem semelhante às outras ultrassonografias realizadas durante a gravidez. Chegando ao laboratório, a paciente é orientada a se deitar com a barriga virada para cima e o dorso elevado (aproximadamente 45 graus). O médico então vai espalhar um gel transparente, à base de água, na barriga e pelve da gestante. Esse gel serve para facilitar a transmissão das ondas sonoras.
É utilizada uma sonda de mão sobre a barriga e pelve da paciente, que irá captar as ondas sonoras e criar as imagens na máquina de ultrassom. O dispositivo de ultrassom capta as ondas sonoras que são emitidas por todas as partes do útero, incluindo movimentos do bebê. Esses ecos são transformados em imagem e exibidos em um monitor, permitindo ao médico analisar todas as características do feto, além do útero, ovários e colo do útero.
As imagens da ultrassonografia mostram o bebê se movimentando, além de ser possível ouvir seus batimentos cardíacos. No exame de terceiro trimestre também pode ser usada a tecnologia 3D ou 4D para analisar o feto.
Saiba mais: Sinais de trabalho de parto envolvem contrações e rompimento da bolsa
A tecnologia 3D faz uma construção estática do feto em profundidade. Isso permite uma melhor avaliação da face fetal, como características individuais, feições e expressões. No feto que já tem alguma patologia diagnosticada, o teste em 3D permite ao médico explicar melhor ao casal quais as implicações dessa patologia.
A avaliação com tecnologia 4D mostra uma imagem do bebê tridimensional em movimento. É possível ver o bebê abrindo a boca, colocando a língua pra fora, piscando, etc. A ultrassonografia em 4D permite uma maior aproximação maior entre mãe/pai e o bebê.
Tempo de duração do exame
A ultrassonografia morfológica de terceiro trimestre tem um tempo máximo de duração de até 1 hora, dependendo do grau de dificuldade do exame. A duração da ultrassonografia morfológica é sempre influenciada por vários fatores, como a posição fetal, quantidade de líquido amniótico e posição da placenta.
Recomendações pós-exame
Não há nenhuma recomendação especial após a ultrassonografia morfológica de terceiro trimestre. A gestante pode retomar suas atividades normalmente.
Periodicidade do exame
A ultrassonografia de terceiro trimestre é feita via de regra uma vez durante a gravidez.
Riscos
Por se tratar de um exame não invasivo, a ultrassonografia morfológica de terceiro trimestre não prejudica a mãe ou o bebê de nenhuma forma.
Resultados
Após a realização do exame ultrassonográfico de terceiro trimestre, as informações obtidas são interpretadas e é emitido um laudo por escrito, acompanhado de documentação fotográfica das imagens obtidas. No laudo são descritos todos os achados no USG, como:
- Informações sobre as estruturas fetais analisadas
- Biometria
- Peso fetal
- Valores do Doppler
- Idade gestacional
- Presença ou não de anomalias estruturais
- Crescimento fetal.
O resultado pode ser entregue após 48 horas da realização do exame. No entanto, em alguns casos a gestante pode ter acesso aos resultados em 30 minutos.
Resultados normais
As informações coletadas na ultrassonografia de terceiro trimestre são interpretadas de acordo com valores de referência específicos para gestações de feto único. Outros perfis serão avaliados caso a caso, visto que as curvas de referência não se adequam a todas as populações.
Saiba mais: Amamentação mais tranquila
Em relação às estruturas analisadas, os resultados normais indicarão a ausência de malformações.
Resultados anormais
Um resultado alterado é a presença de malformação fetal (desvio da normalidade da anatomia do feto). Em caso de resultados anormais, a paciente e o seu médico ficam cientes do resultado e discutem qual a melhor conduta - se precisarão ser feitos exames mais específicos e qual o acompanhamento necessário. Os próximos passos vão depender do achado do exame.
Referências
Enoch Quinderé de Sá Barreto, ginecologista e obstetra, médico assistente do Serviço de Medicina Fetal do Fleury Medicina e Saúde - CRM/SP 111920.