O Prof. Luciano Imoto é o instrutor-chefe e técnico de defesa pessoal e aptidão física para homens e mulheres na Academi...
iTalvez o sexo seja a nossa única atividade totalmente espontânea e livre, um talento que a natureza nos concedeu em troca de nossa perpetuação como espécie. Visto desta maneira, reproduzir é o final de um contrato em que nos comprometemos a preservar e dar continuidade à humanidade, doando nossa essência como pagamento e deixando descendentes para nos substituir e continuar o ciclo. Porém, a maior parte das pessoas se tornou cativa deste comportamento instintivo.
Este é um preço alto de acordo com os sábios da Índia e da China, pois é encarado como desperdício de vitalidade. Explicando porque essas duas culturas antiguíssimas tenham desenvolvido toda uma ciência e um culto ao redor da sexualidade e das práticas eróticas.
O problema que os chineses e indianos detectaram no processo natural de geração, seguida de decadência e morte dos progenitores, era o enfraquecimento da saúde dos casais ao longo dos anos em que procriavam e ficavam envolvidos com o sustento e a educação dos filhos. E para corrigir isso, nada mais lógico do que controlar a natalidade e aperfeiçoar os exercícios especiais em que a energia vital não abandonasse o interior do praticante
no decorrer do orgasmo, obviamente sem abrir mão do êxtase e das sensações benéficas do ato sexual. O ideal de prolongar o orgasmo e manter uma vida sexual ativa até a idade avançada recebeu atenção especial destes povos.
Na Índia, o Tantra que normalmente é confundido com o Kama Sutra, prescreve a contenção da ejaculação (por parte do homem) e da fecundação (no caso das mulheres). O fato de usar as posturas e a etiqueta sexual registradas no Kama Sutra, acabou por gerar um novo tipo de metodologia chamado de Tantra Yoga, ou tantrismo. Enquanto os indianos faziam do Tantra uma arte refinada e esotérica, na China este conhecimento estava sendo desenvolvido como um tipo de Kung Fu interior, com a finalidade única de perpetuar a sobrevida do indivíduo, buscando alcançar o máximo de longevidade possível ao evitar a perda da energia vital através do sêmen e do óvulo fecundado.
Em ambos os casos, o orgasmo não era proibido e sempre foi incentivado para encerrar as séries de técnicas sexuais, sozinho e em duplas, em vista do seu poder curativo e restaurador. A opção pelo estilo celibatário e a abstinência sexual jamais eram mencionados e só foram adotados por monges e ascetas sob a influência de algum dogma religioso ou tabu da época. Mas qual o papel de apoio das artes marciais neste assunto tão popular, mas de difícil acesso ao público?
Além de injetar o elemento da virilidade e do vigor requerido na autodefesa, as artes marciais internas como o Aikido, conforme preconizado em nossa escola, empregam exercícios físicos que contraem a musculatura ao redor do períneo, fortalecem a coluna e regulam o sistema nervoso desenvolvendo a sensibilidade sensorial indispensável para se atingir os picos do orgasmo e usufruir de todo o seu poder regenerador, ao mesmo tempo em que a disciplina envolvida no seu aprendizado serve também para aumentar o autocontrole do praticante, passível de ser transferida para qualquer área ou atividade humana com os mesmos resultados alcançados no combate. É neste ponto que as artes marciais e as artes sexuais se encontram e se coincidem!
O princípio Aiki é uma lei fundamental e intrínseca presente em todas as artes suaves. Consiste basicamente em criar uma situação na qual a força bruta é irrelevante e até desfavorável a quem a usa. Por enfatizar mais o aspecto interno e abordar táticas psicológicas o Princípio Aiki não passou despercebido pelos que buscavam a imortalidade. Assim, o Aiki ganhou a preferência dos praticantes avançados do Tantra indiano e do Chi kung sexual dos chineses, uma vez que a economia de energia era essencial e literalmente uma questão de vida ou morte. Muitos iogues e líderes destas comunidades também eram notórios guerreiros e mestres das armas.
É sabido que o desgaste ocasionado pela atividade sexual reduz a agressividade e exige um certo período de repouso para recuperar o ritmo cardio-pulmonar. Isso explica porque os boxeadores salvaguardam sua resistência evitando o sexo nas vésperas de uma luta.
Muhammad Ali chegava ao extremo de ficar recluso em concentração durante 4
meses, isolado em uma casa de campo, dedicando toda a sua atenção em derrotar o pugilista escolhido para enfrentar. Muitos atletas também têm consciência deste fenômeno que, se ignorado, comprometeria toda uma carreira esportiva e profissional. O calor interno que o acúmulo de hormônios e secreções produz no corpo, amplia sua força muscular e imunológica, mantendo o estado de alerta no topo de sua performance, servindo como combustão extra de energia sem necessidade de esgotar seu próprio suprimento.
Estes efeitos de sublimação do sexo ajudam na evolução de habilidades tanto físicas quanto intelectuais, clareando os pensamentos e aumentando o foco e o discernimento na atividade que estiver sendo executada. E, mais uma vez, a prática séria de uma arte marcial como o Aikido Imoto ajuda a evitar os excessos, transformando os reflexos instintivos em capacidades defensivas que servem como balança para avaliar o grau de lucidez e domínio psicológico do praticante. Neste ponto, o Princípio Aiki foi o ingrediente perfeito para ser combinado com o Tantra e o Chi Kung e evitar os possíveis desequilíbrios energéticos da prática unilateral que tortura o corpo.
Logo, quando se combina o Aiki marcial com o Aiki sexual, temos então o elixir da longa vida e passamos a administrar com sabedoria a energia que recebemos de nossos pais e antepassados.
Quando a maestria do Princípio Aiki se consolida mediante treino especializado, uma vida abundante e sem conflito interior é atingida. Raros foram os grandes mestres que morreram antes dos 80 anos. Atualmente na Índia, na China e no Japão existem praticantes do Chi kung sexual e das artes marciais que já ultrapassaram os 90 anos, em excelente condição física. Aqui, cabe salientar que a recompensa pela boa gerência da sua energia sexual além de uma vida longa, produtiva e prazerosa é a dignidade na velhice. Dignidade esta reservada somente para aqueles que, por mérito pessoal, compreenderam seus instintos e buscaram a moderação em tudo. Para encerrar, a máxima de um grande filósofo grego indica o melhor de todos os procedimentos nesta matéria: A virtude está no meio.
Você segue algum ensinamento oriental para melhorar a qualidade de vida?