Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco e com especialização em Ginecologia pelo Depar...
iQuando o assunto é gravidez gemelar os cuidados durante o pré-natal também precisam ser redobrados. O motivo que a incidência de complicações durante a gestação múltipla é mais alta do que na taxa de gestação única. Portanto é exigida uma maior atenção obstétrica destes casos. Entre as principais complicações, estão abortamento, crescimento intrauterino retardado, malformações, prematuridade e mortalidade.
Além disso, a assistência pré-natal também requer o conhecimento da classificação. Em outras palavras, se os bebês são dizigóticos (provenientes da fecundação de 2 óvulos por 2 espermatozóides) ou monozigóticos (quando 1 óvulo é fecundado por 1 espermatozóide, ocorrendo a divisão do material embrionário inicial no início da gestação).
Os casos de bebês dizigóticos são cerca de 80%, enquanto os outros 20% correspondem aos monozigóticos.
Dentre os monozigóticos, em relação à placentação, ela pode ser uma placenta (monocoriônica) ou duas placentas (dicoriônica). Assim como podem existir uma ou duas bolsas amnióticas (monoaminiótica ou diamniótica)
Saiba mais: Pré-natal: conheça os exames e quando fazê-los
Como rotina, recomenda-se consultas mensais até a 26ª. semana, quinzenais até a 33ª. semana e pelo menos semanais a partir da 34ª., uma vez que 50% dos gêmeos nascem com prematuridade, antes de 34 semanas.
Parto normal
Uma das principais dúvidas que as mulheres apresentam em relação à gestação de gêmeos é em relação ao parto. O parto gemelar deve ser realizado no máximo (e quando se consegue!) no curso da 38ª. semana nas gestações dicoriônicas (duas placentas independentes) e no curso da 34ª. semana nas monocoriônicas.
O parto vaginal pode ser permitido quando está "de termo" (a partir da 38ª.semana), cujos pesos fetais estejam acima de 1.500gr e com apresentação cefálica (com a cabeça para baixo) de pelo menos o primeiro bebê. Não há nada que a mãe possa fazer para conduzir sua gestação neste sentido.
Nas gestações múltiplas de um modo geral, devido a imprevistos e intercorrências tanto para o lado materno como para o lado fetal, a cesárea eletiva é a melhor indicação como conduta obstétrica.
Cuidados necessários
Considerando a maior incidência de complicações fetais já mencionadas, e das complicações maternas como diabetes, anemia, pré-eclâmpsia e placenta prévia, a gestante de gravidez múltipla, além das consultas dentro da programação adequada, deve evitar excessos em atividades físicas, fazer controle mais frequente de ultrassonografia (mensais nas dicoriônicas e quinzenais nas monocoriônicas) sempre complementadas pela medida do comprimento do colo do útero através da ultrassonografia transvaginal.
O uso de medicamentos para diminuir contrações uterinas, para inibição do trabalho de parto prematuro, sobretudo a progesterona natural mas também antagonistas da ocitocina, em geral encontram boa indicação.
Atentar para o controle mensal de anemia, de eventuais infecções urinárias e da glicemia (prevenção do diabetes gestacional).
Devemos também lembrar que na eventualidade de risco de parto prematuro, está indicado promover a administração de corticoides entre 26/32 semanas para prevenir a síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido.