Redatora especialista em temas relacionados com bem-estar, família e comportamento.
Uma grande preocupação da maioria dos homens está relacionada ao seu desempenho no sexo, principalmente com relação problemas de ereção. No entanto, poucos homens tiram dúvidas sobre a disfunção erétil, o que é um perigoso, já que em homens mais velhos, esse tipo de problema pode indicar outras questões sérias de saúde.
Para combater isso, a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e fundadora e Coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da mesma instituição, tirou as dúvidas de nossos leitores sobre disfunção erétil em um chat no dia 6 de agosto.
Vanderlei: Qual a diferença entre disfunção erétil e impotência?
Dra. Carmita Abdo: Disfunção erétil é o mesmo que a impotência, entretanto, disfunção erétil é um nome mais apropriado, enquanto impotência é uma palavra muito estigmatizante e não representa o que está ocorrendo de fato. Um homem que tem falha de ereção não pode ser considerado sexualmente impotente, pois ele mantém desejo e todas as outras características que validam a sua masculinidade.
José: O efeito do remédio genérico do Cialis é tão confiável quanto?
Dra. Carmita Abdo: Sim, existe genérico do Cialis e é tão confiável quanto ele, a substância ativa é a mesma, a tadalafila. Consulte seu médico para mais detalhes e saber qual o medicamento indicado para o seu caso.
Juliana: Qual medicamento para disfunção erétil tem maior duração?
Dra. Carmita Abdo: O medicamento para ereção que tem maior tempo de duração é a tadalafila, que em 20 mg pode durar até 36 horas. É importante saber que o homem não ficará ereto as 36 horas, mas terá possibilidade de ter ereção quando estimulado sexualmente neste período. O uso de qualquer medicamento para ereção deve ser orientado pelo médico que junto com o paciente vai decidir qual, dentre eles, é o mais indicado para cada caso.
Mauricéa: A partir de que idade pode ocorrer a disfunção?
Dra. Carmita Abdo: A disfunção erétil pode ocorrer desde o início da vida sexual e nesses casos geralmente resulta de insegurança, ansiedade, estresse, etc? Por outro lado não se considera disfunção erétil falhas eventuais no início da vida sexual quando o homem ainda não tem experiência suficiente para um desempenho satisfatório. Com o tempo ele adquire experiência e essas falhas tendem a serem superadas. Com o envelhecimento as falhas de ereção costumam se tornar mais frequentes, embora elas não sejam representativas da idade, mas das doenças que a idade acarreta. Portanto um homem idoso saudável pode ter função erétil preservada.
Jorge: Ficar sem sexo por mais de quatro anos pode ser prejudicial a saúde?
Dra. Carmita Abdo: Se a pessoa não faz sexo porque não sentiu necessidade, isso não a incomoda e então não prejudica. Entretanto, ficar sem sexo por falta de oportunidade pode gerar tensão, ansiedade, depressão e comprometer várias funções do organismo. O sexo satisfatório é um dos pilares da qualidade de vida segundo a Organização Mundial de Saúde.
Márcia: Quais os principais problemas que dificultam a ereção mesmo quando o homem deseja muito a sua parceira?
Dra. Carmita Abdo: Mesmo quando a libido está preservada o homem pode apresentar falhas de ereção, as quais podem resultar até de uma superexcitação diante da parceira. Se ele não estiver confortável ou imaginando que ela é mais experiente ou mais interessante do que ele mereceria, isso pode inibi-lo. Por outro lado, uma parceira muito interessante não consegue provocar ereção em homens que tenham problemas de saúde que estejam causando a disfunção erétil.
Francisco: Posso fazer uso por três dias consecutivos de um medicamento para disfunção erétil? Quais os prós e contra?
Dra. Carmita Abdo: Esses medicamentos devem ser usados uma vez ao dia, não há problema em usar três dias consecutivos dada a segurança dos mesmos. Entretanto, é recomendável uma consulta médica antes do início do uso. Essa consulta tem a vantagem de elucidar a causa da sua falha de ereção e tratar não só os sintomas, mas o que está provocando esse sintoma.
Augusto: O estimulante poderá viciar e com o decorrer do tempo e não fazer mais o efeito esperado?
Dra. Carmita Abdo: Augusto, você deve estar chamando de estimulante o medicamento para ereção, certo? Se for o caso, informo que esses medicamentos não causam dependência física, por outro lado, se o jovem inicia sua vida sexual usando de rotina esse tipo de medicamento, pode desenvolver uma dependência psicológica e não conseguir ter ereção sem o medicamento porque se sente inseguro e incompetente mesmo tendo saúde física suficiente para uma ereção satisfatória.
Filipe: Tenho 32 anos e estou na obesidade grau 2, tenho grandes risco de ter problemas com disfunção no futuro?
Dra. Carmita Abdo: O importante é você começar a se cuidar a partir de agora, a obesidade pode levar à diabetes, hipertensão, colesterol alto, problemas cardiovasculares, que são as principais causas de falha de ereção. Esses problemas costumam não se manifestar na juventude, mas na idade madura, quando a obesidade se tornou crônica.
Fernando: Operei da próstata e minha ereção diminui, o que faço para melhorar meu desempenho se nunca tomei medicamentos?
Dra. Carmita Abdo: Após a cirurgia da próstata a ereção pode ficar prejudicada temporariamente. O uso de medicamentos que facilitam a ereção pode ajudar em muitos casos. Consulte o seu médico para saber se você pode ser beneficiar desse uso e como utilizar o medicamento se for o caso.
Luiz: Tenho 60 ano, desenvolvi diabetes e passei e ter disfunção erétil, mas continuo com libido alta. Existe solução?
Dra. Carmita Abdo: A diabetes é uma das causas de falha de ereção, muitos casos de diabetes se beneficiam com o uso de comprimidos que provocam a ereção. Como sua libido está preservada, tudo indica que você pode se beneficiar com esse recurso, em todo caso, se sua diabetes não foi tratada durante muito tempo, e você apresenta lesões dos vasos e nervos em grau mais intenso, outros tipos de tratamento para falha de ereção serão necessários. Consulte seu urologista.
Helder: Será que consumir uma bebida alcoólica às refeições pode contribuir para a disfunção erétil?
Dra. Carmita Abdo: O álcool em quantidades moderadas é um estimulante sexual pois relaxa e desinibe, entretanto quando utilizado de forma exagerada e crônica leva a lesão de vasos e nervos, o que resulta em dificuldade de enchimento do pênis com sangue e consequentemente falha de ereção. Reduzindo o uso do álcool e fazendo uma desintoxicação pode-se resgatar em parte a função erétil!
Antônio: Uma vez você não consegue ereção com uma mulher isso pode ficar gravado na mente como se fosse uma programação?
Dra. Carmita Abdo: Sim, não conseguir uma ereção pode desencadear um processo de falhas sucessivas porque o homem fica ansioso antes, durante e depois do ato sexual, o que aumenta a concentração de adrenalina na circulação, levando à constrição dos vasos e diminuindo o fluxo de sangue para o pênis. O importante é buscar procedimentos que ajudem a relaxar e estar menos estressado no momento do ato sexual. Por exemplo, exercícios físicos, meditação, técnicas de relaxamento e também conversar com a parceira se ela for íntima.
Fabíola: A disfunção erétil pode indicar que o paciente está com depressão?
Dra. Carmita Abdo: A disfunção erétil é universalmente conhecida no meio médico como um "marcador de saúde". Isso significa que quando o homem tem falha persistente de ereção, ele está passando por algum problema de saúde e necessita de uma avaliação física/psicológica. A depressão pode levar à disfunção erétil assim como a disfunção erétil pode causar depressão.